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terça-feira, 30 abril, 2024

Queda do dólar, o que esperar?

Um dos fatores de valorização do real frente ao dólar é a melhora no cenário econômico do país, afirmam especialistas

Por Amanda Amaral 

A queda do dólar nas últimas semanas surpreendeu os investidores fechando o pregão a R$ 4,77 na segunda-feira (19), menor cotação em mais de um ano, sendo que no início de 2023 seu valor era de  R$ 5,23. A desvalorização acentuada da moeda americana se dá por uma série de fatores que vão desde questões de ordem mundial até uma melhora econômica no Brasil. Mas o que o mercado prevê para os próximos meses?

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“O que tem induzindo essa queda é uma maior estabilidade econômica e política no Brasil, inflação doméstica em queda, aumento das exportações brasileiras, além da perspectiva de um comportamento mais moderado da Taxa Selic. Tudo isso faz com que haja atração de investimentos para o país”, comenta o professor da Fucape Business School, o economista Gercione Dionizio.

Sobre as exportações brasileiras, o professor da Fucape explica que ao receber em dólar, os exportadores aumentam a oferta da moeda americana no Brasil. “Claro que a venda das commodities influencia na precificação da moeda americana, mas de um modo geral, vai muito do que está acontecendo lá fora, as economias estão mais estáveis, voltando a crescer e então voltam a importar mais produtos brasileiros. Claro que o cenário doméstico é importante. Voltando no tempo, o preço da carne estava alto, porque estava mais atrativo vender lá fora do que no mercado interno em razão do dólar mais caro”, exemplifica.

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O expecialista em Investimentos Marcel Lima comenta sobre o desempenho da balança comercial brasileira. Foto: Divulgação

O conselheiro do Comitê Qualificado de Conteúdo do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef-ES), o especialista em investimentos Marcel Lima, pontua o bom resultado a balança comercial brasileira em maio. “A balança comercial veio muito forte. Em um passado recente, o dólar estava muito alto, o que favoreceu as exportações, o produto brasileiro fica mais barato para o resto do mundo. Em maio, as exportações registraram o maior volume histórico do país, conforme as exportações aumentam, mais dólar entra no Brasil, mas fica mais difícil exportar, isso vai se equilibrando”, disse.

O assessor de investimentos e conselheiro do Conselho Regional de Economia do Espírito Santo (Corecon-ES), o economista do Jardel Lago, destaca manobras no cenário econômico mundial que interferiram na precificação do dólar, entre elas, a manutenção da taxa de juros entre 5% e 5,25% ao ano pelo Federal Reserve Board (FED), o banco central dos EUA.

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O professor e economista Gercione Dionizio explica o atual cenário econômico do Brasil. Foto: Divulgação

Cenário mundial

Existem muitas variáveis que impactam o preço do dólar, de acordo com ele: “contudo, numa perspectiva de crescimento da atividade econômica brasileira e queda da Taxa Selic, há espaço para um dólar mais barato e um real mais valorizado. Lembrando que isso envolve a percepção de risco do investidor sobre o país e vários fatores que mudam o tempo todo influenciando o câmbio”.

O economista lembra da busca de países europeus e dos EUA pelo controle da inflação, que teve início após a pandemia com a quebra das cadeias produtivas, por meio do aumento das taxas de juros. “É um processo recessivo, que desestimula o consumo, mas também os investimentos. Apesar de o mercado de trabalho ainda não estar muito aquecido, o FED preferiu aguardar, mas ressaltando que a taxa de juros poderia aumentar, e isso pode ser bom para países emergentes como o Brasil. É o que observamos agora”, conclui.

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O assessor de Investimentos Jardel Lago comenta sobre a decisão do FED. Foto: Divulgação

A taxa de juros no Brasil começou a subir em 2021 e continuou até agosto de 2022, quando estacionou em 13,75% ao ano. Nesta semana, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu mantê-la, apesar da pressão de diferentes setores da sociedade. “A elevação da taxa de juros brasileira foi mais forte, acima da inflação. O investidor estrangeiro busca rentabilidade, por isso esse olhar para o Brasil. Os pagamentos por títulos de renda fixa aqui são mais altos do que em outros países, o que favorece a entrada de dólar no país, com isso o preço da moeda americana cai. É o carry trade, movimentação de dinheiro estrangeiro em um país com taxas de juros mais altas”, analisa o especialista em investimentos Marcel Lima.

Segundo semestre

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A especialista em Investimentos do Mercado de Capitais, Melissa Modeneze, avalia a desvalorização do dólar. Foto: Divulgação

A análise dos investidores estrangeiros será importante para orientar os rumos da economia brasileira nos próximos meses, segundo a conselheira do Corecon-ES, a especialista em Investimentos do Mercado de Capitais, Melissa Modeneze. Segundo ela, os especialistas em finanças preveem o início da queda gradual da Taxa Selic nos próximos meses, o que deve tornar os investimentos em renda fixa menos atrativos. “Com isso o dólar deve voltar a subir, mas há previsão de uma alta acima de R$ 5,00, de acordo com último Boletim Focus”, frisou. “A moeda americana está cotada hoje entre R$ 4,77 e R$ 4,80, o que varia conforme a entrada de dólar no Brasil, no momento em que essa desaceleração começar, os investimentos podem diminuir, afinal, eles não são constantes”, explica a economista.

Novas altas do dólar vão depender do cenário econômico brasileiro e de um posicionamento dos EUA quanto ao controle da inflação e sua taxa de juros. Caso ela caia, o olhar do investidor se volta novamente para o país norte-americano que, tradicionalmente, apresenta um ambiente de negócios mais seguro. “Mas o investidor estrangeiro também deve observar o que acontecerá no segundo semestre com relação ao Arcabouço Fiscal e a Reforma Tributária, o andamento da inflação brasileira, pois estes fatores vão influenciar a decisão do Banco Central sobre a taxa Selic, e ela pode começar a cair, o que é uma boa opção para investimentos”, finaliza.

 

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