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sexta-feira, 11 DE outubro DE 2024

Rosa Weber decidirá recurso de Lula no STF

Edson Fachin foi sorteado para ser o relator, mas declarou-se suspeito e devolveu o recurso à presidência da Corte. 

A ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Rosa Weber, citada por Lula em uma das interceptações telefônicas autorizadas pelo juiz Sérgio Moro, vai relatar habeas corpus apresentado pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A redistribuição foi feita por meio eletrônico, após o ministro Edson Fachin se declarar suspeito para julgar o habeas corpus. 

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A ministra Rosa Weber foi citada em uma das gravações feitas pela Operação Lava Jato de telefonemas do ex­presidente com o ministro Jaques Wagner (chefe de gabinete da Presidência). Após conversar com a presidente Dilma Rousseff sobre seu testemunho à Polícia Federal (condução coercitiva), Lula passou a falar com Wagner e disse: “Eu queria que você visse agora, falar com ela [Dilma] já que ela está aí, falar com ela o negócio da Rosa Weber. Está na mão dela para decidir. Se homem não tem saco, quem sabe uma mulher corajosa possa fazer o que os homens não fizeram”.

No domingo (20), a defesa de Lula endereçou recurso ao presidente do STJ, Ricardo Lewandowski, para derrubar decisão do ministro Gilmar Mendes, daquela data, que barrou a posse do ex-presidente na Casa Civil. No entanto, na manhã desta segunda-feira (21), Lewandowski decidiu distribuir o habeas corpus eletronicamente, por entender que o assunto não é de competência da presidência do Tribunal.

O ministro Edson Fachin foi sorteado para ser o relator, mas explicou que tem relação pessoal com uma das pessoas que assinaram a ação. Segundo interlocutores, ele é padrinho da filha de um dos juristas ligados ao PT.”Declaro-me suspeito com base no art. 145, I, segunda parte, do Código de Processo Civil, c.c. o art. 3º do Código de Processo Penal, em relação a um dos ilustres patronos subscritores da medida.”, justificou Fachin.

O texto contou com a assinatura dos juristas Celso Antônio Bandeira de Mello, Weida Zancaner, Fabio Konder Comparato, Pedro Serrano, Rafael Valim e Juarez Cirino dos Santos, junto com os advogados Cristiano Zanin Martins, Valeska Teixeira Zanin Martins e Roberto Teixeira, defensores de Lula.

Fachin negou outro habeas corpus pedindo um salvo conduto para Lula não ser preso, apresentado por um advogado que não é ligado a defesa do ex-­presidente. O ministro alegou que o STF determinou, em julgamento no mês de fevereiro, que habeas corpus não pode ser usado para questionar decisão monocrática de um membro da corte.

Rosa Weber decidirá recurso de Lula no STF

 

O STF tem 16 ações que discutem a posse do ex-­presidente como ministro ­chefe da Casa Civil. Com receio de que o juiz Sergio Moro possa deflagrar uma nova ação contra Lula, a defesa tenta anular a decisão do ministro Gilmar Mendes. Nos bastidores, integrantes do governo e líderes do PT admitem que há receio de que Moro possa determinar a prisão de Lula. A defesa argumentou ao STF que cabe ao ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato, avaliar a competência para analisar as ações contra o ex-presidente.

Os defensores ainda alegam que Mendes se antecipou e tratou do mérito do caso antes de proferir decisão, abordando a questão fora dos autos. Ao longo do fim de semana, a AGU (Advocacia­Geral da União) e o PT debateram medidas para tentar garantir o foro privilegiado a Lula. A AGU pediu pressa do Supremo para suspender todas as ações e decisões envolvendo a posse do petista no governo Dilma. Segundo fontes da AGU, o governo discute até se vai pedir a suspeição de Mendes para atuar no caso já que em uma das ações em que despachou proibindo Lula de assumir o ministério foi assinada por uma advogada que integra a coordenação do Instituto Brasiliense de Direito Público. Gilmar é coordenador acadêmico do IDP.

O governo quer agilizar uma posição de Teori porque o STF não tem sessão marcada para a próxima semana por causa do feriado da semana santa. A próxima reunião do plenário do Supremo está marcada para o próximo dia 30. Mas, a data do julgamento depende do relator do caso liberar a ação para análise dos 11 ministros –ainda não há previsão. Cabe destacar que não é comum um ministro suspender decisão liminar de outro.

Em sua decisão, Gilmar afirmou que a posse de Lula pode configurar “uma fraude à Constituição”, sendo que houve desvio de finalidade por parte da
presidente Dilma. Isso porque, segundo o ministro, há indícios de que Dilma indicou o ex ­presidente para o governo com o objetivo de que as investigações
contra ele fossem examinadas pelo Supremo e não mais por Moro.

Fotos: Fellipe Sampaio/STF

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