29.9 C
Vitória
segunda-feira, 20 maio, 2024

De advogada a expert em vinhos: capixaba lidera enoturismo em Portugal

Carol Santos se tornou referência no turismo de vinhos portugueses, oferecendo roteiros exclusivos por restaurantes e vinícolas 

Por Mariah Friedrich

Uma capixaba tem liderado o turismo pela rota dos vinhos portugueses, oferecendo experiências exclusivas em vinícolas e restaurantes nas regiões do Alentejo, Península de Setúbal, Lisboa e Douro. Após trocar os tribunais pela paixão pela enologia, Carol Santos se tornou a única capixaba a fazer parte da Confraria do Enoturismo e indica roteiros imperdíveis para os brasileiros que desejam explorar a região.

- Continua após a publicidade -

De acordo com o portal Travel Bi, que divulga estatísticas, análises de mercado e tendências da atividade turística no país, produzidos pelos instituto Turismo de Portugal, Instituto Nacional de Estatística e o Banco de Portugal, os lusitanos assumem a 2ª posição entre os maiores destinos mundiais de enoturismo, logo após a Itália. 

Os visitantes que procuram por imersões pelas vinícolas e também por passeios de enogastronomia, isto é experiências gastronômicas harmonizadas com vinho, querem aprender e ter experiências únicas, visitar os bastidores das adegas e principalmente ter acesso a lugares que os turistas não procuram habitualmente. 

Em entrevista exclusiva à ES Brasil, a especialista em enoturismo Carol Santos compartilhou mais detalhes sobre seu trabalho. Confira a seguir:

ESB: Você atuava na área jurídica. Como foi mudar a rota e tentar a carreira do enoturismo em Portugal?

A mudança foi gradativa: fui de enoturista a empresária do enoturismo. Por isso, consegui fazer uma transição relativamente tranquila e com bastante conhecimento adquirido neste caminho.

ESB: Quais as lições você aprendeu e aprende neste país?

Acho que a maior lição foi sobre resgatar o respeito e educação ao lidar com o outro. Falar olhando nos olhos, saber o nome de quem te atende, ter respeito por todos os profissionais… Esta lição é cotidiana.

ESB: Quais certificações internacionais você já alcançou?

No âmbito dos vinhos, a Wine & Spirit Education Trust (WSET) é uma Instituição inglesa existente desde 1969. Em 2023, obtive a certificação WSET I e II (existem 4 no total). Além destas, o estudo continua e tenho certificação de enogastronomia, de vinhos do novo e velho mundo, além de outras sobre história do país pelo turismo de Portugal.

ESB:  Há um crescimento de brasileiros buscando o enoturismo em Portugal? Qual a média que você atende neste período?

Há um bom crescimento de brasileiros buscando o enoturismo. No período de maio a setembro, a média é de 8 a 10 famílias por mês, o que representa mais de 50% de ocupação dos dias destes meses. Embora busquem experiências de enoturismo, acabam por também vivenciar outros passeios por Portugal (como Lisboa, Fátima, Porto).

ESB: Quais são os principais diferenciais do enoturismo em Portugal de outros destinos vinícolas ao redor do mundo?

Acredito que a simplicidade é o maior diferencial. Em Portugal, o vinho faz parte do cotidiano, o que nos leva a ter o enoturismo voltado para experiências muito genuínas. Quem te recebe é o proprietário, que te leva a conhecer a casa da família, conta estórias da vida. Não se quer apenas vender vinho, buscam que você se recorde daquele momento com carinho e amizade.

ESB: Qual o gasto médio para um passeio deste? 

O valor do passeio sempre depende, pois ao traslado e trabalho de guia também se somam as experiências desejadas (que podem ser uma prova de vinhos até um almoço harmonizado). Em geral, os valores se iniciam em 300€ para duas pessoas.

ESB: Um roteiro completo dura quanto tempo?

Os roteiros são sempre programados de acordo com as famílias. Podemos fazer roteiro de apenas um dia, mas também podemos desbravar várias regiões vínicas de Portugal, o que nos demanda aproximadamente 15 dias pelo país.

ESB: As férias de julho estão chegando. Você pode dar dicas de roteiros imperdíveis para brasileiros nestas e nas férias de janeiro? 

O verão é a estação mais aguardada pelos europeus, por isso, é muito comum ter mais filas e espaços cheios. No entanto, estes fatores não impedem que consigamos aproveitar bastante os dias longos.

Um roteiro interessante é explorar a Serra da Arrábida e a Comporta – praias lindas, vinícolas e proximidade com Lisboa; descobrir as cascatas do país, especialmente as que ficam no Parque Natura Peneda-Gerês; e um roteiro por hotéis vínicos no Alentejo e outras proximidades de Lisboa.

No inverno, ou seja, para as férias brasileiras de janeiro, a dica é conhecer a Serra da Estrela, onde há possibilidade de neve; e também aproveitar para degustar um bom vinho tinto na região do Douro.

ESB: Como é o retorno dos turistas após participarem de experiências de enoturismo?

É sempre alegre e cheio de entusiasmo com os momentos diferentes que aproveitaram. Quem não fica feliz depois de beber um bom vinho, com bom papo, e de férias (risos)? Mas verdadeiramente se surpreendem com a forma de fazer o vinho, com o custo existente, e também com o vínculo que as famílias possuem com o negócio.

ESB: Quais são seus vinhos portugueses preferidos?

Difícil responder, pois são muitos. Dos mais especiais: Invisível, da Adega Ervideira; Malvasia de Colares, da Quinta de San Michel; Angelus, da Quinta do Vianna; Vinhas, de Cypriano Vinhão; Vinha da Valentina, da Casa Ermelinda de Freitas; Pomar do Espírito Santo, da Manzwine (e alguns outros).

ESB: Qual a média de preço dos vinhos portugueses?

Os vinhos portugueses chegam a ser vendidos por menos de 2€ nos supermercados. No entanto, se estiverem em busca de uma boa relação qualidade-preço, na média paga-se o valor de 6€ por uma garrafa de vinho. Os vinhos de maior qualidade possuem valor de 20€ a 30€, podendo chegar a mais de 1000€ em alguns rótulos.

ESB: As mulheres estão se interessando mais pelo mundo dos vinhos?

Muito mais, cada vez mais. Sinto que o interesse é mesmo para descobrir algo novo, saber do que gosta. E juntam este interesse com outros que já possuíam, como o esporte, os destinos de férias etc.

ESB: Uma dica para quem não entende muito de vinho e quer apreciar um bom produto. No que apostar?

Para saber qual o melhor vinho, sem dúvidas, experimente. Descubra no seu paladar o que mais agrada – não tem relação com marca/produtor ou preço. Em relação aos vinhos portugueses, os vinhos do Douro são mais “fáceis” de se beber, mais tranquilos e equilibrados.

Busquem se informar sobre as uvas/castas para descobrir se vale a pena ou não experimentar (por ex. se você não gostar de vinhos muito encorpados, cheios de taninos – aquela sensação de boca seca – não vale a pena comprar um vinho de cabernet sauvignon, vinhão, touriga nacional).

Entre para nosso grupo do WhatsApp

Receba nossas últimas notícias em primeira mão.

Matérias relacionadas

FIQUE POR DENTRO

Continua após publicidade

Vida Capixaba

- Continua após a publicidade -