25.5 C
Vitória
sexta-feira, 26 abril, 2024

No segundo ano de pandemia, setor de confecção começou a respirar

A crise sanitária e econômica impactou significativamente o setor, no que se refere às perdas de produção e venda nos primeiros meses da pandemia

Por Luciene Araújo e Marcelo Rosa

“Com que roupa?’. Seja qual tenha sido a intenção de Noel Rosa ao incluir essa pergunta em uma de suas mais famosas canções, o fato é que a indagação faz lembrar um setor que, desde a década de 1970, não só desempenha papel fundamental ao desenvolvimento socioeconômico do Espírito Santo, como figura entre os principais segmentos da indústria, em termos de geração de emprego e renda.

- Continua após a publicidade -

Afinal, as empresas de confecção, têxtil e calçado empregam mais de 13 mil pessoas, entre elas, mais de 8 mil mulheres, de acordo com os dados mais recentes, apurados em 2018.

Mas, em 2021, a exemplo do que começou a ser observado no ano anterior, o setor vivenciou realidades antagônicas resultantes da pandemia: por um lado, as indústrias responderam às demandas de fabricação de máscaras faciais e outros equipamentos de proteção individual necessários para conter o vírus.

Por outro lado, a crise sanitária e econômica, da qual não se sabe a totalidade dos reflexos para os próximos anos, impactou significativamente o setor, tanto no que se refere às perdas de produção e venda nos primeiros meses da pandemia, quanto no que diz respeito às necessidades de adaptação às tecnologias e tendências de consumo.

No segundo ano de pandemia, setor de confecção começou a respirar
Foto: Jhonatan Blendon

Empresário do ramo de confecções e presidente da Câmara Setorial do Vestuário da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Bruno Moreira Balarini aponta que 2021 marcou a ‘retomada leve’ do volume de negociações no setor de vestuário, tão ‘penalizado’ pela pandemia.

“Com as pessoas confinadas, em casa, a compra de roupas deixou de estar entre as prioridades dos consumidores. Então, além da redução na produção e vendas, a indústria de confecções demitiu trabalhadores”, avalia o empresário sem fornecer dados estatísticos.

Balarini ressalta, no entanto, que o avanço da vacinação e a redução das medidas restritivas contribuíram para o início da retomada dos eventos sociais. “Esse cenário resultou em incremento no setor, sobretudo nos últimos três a quatro meses do ano, mas, ainda assim, ficou bem aquém do que foi apurado, em 2019, antes da crise sanitária mundial”, analisou.

Previsão de incremento

Otimista, Balarini aposta na retomada do crescimento na indústria de roupas, em 2022, baseado principalmente na recontratação de mão de obra, sobretudo feminina, observada nos últimos meses deste ano.

“Uma das preocupações da indústria, por sinal, é reinserir no mercado quem foi dispensado e que, por ventura, permaneça desempregado”, esclareceu. Aliás, o presidente da Câmara do Vestuário, informa que a definição de mecanismos e dinâmicas para fortalecer o setor tem sido a tônica das reuniões promovidas pela Rota Estratégica de Confecção, Têxtil e Calçado. “Discussões extremamente importantes para nortear as nossas ações, em meio a essa conjuntura tão delicada, resultante da pandemia”, destacou o dirigente.

No segundo ano de pandemia, setor de confecção começou a respirar
Baseado nos últimos meses deste ano, a previsão para 2022 é de crescimento para o setor. Foto: Jhonathan Blendon

A Câmara atua como uma das principais alternativas dos empresários na promoção de uma agenda estratégica para o setor, a fim de posicioná-lo competitivamente no cenário nacional. A meta é que esse planejamento estratégico, por meio de ações coordenadas pelos atores-chave e pelas instituições, contribua para o desenvolvimento das indústrias capixabas.

A Rota inclui elementos comuns ao período anterior à crise, mas que foram intensificados a partir dela. Entre eles, integração dos agentes do setor buscando visibilidade para o produto local; ampliação do uso dos canais digitais nos processos de venda; incorporação de elementos da manufatura avançada no processo de produção; e adaptações às mudanças de padrão de consumo.

O objetivo da Findes é que os caminhos traçados para o setor de Confecção, Têxtil e Calçado torne o Espírito Santo referência no mercado nacional de moda nos próximos anos.

No segundo ano de pandemia, setor de confecção começou a respirar
Fonte: Empregos e empresas: RAIS. Saldo de postos formais: Novo Caged. PIB e VA: SCR e PIA/IBGE. Exportação: Funcex.

Produção de calçados e acessórios não saiu do lugar

Em 2021, a indústria de calçados e acessórios, no Espírito Santo, praticamente repetiu o comportamento observado, em 2020. Com a permanência do ‘fique em casa’, determinado pela pandemia, os consumidores usaram menos sapatos, bolsas e afins.

Consequentemente, a produção e a venda dessas peças mantiveram-se estagnadas. A avaliação é do presidente da Câmara Setorial de Calçados da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), José Augusto Rocha. Ele ressalta que, na verdade, desde 1988, a fabricação de calçados e acessórios no Estado, caracterizado pela falta de matéria-prima específica, registra ‘redução drástica’.

José Augusto recorda que a promulgação da Constituição Federal, em outubro daquele ano, alterou a política de tarifação e incluiu o Espírito Santo no nordeste do país, para efeito de tributação do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).

“Na prática, essa mudança abriu caminho para a perda de competitividade da produção capixaba e para a concorrência desleal com outros estados que fabricam calçados e acessórios”, relata o empresário. Apesar desse cenário, o presidente da Câmara Setorial de Calçados se mantém otimista. “Nossa expectativa é que, em 2022, a gente vença a guerra contra a Covid-19 e volte a sair de casa. De preferência, usando calçados e acessórios novos”, brincou José Augusto.

Entre para nosso grupo do WhatsApp

Receba nossas últimas notícias em primeira mão.

Matérias relacionadas

Continua após a publicidade

EDIÇÃO DIGITAL

Edição 220

RÁDIO ES BRASIL

Continua após publicidade

Vida Capixaba

- Continua após a publicidade -

Política e ECONOMIA