O crescimento na venda de móveis, iniciado no segundo semestre do ano passado, tem refletido positivamente na geração de empregos
Por Luciene Araújo e Marcelo Rosa
O distanciamento social exigido para conter a pandemia impactou toda a economia ao longo de 2020. Muitos estabelecimentos comerciais foram parcialmente ou totalmente fechados e o sistema home office tomou uma proporção enorme.
Mas, a permanência de tempo muito maior das pessoas dentro de casa, que para muitos segmentos produtivos foi o maior problema em 2020 e ainda em 2021, para o setor moveleiro foi bastante positiva.
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“O fato das pessoas passarem a trabalhar dentro de casa, a ficar o dia todo realizando suas tarefas naquele mesmo ambiente, fez com que passassem a perceber melhor os móveis que já precisavam ser renovados, além das novas demandas para melhorar mesmo a infraestrutura da casa.
Por isso, a demanda do setor moveleiro e da construção civil cresceu de forma tão significativa, a partir do segundo semestre de 2020. Tivemos empresa com alta de 70% no faturamento”, explica Bruno Barbieri Rangel, presidente do Sindicato das Indústrias da Madeira e do Mobiliário de Linhares e Região Norte do ES, o Sindimol, que reúne mais de 90% do faturamento do setor moveleiro no Espírito Santo.
E este ano o crescimento se manteve. De acordo com Rangel, de janeiro a outubro, foram registrados percentuais de até 50% em algumas empresas. Esse aumento de demanda desencadeou um movimento muito importante para toda a cadeia econômica: o crescimento dos postos de trabalho. O auge das contratações foi registrado no mês de junho deste ano, quando surgiram 850 vagas a mais em relação a igual período de 2020. Em novembro do ano passado, havia 2.300 profissionais empregados nas 32 unidades fabris ligadas ao Sindimol. Este ano, foram registrados 2.800 profissionais.
No Espírito Santo, 90,3% do setor é composta por microempresas. Um percentual bastante próximo ao do Brasil, que é de 89% . A geração de empregos é distribuída em empresas de micro, pequeno e médio portes. Aqui no Estado, embora 2,0% das empresas sejam de médio porte, 38,7% dos empregos
estão alocados nesses estabelecimentos.
Faturamento
Em todo o Estado, a receita apurada em 2021 chegará próximo ou equivalente a uns U$$ 4 milhões, próximo a R$ 20 milhões. Somente para o mercado interno, as empresas do polo de Linhares, associadas ao Sindimol, representam um faturamento superior a R$ 660 milhões anuais em vendas. E quando o assunto é exportação, o principal destino hoje dos móveis capixabas é o Chile. Os principais produtos exportados foram móveis em geral, destinados a quarto, sala de jantar, sala de estar, cozinhas e banheiros.
O ES é responsável por 0,5% das exportações de móveis do Brasil (2020), apontam dados da Abimóvel.
“Historicamente, a exportação do polo de Linhares correspondia a 1% do nosso faturamento e este ano teremos empresas que irão fechar entre 3% até 20% de sua produção enviados para outros países”, destaca Edmilson Supelete, secretário executivo do Sindimol.
Segundo ele, esse resultado é fruto do planejamento do setor que, entre outras ações, inclui a capacitação da mão de obra e a inovação nas linhas de produção.
“O uso da tecnologia de ponta fez com que melhorássemos ainda mais a qualidade de nossos móveis e pudéssemos manter a competitividade necessária para conquistar novas fatias do mercado”.
Rangel destaca que o maior desafio para exportar, tanto nacionalmente como para o Espírito Santo, está nos custos e fretes, que tiveram um reajuste muito alto. “Passaram de uma média de U$ 1.600,00 para 10 mil a U$$ 12.0000 dólares, e ainda temos de lutar com a dificuldade de comprar MDF especifico para exportações para Europa e USA, o que inviabiliza vários projetos com novos parceiros”, finaliza o presidente.
O mercado global
Para o fechamento de 2021, de acordo com estudos do Statista, apresentado à Findes pelo setor, é esperado para 2021 uma receita mundial do segmento de sala de jantar e sala de estar de US$ 437,7 bilhões. A expectativa é de que a taxa de crescimento anual deste mercado seja de 4% no período de 2021 a 2025.
A receita esperada para a totalidade do mercado de móveis no mundo é de US$ 1,37 trilhão para 2021, com uma taxa de crescimento anual de 4,2% até 2025. E a expectativa é de que 15% do total dessa receita mundial do setor de móveis em 2021 seja gerada por meio de vendas em plataformas digitais.
Na comparação global, os Estados Unidos serão responsáveis pela maior geração de receita (US$ 247,8 bilhões) do setor de móveis em 2021.