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sábado, 27 abril, 2024

“Os psicólogos vêm sendo muito requisitados”, afirma conselheiro do CRP-ES

Cerca de 49% dos brasileiros apresentam alguma inquietude com doenças como ansiedade e depressão

Por Kebim Tamanini

Celebrado hoje (27/08), o Dia do Psicólogo, homenageia uma das profissões mais requisitadas na atualidade. Isso porque os transtornos mentais viraram uma preocupação de saúde para quase metade dos brasileiros. Segundo a pesquisa Global Health Service Monitor, cerca de 49% das pessoas apresentam alguma inquietude com doenças como ansiedade e depressão no país.

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Em relação à profissão, não cresce apenas a busca por psicólogos, mas também pelos cursos de Psicologia. Segundo o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), de 2010 para 2021, o número de matrículas nos cursos de Psicologia aumentou 112,4%.

O Brasil é o país que mais tem psicólogos no mundo. O aumento se deu nos últimos dez anos, quando tinha cerca de 220 mil e são atualmente registrados aproximadamente 438 mil profissionais. Apenas no Espírito Santo são 8.764, sendo que 83% são mulheres, segundo dados do Conselho Federal de Psicologia.

A profissão tem se destacado como fundamental para o bem-estar social, levando alívio para pessoas de todas as idades e classes sociais e por isso mesmo esse profissional está cada vez mais presente em políticas que alcançam o maior número de pessoas.

Para compreender sobre o atual momento da carreira e como será esta profissão no futuro, o portal ES Brasil conversou com Rodrigo dos Santos Scarabelli, que integra o Conselho Regional de Psicologia do Espírito Santo (CRP-16ª Região/ES).

Veja a entrevista na íntegra.

● Vamos ao cerne da questão. Como será o profissional de Psicologia do futuro?

Rodrigo dos Santos Scarabelli: A Psicologia, de alguma forma, está comprometida com as necessidades da sociedade e das questões relacionadas aos direitos humanos. Então, conseguimos ver que tem tido o seu acesso cada vez mais democratizado, alcançando mais parcelas da população.
Antigamente tínhamos uma psicologia ainda muito relacionada a atendimento clínico, de consultório. Hoje, apesar da atuação da clínica com psicoterapia ainda ser predominante, temos uma entrada no Sistema Único de Saúde (SUS), atuando em Unidade Básica, em serviços especializados, em equipamentos de assistência social, no âmbito da Justiça e outros. Os profissionais da Psicologia vêm ocupando e vão pertencer a outros espaços com o tempo.

Hoje nós temos uma inserção da Psicologia cada vez maior nas políticas públicas, seja atendendo as pessoas, ou seja, na formulação mesmo dessas políticas.

Cerca de 49% dos brasileiros apresentam alguma inquietude com doenças como ansiedade e depressão
A pandemia fez com que algumas profissões acelerassem o uso da tecnologia. Foto: CRP-ES/16

● Em função da pandemia, houve aprovação do Conselho Federal de Psicologia para a realização de sessões de terapia online, serviço que tem crescido significativamente. Foi desafiador?

Rodrigo dos Santos Scarabelli: A pandemia fez com que algumas profissões acelerassem esse processo de pensar as tecnologias da informação e comunicação. A pandemia fez com que o atendimento, em vez de ser presencial, fosse realizado virtualmente. Contudo, existem algumas recomendações para isso acontecer, e o profissional precisa atentar para as normas do Conselho Federal de Psicologia. Mas adianto que foi desafiador para todos aderirem. Além disso, há profissionais que preferem manter a forma mais tradicional, presencial.

● Em 2020, a CEO de uma startup líder em terapia online no país, Tatiana Pimenta, disse que “Psicólogo será a profissão do futuro”. Já é uma realidade quando pensamos em 2023?

Rodrigo dos Santos Scarabelli: Sim! As coisas caminham nesse sentido quando a gente vê que está em uma sociedade em um contexto de muita aceleração. Está todo mundo muito acelerado, fazendo muitas coisas. Por esse motivo a Psicologia é uma profissão que vem sendo muito requisitada. Estamos muito no automático. Realizando atividades de uma forma muito acelerada e isso tem efeitos e consequências na saúde mental. Vale destacar outro fator dessa balança de aceleração, o aumento de casos de depressão que estamos observando. Estamos num ritmo que é adoecedor. Hoje, por exemplo, a questão do uso de psicotrópicos eu considero uma questão de saúde pública. O número de pessoas que estão fazendo uso de medicações psicotrópicas, antidepressivos e ansiolíticos é assustador.

Cerca de 49% dos brasileiros apresentam alguma inquietude com doenças como ansiedade e depressão
Os cursos de Psicologia, de 2010 para 2021, tiveram aumento de 112,4% na procura de alunos para matrículas. Foto: Divulgação

● Tratando sobre a questão acadêmica. Na sua opinião, os cursos de Psicologia atendem à formação dos futuros profissionais?

Rodrigo dos Santos Scarabelli: Nos últimos anos, diversas faculdades de Psicologia foram abertas. É um curso cuja oferta de formação foi muito requisitada pelas instituições. Atualmente, os campus acadêmicos visam a inserir na grade curricular não somente as disciplinas, mas a realidade brasileira, na prática. Os cursos têm tido uma preocupação desse graduando não ter só aquela forma tradicional de aula. A gente tem visto que desde os primeiros períodos já há preocupação de fazer alguma proposta com serviços, com parceria com a sociedade civil organizada para eles estarem experimentando um pouco a vivência com profissionais que ficam como referência nesses lugares.

● Essas pessoas que estão estudando Psicologia a qualquer momento estarão no espaço de trabalho. Como está o mercado de trabalho para os atuais e futuros profissionais?

Rodrigo dos Santos Scarabelli: Como eu disse antes, a Psicologia vem ocupando novos espaços. A gente vê os poderes públicos abrindo processos seletivos e concursos para que nos quadros se tenha psicólogos. As empresas privadas estão equipando os departamentos com pessoas capacitadas para cuidar de seus colaboradores. Afinal, nos últimos anos houve uma procura grande das pessoas por um acompanhamento psicológico. Após a pandemia, isso aumentou.

● Quais são as principais tendências para o futuro da profissão?

Rodrigo dos Santos Scarabelli: Se antes a gente tinha muito esse psicólogo atuando em consultório, isoladamente, na perspectiva mais privada, hoje a gente tem uma requisição cada vez maior do psicólogo compondo equipes. Então, o psicólogo atuar nessa questão da interprofissionalidade, com práticas colaborativas junto a outras profissões, é uma tendência.

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