A primeira aguardente 100% de cacau foi produzida em Linhares pelo empresário André Luiz Scampini
Por Amanda Amaral
A primeira aguardente 100% de cacau do Brasil foi produzida no município de Linhares. A ideia foi do produtor André Luiz Scampini, que inovou com a produção da bebida, chamada de Cacahuatl.
Nesta quarta-feira (19) é comemorado o Dia da Inovação, e buscar soluções inovadoras para se destacar no mercado está entre os diferenciais dos empresários capixabas. André conta que foi desafiador começar uma ideia do zero.
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“Eu tive que criar a receita da aguardente. Cheguei a pesquisar documentação científica, fiz contato com especialistas da Bahia, mas não achei nada sobre o assunto. Então tive que usar minha experiência como destilador amador para fazer a bebida e depois refinar a receita para ficar com as características sensoriais que eu queria. Ser pioneiro é uma alegria e ao mesmo tempo é um desafio, porque você lida com um mercado que nunca viu o seu produto antes, não sabe o que é e ainda existe uma resistência natural”, conta André.
Surpresa para o consumidor
A curiosidade também é algo interessante, uma vez que os consumidores criam expectativas diferentes antes mesmo de provar a Cacahuatl, de acordo com André. Para ele, a associação do cacau com o chocolate automaticamente faz com que as pessoas acreditem que a aguardente será doce, outros acreditam que sentirão um leve sabor da cana e outros não sabem o que esperar. Mas segundo o empresário, para todos eles, o sabor da Cacahuatl é surpreendente.
“O público consumidor fica surpreso com o fato dela ser diferente de tudo que eles já provaram na vida. A minha bebida é cacau fermentado e destilado, é puro cacau, 100% cacau, não é misturado com nenhuma outra bebida. Ela tem um sabor inteiramente próprio, totalmente novo, totalmente diferente, então ela não é comparável a nada que você conheça. Todo mundo que prova pela primeira vez percebe como ela é diferente, como ela é frutada, saborosa, como ela é aromática, deixa um sabor bom na boca. Ela surpreende”, se orgulha Scampini.
Produção de aguardente no ES
A produção de cachaça, aguardente de cana, no Espírito Santo só faz aumentar. O Estado já ocupa a terceira posição entre os maiores produtores do Brasil, segundo o Anuário da Cachaça 2021. Os municípios que mais se destacam com relação à bebida são: São Roque do Canaã, Castelo e Domingos Martins.
Já com relação à aguardente, que pode ser produzida a partir de outros produtos, o Espírito Santo é o quarto maior produtor, com destaque para Castelo que se posiciona na frente de Cachoeiro de Itapemirim e de São Roque do Canaã.
No Espírito Santo tem 94 alambiques produtores de aguardente de cana, além de outros 14 que produzem outras aguardentes e destilados.
Reaproveitamento
André Scampini era um destilador caseiro e fazia bebidas destiladas como um hobby, entre elas, cachaça, rum, gin, vodka, whisky, aguardente de fruta. Ao surgir a demanda de melhor aproveitar o fruto do cacau, resolveu tentar fazer o destilado, mesmo sem experiência profissional.
A demanda a que ele se refere veio da esposa, que tem lavoura de cacau, e se incomodava ao ver que boa parte do fruto não era aproveitada. Entre a experiência e a produção de fato, foram cerca de 18 meses.
E o trabalho não se resumiu apenas à criação da receita, também houve o cuidado com a qualidade do cacau e a busca por bons fornecedores da região de Linhares para a produção em larga escala.
Feiras e eventos
“Nós buscamos selecionar as melhores características da matéria prima, que cumpram as nossas exigências de qualidade, dentre eles a higiene e cuidados sanitários na hora da colheita, além de algumas características que atendam aos requisitos da produção da bebida”, explica o produtor.
A Cacahualt está ganhando o mercado e no mês de julho, o produtor esteve presente na Feira do Empreendedor realizada pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Espírito Santo (Sebrae/ES). Para ele, esta é uma das melhores formas de apresentar o seu produto.
“A minha bebida participa de muitos eventos, muitas feiras. Além de ser uma bebida de mercado interno, também somos tipo exportação, e essas feiras abrem portas do mercado externo para os produtos brasileiros”, explica André.
Com informações do Sebrae-ES.