Em entrevista ao ES Brasil, as produtoras Bruna Dornellas, Simone Marçal e Lúcia Caus compartilham suas visões sobre a presença feminina no mercado
Por Mariah Friedrich
Apesar do histórico domínio masculino na indústria cultural, as mulheres têm desempenhado um papel cada vez mais significativo na transformação desse cenário nos últimos anos. Muitas iniciaram o processo de ocupar cargos de liderança e com maestria comandam grandes produções e formam um território seguro para a nova geração de mulheres se enxergar nestes espaços.
No Espírito Santo, três produtoras culturais se destacam como agentes de mudança: Bruna Dornellas, fundadora e diretora da WB Produções; Simone Marçal, gestora cultural responsável por projetos como o Formemus, Marien Calixte Jazz Music Festival e o Prêmio da Música Capixaba e Lúcia Caus, proprietária da Galpão Produções, diretora do Instituto Brasil de Cultura e Arte (IBCA) e do Festival de Cinema de Vitória ES.
Mesmo com toda a experiência, elas destacam que produzir cultura no Brasil é sempre um desafio e que, como mulheres, este desafio é ainda maior. “No Brasil, especialmente para as mulheres, os desafios na produção cultural são imensos. Além de lidar com as exigências do mercado e os obstáculos habituais, como financiamento e logística, enfrentamos estereótipos de gênero e preconceitos enraizados na indústria cultural. É um caminho árduo, mas estamos aqui para enfrentá-lo e transformar essa realidade”, analisa Lúcia Caus.
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Mas o trio segue deixando sua marca em grandes produções. Em posições de liderança, elas quebram barreiras de gênero para criar um cenário mais inclusivo e diversificado para a arte e a cultura no Estado para uma nova geração de profissionais. “Entendemos que a diversidade é fundamental para enriquecer nossos eventos, garantindo a representatividade de diferentes expressões artísticas. A inclusão de talentos locais confere autenticidade e variedade às nossas produções, contribuindo significativamente para um cenário cultural mais vibrante e inclusivo em nossa região”, destaca Simone.
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Bruna e sua equipe na WB Produções também têm priorizado a diversidade e inclusão em todos os aspectos de seus projetos teatrais, desde a formação de equipes majoritariamente compostas por mulheres até a inclusão de talentos locais, para construir um ambiente cultural mais igualitário e representativo. “Estamos falando sobre o poder feminino e nossa prioridade é uma equipe feminina”, relata.
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E o trio reconhece a crescente presença de mulheres liderando equipes e contribuindo em diversas áreas da produção cultural. “Temos notado um aumento significativo na presença de mulheres liderando equipes, assumindo papéis de destaque na direção, roteirização e na parte técnica dos projetos”, ressalta Simone Marçal.
“Mulheres estão liderando equipes, dirigindo, roteirizando e cuidando da parte técnica. Estamos caminhando para uma equidade de gênero, e isso é muito positivo para a diversidade e qualidade dos projetos cinematográficos”, completa Lúcia.
As entrevistadas expressaram otimismo sobre o futuro das mulheres nas grandes produções culturais. “A gente é muito maravilhosa, muito guerreira. E eu acho que é um espaço que a gente já conquistou e ninguém tira a gente daqui”, compreende a produtora cultural Bruna Dornellas.