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sexta-feira, 26 abril, 2024

…e Einstein tinha razão

Nenhum problema pode ser resolvido pelo mesmo estado de consciência que o criou.

Na edição 113 de dezembro de 2014 da revista ES Brasil – Retrospectiva, escrevi um artigo com o título “Einstein e a economia brasileira a partir de 2015”, analisando o cenário do país no período 2012/2014 e destacando o fracasso da implantação da chamada “Nova Matriz Macroeconômica”. Naquele texto, comentei que esperava que o governo reeleito reiniciasse seu mandato em janeiro de 2015 contrariando a colocação de Einstein de que “nenhum problema pode ser resolvido pelo mesmo estado de consciência que o criou”.

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Dessa maneira, redesenharia os caminhos para sair do atoleiro econômico em que o Brasil se meteu, com alta na inflação, taxa básica de juros entre as maiores do mundo, déficit primário (despesa maior que a receita), o primeiro resultado negativo desde 2001, quedas na demanda e na produção e baixa credibilidade de empresários e consumidores.

No início, parecia que o plano para o ajuste fiscal apresentado pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy (“Plano Levy”), com medidas para reduzir subsídios e com cortes definitivos de despesas no Orçamento de 2015, iria tirar o país do atoleiro e reverter o rombo nas finanças do Governo, terminando este ano com superávit primário (sem levar em conta os juros da dívida) em 1,1% do PIB. Einstein estaria sendo desmentido pela primeira vez na história.

Com a recessão no país aumentando, a receita tributária em queda e as despesas subindo ao longo do ano, além das dificuldades políticas para aprovar as medidas encaminhadas ao Congresso Nacional, em julho passado o Executivo resolveu diminuir a meta do superávit primário para 0,15% do PIB em 2015, com crescimento nos próximos três anos (0,7%, 1,3% e 2% do PIB, respectivamente.

Anteriormente era 2% para 2016 e 2017). Começava a fazer água o “Plano Levy”. Embora grande, a redução da meta de superávit primário ainda era positiva, com o Governo sinalizando preocupação em manter o “grau de investimento” atestado pelas agências de avaliação de risco, indicando
que o país é bom pagador.

Porém, o pior ainda estava para vir. No final de agosto, o Executivo encaminha ao Congresso Nacional o projeto de lei do Orçamento para 2016 com um déficit primário de -0,5% do PIB, pela primeira vez na história, quase dois meses após ter fixado meta de 0,7%. Esse fato infeliz e histórico teve reação imediata da Standard & Poor’s (S&P), agência de avaliação de risco que rebaixou nota de crédito brasileira para o grau especulativo,
com tendência negativa.

Até agora, o Governo não deixou claro o que realmente quer na economia. Os sinais são ambíguos, com lenta, mas constante, fritura do ministro Levy, pois a pressão, inclusive dentro do Palácio do Planalto, é grande, sobretudo na direção de mudar a política econômica e voltar com parte da nova matriz, com queda de juros na marra e ampliação do consumo com mais créditos, o que foi feito no passado recente e deu errado. Infelizmente, para o Brasil, Einstein está mais uma vez certo. O Governo poderia pelo menos seguir a frase do filósofo inglês Bertrand Russell: “Por que repetir erros antigos se há tantos erros novos a escolher?”.

Doria Porto é engenheiro metalurgista com mestrado em Engenharia da Produção e em Administração

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