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quarta-feira, 24 abril, 2024

Renato Casagrande

Renato CasagrandeJovem na idade, mas experiente na política, onde atua desde 1987 e projetou nacionalmente o Estado a partir de sua cadeira de senador, ele foi eleito governador do Espírito Santo em primeiro turno no pleito de outubro deste ano com votação recorde: mais de 1,5 milhão de votos – a segunda maior votação proporcional do Brasil, representando 82% dos votos válidos e superando o recorde do atual governador, Paulo Hartung, até então dono do maior porcentual de votos, obtidos em 2006: 77,2%.

Este é o tamanho do capital político do engenheiro José Renato Casagrande (PSB), nascido em Castelo no dia 3 de dezembro de 1960, que herda um Estado cuja economia cresceu acima da média nacional sob a liderança de Hartung. Por outro lado, também terá pela frente os problemas sociais provocados pelo crescimento acelerado, como os altos índices de criminalidade, os presídios superlotados, os gargalos na saúde e na infraestrutura e a mobilidade urbana cada vez mais comprometida.

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O governador eleito falou com exclusividade para a Revista ES Brasil sobre a sua expectativa de governar o Espírito Santo nos próximos quatro anos, revelando alguns projetos e quais as áreas que vai priorizar. Acompanhe a entrevista de Renato Casagrande, rumo ao futuro do Espírito Santo.

Quais serão as primeiras medidas do governo Renato Casagrande?
Nós estamos estudando cada área junto com a Comissão de Transição. Temos diretrizes e eixos que vão nortear o futuro governo nos próximos quatro anos. Em cada eixo estratégico estamos agregando projetos, mas já podemos antecipar que as áreas onde trabalharemos mais intensamente, num primeiro momento, serão o combate à criminalidade, a saúde e a educação. Desde o primeiro dia do meu governo também daremos sequência a um trabalho que já faço, que é o de viabilizar os investimentos em infraestrutura de responsabilidade do Governo Federal aqui no Estado do Espírito Santo, porque temos gargalos ao nosso desenvolvimento pela ausência desses investimentos.

Quais os principais desafios que o seu governo terá que enfrentar no início do mandato?
Temos muitos desafios, entre eles, enfrentar e solucionar assuntos que são ameaçadores ao Espírito Santo e à sua economia, como os royalties que competem aos capixabas. E nós teremos de encontrar uma proposta que una e possa fortalecer todas as unidades federativas, ao mesmo tempo que não cause nenhum prejuízo ao nosso Estado. Outro desafio posto é o de uma economia global muito fragilizada, especialmente a européia e a norteamericana, das quais somos muito dependentes no comércio internacional. Então, nós teremos macrodesafios e desafios “caseiros”, que são a prestação de serviços mais qualificados e a busca de resultados, especialmente no combate à criminalidade.

O senhor terá o orçamento do Estado reduzido em 2011 – cerca de R$ 670 milhões, bem menos que os R$ 1 bi investidos em 2010 e em 2009. O que está redução implicará?
Nós teremos um orçamento menor, mas assim mesmo assumiremos uma máquina organizada. Vamos complementar este orçamento com recursos federais, que diminuíram em função da infraestrutura instalada pelo atual governo nas áreas prisional, de saúde e de assistência social. Mas o que importa para a sociedade capixaba é que eu darei sequência às obras e projetos iniciados pelo atual governo. E manteremos o equilíbrio fiscal, uma máquina organizada, caminhando sempre na direção do aprofundamento da profissionalização da gestão do Estado.

Apoio político é importante para aprovar investimentos. Como o senhor vê a nova composição da Assembléia Legislativa, Câmara Federal e Senado?
Eu achei uma composição adequada da Câmara Federal. Já da Assembleia, o que eu espero é que ela venha a me dar uma estabilidade política, que possa debater temas de interesse da sociedade capixaba e do Brasil. Uma Assembleia econômica nas suas despesas, para colaborar com a manutenção do equilíbrio fiscal. Uma casa legislativa que seja parceira, debatendo temas e até questionando as áreas do governo que não estejam funcionando.

Seu partido apoia a proposta de retorno da CPMF. Qual sua posição pessoal? Acredita que basta isso para melhorar a saúde no Brasil? E no Espírito Santo?
Meu partido não tem posição ainda sobre a CPMF. Alguns governadores do meu partido defenderam um debate sobre a CPMF, mas não é posição partidária. O partido nunca discutiu e nem tirou posição com relação a esse tema. Eu, pessoalmente, defendo esta posição: mais recursos para a área de saúde. Mas, primeiro, essa defesa deve buscar alternativas e deve ser atendida com o orçamento do Governo Federal. Segundo, se houver a necessidade de discussão de uma contribuição na área de saúde, ela só pode ser feita dentro de uma reforma tributária, porque é inconcebível um novo aumento de carga tributária. Se há necessidade de uma contribuição vinculada especificamente para a área da saúde, tem que haver a extinção de outro tributo ou sua redução.

