Claudeci Neto, presidente do Corecon-ES, analisa a reação do mercado ao desempenho do PIB do segundo trimestre
Por Amanda Amaral
O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 1,2% no segundo trimestre deste ano frente ao trimestre anterior. É o quarto resultado positivo consecutivo do indicador nesta comparação.
Isso fez com que os analistas financeiros aumentassem a projeção para este ano, contudo, para 2023 o cenário ainda é pessimista. A alta foi puxada pelo setor de serviços (1,3%).
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Os dados do PIB foram divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira (01). Segundo o presidente do Conselho Regional de Economia (Corecon-ES), Claudeci Pereira Neto, o resultado superou as expectativas do mercado.
“O setor de serviços abarca 70% do PIB, tem um peso importante no resultado, apesar do crescimento do setor industrial ter sido de 2,2%. Destaque também para o setor da construção civil, com desempenho de 2,7%. Ele é um termômetro para o mercado, pois dinamiza uma cadeia enorme desde matérias-primas e suprimentos até grande contratação de mão-de-obra”, explicou Claudeci Neto.
Injeção na economia
Há quatro semanas, a previsão do PIB de 2022, segundo o Relatório Focus, era de 1,97%, mas em sua última divulgação, no dia 29 de agosto, a expectativa dos analistas foi revisada para cima em 2,10%.
“O desemprego deu uma queda e o consumo das famílias subiu. O mercado de trabalho deu uma melhorada, apesar de ser muito pelo emprego informal. Além disso, houve uma série de estímulos dados pelo Governo por meio de programas como o Auxílio Emergencial, o 13º salário para aposentados e a possibilidade de saque do FGTS. Essa injeção de dinheiro estimula o consumo e contribui para que a economia cresça”, analisou o presidente do Corecon-ES.
Expectativa para 2023
Contudo, segundo o economista, há três fatores que estão contribuindo para a expectativa de um cenário pessimista em 2023 com relação ao crescimento da economia brasileira. As projeções do PIB no Relatório Focus vêm caindo. A última redução foi de 0,37%, sendo que há quatro semanas a expectativa era de 0,40%.
Alta da Selic
Uma delas é a alta da Selic, atualmente em 13,75% ao ano, conforme informações do Banco Central (BC), que utiliza a taxa como principal instrumento de controle da inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), hoje em 10,07% ao ano.
Para Claudeci Neto, a alta da Selic dificulta a entrada de investimentos estrangeiros no país e retrai o consumo dos brasileiros: “Já há um recorde de famílias endividadas e até inadimplentes, ou seja, que estão com dívidas em atraso, isso preocupa muito, pois interfere no consumo e no crescimento da economia”.
Situação fiscal do Brasil
A outra questão colocada por ele é a situação fiscal do próximo Governo após as eleições de 2022 em outubro. “Houve redução de impostos este ano e aumento de gastos, gastos não previstos. Em 2023, esse recurso pode fazer falta e atrapalhar o desempenho econômico do país, contribuindo para diminuir a arrecadação. O próximo Governo terá poucas margens para uma política econômica arrojada”, comentou.
Crise econômica mundial
Além disso, as potenciais mundiais também estão enfrentando problemas relacionados à crise econômica. O Fundo Monetário Internacional (FMI) baixou a expectativa do crescimento global em 3,6% para 2022 e em 2,9% para 2023.
“É previsto um cenário inflacionário, este ano já há países acima da média, a previsão é que continuem no ano que vem. O Banco Central dos Estados Unidos – FED aumentou a taxa de juros quatro vezes em 2022, é uma tentativa de arrumar a casa. Isso é ruim para o Brasil, que acaba vendendo menos para o mercado externo”, concluiu.
