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sábado, 27 abril, 2024

“Um 7 de setembro renovado?”

“Um 7 de setembro renovado?”
Estrutura para o Desfile de 7 de Setembro em Brasília. Foto: Joédson Alves/Agência Brasil

Por André Pereira César 

O Brasil chega a mais um 7 de setembro em um ambiente distinto do registrado nos últimos anos. O governo Lula (PT) tenta descolar as comemorações de hoje daquelas do período de Jair Bolsonaro (PL). Ele chegou a falar inclusive em uma celebração de “união” do país. A conferir se a nova administração terá êxito em seus objetivos.

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A rigor, o país está diferente, para o bem e para o mal. Em meio a uma minirreforma ministerial e com a decisão do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, de anular as provas obtidas a partir de delações da Odebrecht no âmbito da Lava Jato, o atual presidente da República pode comemorar – e retomar a agenda internacional antes da cirurgia no quadril.

De fato, Bolsonaro capturou a data e, ao lado de aliados, de militares e de apoiadores em geral, vendeu sua imagem e passou mensagens bem ao gosto de seu eleitorado mais fiel. Palavras de ordem como “Deus, Pátria e Família” entraram no léxico político. A própria camiseta da seleção brasileira entrou nesse jogo.

Hoje, as redes sociais bolsonaristas trabalham para esvaziar os eventos. Será um teste para se avaliar a resiliência do ex-presidente, hoje inelegível. Se forem bem sucedidos, terão algo a comemorar. Por ora, ao menos, dado que o cerco se fecha em torno do ex-titular do Planalto e de antigos colaboradores.

No entanto, o ex-presidente não foi o primeiro a capturar o 7 de setembro. Durante a vigência da ditadura, entre 1964 e 1985, os militares também se apropriaram da data e saíram em desfiles ano a ano, nos mais diversos pontos do país, de Norte a Sul. Desde então, eles sempre marcaram presença. Não será diferente agora. Lula sabe que precisa manter uma boa relação com a caserna, em meio a alguma desconfiança nas tropas. Afinal, o 8 de janeiro mandou vários recados.

Voltando ao início do texto, será importante observar como o governo Lula se sairá ao final das comemorações. Será um momento marcante para a democracia e a República. A política agradece.

André Pereira César é Bacharel em Sociologia e Ciências Políticas pela Unicamp, com especialização em controle orçamentário pela Escola de Administração Fazendária do Ministério da Fazenda (DF). Integrou a Escola de Governo de São Paulo e foi sócio na CAC Consultoria Política e consultor pelo Instituto Brasileiro de Estudos Políticos (IBEP).

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