O senhor afirmou ter como prioridade reduzir os índices de violência no Estado. Qual o projeto concreto nesse sentido?
Logo vamos ter um grande programa de combate à criminalidade, com uma visão e conceito amplos, que envolvem prevenção e repressão, o trabalho de diversas secretarias – Segurança, Justiça, Direitos Humanos e da área social – e uma grande integração com o Poder Judiciário, Ministério Público, Governo Federal e governos municipais. Eu, através do meu Gabinete, irei coordenar este trabalho, com uma equipe de técnicos que me ajudarão a programá-lo. O atual governo tem feito investimentos importantes no sistema carcerário, na integração de informações, mas nós temos que dar passos mais largos, para que os índices de homicídios possam ser empurrados para baixo. Hoje, temos aqui no Estado o dobro da média nacional de homicídios: 50 para cada 100 mil habitantes.

Como projetar positivamente o Espírito Santo no cenário nacional?
Primeiro, usando a minha capacidade de articulação nacional. Eu tenho conhecimento e envolvimento com a política nacional, e quero continuar. Segundo, através da direção e demais governadores do meu partido. Terceiro, vamos estar presentes com a bancada federal capixaba, Quarto, divulgando esse Estado e tudo o que nele temos de bom. Desenvolver e divulgar nacionalmente projetos que possam servir de referência para outros estados.

Como seu governo pretende atuar na área de meio ambiente?
Temos que fortalecer os órgãos competentes nessa área de atuação: a Secretaria Estadual de Meio Ambiente, o Iema, a Cesan. Mas um trabalho que permeie toda a administração pública dentro de um conceito de sustentabilidade. Acho que a administração pública deve levar adiante, em todas as suas ações, o conceito da sustentabilidade, econômica, social e ambiental. Nós não podemos buscar um modelo e um projeto que não esteja ancorado nesses pilares.

Quais os principais projetos para manter a economia capixaba aquecida e em boa posição no cenário nacional?
Mantendo um ambiente apropriado para a atração para investimentos privados, políticas específicas para atraí-las, ter um Estado organizado e transparente, que dê credibilidade e confiabilidade aos investidores; manter sua capacidade de investimento e buscar resolver os problemas que impedem hoje o nosso desenvolvimento, que estão relacionados aos investimentos na área de infraestrutura.

Como fomentar e incentivar a abertura de novas empresas no Espírito Santo?
Eu considero muito importante a política de incentivo para que novas empresas venham para o Espírito Santo. Mas, nesse sentido, temos que ter também políticas de incentivo para as empresas locais, para que elas possam crescer, e uma boa política para as micro e pequenas empresas, que dependem de um tratamento diferenciado e favorecido. Temos que fazer um debate permanente em busca de soluções para que possamos levar projetos de desenvolvimento a cada município, baseados na sua vocação local. O Estado pode ser seletivo nos seus empreendimentos. Nós podemos incentivar os empreendedores locais para que caminhem numa determinada direção, de acordo com o planejamento estadual, e na hora em que vamos buscar empreendimento de fora podemos ser seletivos também. Os grandes investimentos acontecem aqui na Grande Vitória, e nós vamos continuar a investir aqui, mas vamos levar investimentos para o interior do Estado.

Quais projetos o Governo Estadual pretende implementar na área da Educação?
Pretendemos seguir três diretrizes: fortalecer os municípios, para que tenham uma boa rede de educação infantil – creche e pré-escola, primeiro passo para uma educação de qualidade; segundo, vamos transformar o Ensino Médio, que é de responsabilidade do Estado, em escolas atrativas, pois elas precisam agregar mais jovens, com programas na área de esporte, cultura e um bom trabalho na área de profissionalização. E aí entra nossa terceira diretriz, que é a educação profissional em todos os municípios do Estado. Teremos nossas escolas técnicas, pelo menos uma em cada município, voltadas para a educação profissional, para que o aluno possa ter uma formação tecnológica que o ajude a ter melhores oportunidades de emprego e sustento.

Qual será o diferencial do governo Casagrande para o governo Paulo Hartung?
Creio que o diferencial está no perfil de cada um. O governador Paulo Hartung tem um perfil marcante, e nós sabemos o quanto ele colaborou e tem colaborado coordenando um trabalho ótimo. Ele reorganizou o Estado do Espírito Santo, recuperou sua capacidade de investimento, proporcionou um ambiente propício para investimentos privados. Agora, eu tenho que complementar esse trabalho, e meu perfil é consolidar o que conseguimos de avanço e complementar aquilo que não houve tempo de ser feito. Eu vou trabalhar muito com a prática do diálogo, com o envolvimento da sociedade, gerando oportunidades para as pessoas mais necessitadas e para as regiões que mais precisam de investimentos.

Quando o senhor olha para o Espírito Santo de 2014, o que o senhor vê? E o que o almeja?
Almejo um índice muito menor de pessoas abaixo da linha da pobreza. O Espírito Santo já vem num caminho de redução da pobreza que queremos incrementar. Quero também chegar em 2014 com esses empreendimentos importantes para o Estado relacionados à infraestrutura resolvidos. Eu posso ter outros desafios, mas esses, que são velhos conhecidos dos capixabas, eu quero que tenham sua lembrança negativa bem distante. E quero ainda chegar em 2014 com o Estado equilibrado, com capacidade de investimento e com a população respeitando o governador e o governo.

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