O conceito de MVP (sigla em inglês para produto mínimo viável) pode e deve ser usado largamente por todo tipo de negócio
Por Adriano Salvi
Por décadas, a gestão baseada em planejamento, comando e controle foi o modelo que melhor garantiu a produtividade. Taylor, pai da administração científica, separou o pessoal de supervisão e direção, encarregados do planejamento, dos operários, responsáveis pela execução das ordens seguindo padrões de tempos e movimentos, de modo a reduzir custos e aumentar as margens de lucro.
No entanto, os mercados estão se tornando cada vez mais imprevisíveis, os avanços da tecnologia têm provocado a disrupção dos modelos de negócios conhecidos e os clientes dispõem de opções cada vez mais variadas, tornando a concorrência extremamente dinâmica. Diante dessa mudança de cenário competitivo, a sobrevivência e crescimento das empresas não se sustenta mais com os princípios de administração que vigeram no século XX. É preciso um modelo de gestão baseado na agilidade e na experimentação. Não há mais espaço para o tradicional sistema em que o erro não é tolerado e não cumprir o planejado deve ser objeto de punição.
O erro é humano e faz parte do processo de aprendizagem. O fundamental é reconhecer logo o erro, aprender com ele e corrigi-lo o mais rápido possível. Como um erro pode ser fatal para o negócio, a experimentação é importante. Planejar e planejar para, em seguida, aplicar uma quantidade enorme de recursos na execução só vai potencializar o risco, pois isso não impede que sua idéia tenha partido de uma premissa equivocada ou que, após tanto planejamento, o mundo em transformação a tenha tornado obsoleta antes mesmo de ir ao mercado. Se isso acontecer, o imenso esforço empreendido em vão pode colocar o seu negócio em cheque.
O conceito de MVP (sigla em inglês para produto mínimo viável) pode e deve ser usado largamente por todo tipo de negócio. O MVP consiste em fazer testes primários, com o mínimo de recursos possível, que reproduzam a entrega que se pretende fazer ao cliente. Em dando certo, o caminho para o mercado torna-se mais seguro; caso contrário, pode-se aprender com o erro com o menor impacto possível e, se possível, corrigi-lo rapidamente.
A essa altura, você já deve ter percebido que os princípios do planejamento, comando e controle não se adequam à filosofia desse novo mundo em transformação. Esse modelo precisa ser substituído por um outro baseado na colaboração, em liderança focada em alinhamento e propósito e no foco na geração de impacto positivo para toda a humanidade, não apenas no puro e simples aumento das margens de lucro.
DICA DE LEITURA
Open Leaders: Proibido para mentes fechadas
Pedro Melo, Mauro Peres, Giovana Bratti e Daniel Guedes
Esse livro inaugura uma filosofia que confronta os princípios da administração enraizados no mundo corporativo. Os autores defendem que o modelo de gestão focado no planejamento, comando e controle dê lugar a uma nova metodologia, baseada na transparência, na intensa colaboração e no engajamento de toda a organização. Para tanto, o líder deve promover um ambiente transparente e seguro para os colaboradores e parceiros.
Qualquer ação que seja planejada e executada por uma das partes isolada do sistema tende a aumentar o nível de entropia da empresa, criando crescentes problemas e conflitos.
A obra sugere que a maneira mais eficiente de encontrar soluções para problemas sistêmicos é envolver a organização em grupos de trabalho que representem todo o sistema, criando um ambiente organizacional ágil, adaptável e altamente colaborativo.
No livro são contadas histórias de pessoas que abraçaram a cultura open e como levaram a colaboração e a geração de valor em seus negócios a níveis elevados.
O ambiente global de negócios está se transformando radicalmente e o livro Open Leaders é leitura obrigatória para quem não quer sua empresa ficar para trás.
“Na longa história da humanidade, aqueles que aprenderam a colaborar e improvisar mais efetivamente têm prevalecido.”
(Charles Darwin)
Adriano Salvi é Conselheiro de administração certificado pelo IBGC, professor convidado da Fundação Dom Cabral e sócio da Vix Partners Cosnultoria e Participações e da UTZ Soluções para Empresas Familiares
