Universidade abriu um processo administrativo após recomendação do MPF de revisão de homenagens concedida a adeptos da ditadura militar
Por Robson Maia
A Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) reavaliará os títulos concedidos pela instituição durante o período da ditadura militar brasileira. Na ocasião, o ex-presidente Emílio Garrastazzu Médici e o ex-ministro da Educação e Cultura general Rubem Carlos Ludwig receberam a honraria de Doutor Honoris Causa.
O título concedido é a mais alta honraria da Ufes. Médici, terceiro presidente do regime militar, foi homenageado em 1976, dois anos após deixar o cargo, enquanto Ludwig recebeu o título somente em 1983, ano seguinte à saída do Governo. O educador militar esteve na gestão de João Figueiredo entre os anos de 1980 e 1982.
Para analisar os casos, a Ufes abriu um processo administrativo interno. A ação se dá após o Ministério Público Federal (MPF) solicitar a identificação de locais em universidades federais que homenageiam diretores que aderiram ao regime militar brasileiro.
Um levantamento da Comissão da Verdade da Ufes (CVUfes) apontou que, durante o período ditatorial (compreendido entre os anos de 1964 e 1985) foram registradas diversas violações de direitos humanos, atingindo cerca de 90 pessoas, entre estudantes, funcionários e professores da instituição.
“A permanência de pessoas que participaram das violações de direitos humanos perpetradas no bojo da ditadura militar no Brasil no quadro de homenageados da Ufes perpetua a violência por eles praticada, mantém viva a dor dos que sofreram, inclusive na memória coletiva, e retrata o algoz como herói, como alguém importante para a instituição e para a sociedade”, justificou a procuradora regional dos Direitos do Cidadão Elisandra de Oliveira Olímpio.
A procuradora afirmou também que o MPF tem desenvolvido ações para esclarecer as práticas atrozes cometidas pelo regime militar em nome do Estado brasileiro, além de garantir o direito à memória.
