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sábado, 4 maio, 2024

Retrospectiva 2022 – Petróleo e gás: ES não acompanha recorde de produção nacional

Maior entrave para o setor de petróleo e gás no Estado é fruto do adiamento de aporte de R$ 5 bi para Parque das Baleias

Como se costuma dizer, “entre mortos e feridos, salvaram-se todos”. Apesar do sobe e desce nos preços dos combustíveis durante o ano nos postos Brasil afora, o país registrou recorde de produção de petróleo e gás em outubro de 2022. Foram 4,18 milhões de barris de petróleo por dia em média (boe/d), sendo 3,24 milhões de barris/dia (bbl/d) de petróleo e 148,7 milhões de metros cúbicos por dia (m³/d) de gás natural.

As informações são do Painel Dinâmico de Produção de Petróleo e Gás Natural da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Os dados também apontam que a produção no pré-sal avançou 4,75% em relação a setembro de 2022 e alcançou 3,14 milhões boe/d, representando 75,18% do total nacional.

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A ANP explica que a produção nos contratos de partilha teve um aumento de 18%, atingindo 995,2 mil boe/d, correspondendo a 23,8% do resultado nacional. Essa alta foi impulsionada pela produção das plataformas P-77, FPSO Guanabara e FPSO Pioneiro de Libra.

Retrospectiva 2022 - Petróleo e gás: ES não acompanha recorde de produção nacional
Em nível nacional, a extração de hidrocarbonetos registrou queda de 0,9% em relação ao segundo trimestre de 2021 – Foto: Divulgação

Sem surpresa

Tal cenário não surpreendeu, afirma a gerente de Ambiente de Negócios do Observatório da Indústria da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Gabriela Vichi. “Ao contrário, era esperado, já que o Brasil, como um todo, está sempre empenhado na exploração de novas fronteiras, em águas profundas, a chamada camada pré-sal, sobretudo por parte da Petrobras.”

Apesar de figurar, no ranking nacional, como o terceiro maior produtor de petróleo e o quarto de gás natural, com a mais forte representatividade no valor adicionado da indústria geral no Estado (25,4%), o Espírito Santo não acompanhou essa trajetória ascendente. “Infelizmente, a maior parte dos nossos campos offshore (em mar), já é ‘madura’, com decaimento natural da produção, inclusive, no pré-sal”. Por não contar com novas fronteiras, o Estado não surfou nessa mesma onda”, lamenta Gabriela.

Por outro lado, ela destaca que a abertura para a exploração inshore (em terra), oferecida pela Petrobras a empresas como Imetame, confere dinamismo à produção, sobretudo no Norte capixaba, mais precisamente nos municípios de Linhares, São Mateus e Jaguaré.

Em queda

O volume extraído de petróleo e gás natural totalizou 14,3 milhões de barris equivalentes (boe) no segundo trimestre do ano. Esse resultado é 37,9% inferior ao verificado no mesmo período de 2021 e 18,3% abaixo do constatado no primeiro trimestre de 2022, indicam os números da ANP. Em nível nacional, a extração desses hidrocarbonetos registrou queda de 0,9%, contra o segundo trimestre de 2021.

A executiva avalia que o maior entrave para o setor de petróleo e gás no Espirito Santo, em 2022, foi o fato de a Petrobras ter adiado para daqui a dois anos o investimento de R$ 5 bilhões no Parque das Baleias, formado pelos campos de Jubarte, Baleia Anã, Cachalote, Caxaréu, Pirambu e Mangangá. “Trata-se de uma questão política e cabe, agora, ao governo estadual mostrar ao Palácio do Planalto a importância dessa negociação”,
analisa Gabriela.

Retrospectiva 2022 - Petróleo e gás: ES não acompanha recorde de produção nacional
O volume extraído de petróleo e gás natural totalizou 14,3 milhões de barris equivalentes (boe) no segundo trimestre do ano – Foto: André Luis Ferreira

Projeção

A produção de petróleo e gás é responsável por 25% do Produto Interno Bruto (PIB) industrial capixaba. O Estado produziu, em 2021, um total de 76,9 milhões de barris de petróleo, 15% a menos do que o observado no ano anterior. “Ainda assim, o Espírito Santo se manteve na terceira posição no ranking da produção de petróleo entre todas as unidades federativas, ficando atrás de São Paulo (99,2 milhões de barris) e Rio de Janeiro (854,7 milhões de barris)”, lembra Gabriela.

O Anuário da Indústria do Petróleo e Gás Natural sinaliza que se espera uma retração anual na produção de petróleo em mar de 2,73%. Nesse ritmo de baixa, a previsão é de um resultado de 66,9 milhões de barris em 2025. Para o gás natural, projeta-se um aumento médio anual de 0,97% até 2025, chegando a uma produção de 2,1 bilhões de metros cúbicos.

Impacto da guerra

A invasão de tropas russas sobre o território ucraniano, deflagrada em fevereiro, causou impactos econômicos significativos, como a disparada nas cotações de dólar e petróleo. A Petrobras, empresa que atua em 30 países, majorou os valores dos combustíveis após o preço do petróleo ter ultrapassado US$ 100, no início do conflito. O item, considerado essencial, foi um dos maiores responsáveis pela inflação do teto no ano passado e,
ao lado dos alimentos, é um dos grandes vilões da inflação.

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