Mesmo com o aumento na taxa de juros, mercado de imóveis segue em expansão, com destaque no Espírito Santo para o Minha Casa Minha Vida
Por Redação
Mesmo com juros elevados, Selic a 11,25%, o que torna o crédito mais caro, o setor imobiliário brasileiro segue aquecido e no Espírito Santo o cenário não é diferente. Segundo dados de 200 incorporadoras, coletados pela Senior Sistemas, o mercado movimentou R$ 10,2 bilhões no terceiro trimestre de 2024, registrando um aumento de 10% em comparação ao mesmo período de 2023. De janeiro a outubro deste ano, as transações já somam R$ 34 bilhões, um crescimento de 15%.
As perspectivas para o mercado imobiliário são promissoras. A pesquisa Raio-X FipeZAP revelou que a intenção de compra de imóveis atingiu seu maior nível em quase dois anos: 42% dos entrevistados planejam adquirir um imóvel nos próximos três meses.
No entanto, os preços elevados continuam sendo um obstáculo. Cerca de 71% dos consumidores consideram que os valores estão “altos ou muito altos”. Com a demanda em ascensão, a tendência é de que os preços continuem subindo.
Mercado capixaba
O mercado imobiliário capixaba segue em expansão, mesmo diante dos desafios econômicos, como o aumento da taxa básica de juros. Para Ricardo Gava, diretor do Secovi-ES e executivo da Gava Crédito Imobiliário, o setor mostra resiliência e confiança.
“No Espírito Santo, essa adaptação reflete a força do mercado. Apesar do custo elevado da Selic, as taxas de crédito imobiliário permanecem em um patamar historicamente mediano, o que mantém o interesse dos consumidores e impulsiona o setor”, destaca Gava. Ele ressalta o apelo de regiões urbanas em crescimento, como Vitória, Vila Velha e Serra, que oferecem qualidade de vida e alto potencial de valorização.
Em 2024 o ritmo de vendas mais intenso na Grande Vitória foi registrado no segmento econômico, representado por apartamentos do programa Minha Casa Minha Vida.
Levantamento feito pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil no Espírito Santo (Sinduscon-ES), o Índice de Velocidade de Vendas (IVV) apresenta média mensal superior a 10%, o que, em uma análise simplista mostra que se não houver mais lançamentos do programa no Estado, toda a oferta do mercado primário (venda do incorporador ao cliente) seria esgotada em apenas 10 meses. No médio e alto padrão, esse esgotamento levaria 14 meses, o que também não é muito. Ambos índices locais estão alinhados com o cenário nacional, divulgado pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc).
Eduardo Borges, diretor de Economia e Estatística do Sinduscon-ES, traz alguns pontos que podem justificar esse momento. “Diferentemente do alto padrão, em que o cliente muitas vezes busca um novo imóvel como alternativa de investimento – e o compara com investimento bancário tradicional, em um contexto de juros altos -, o público do segmento econômico geralmente está comprando seu primeiro imóvel e não pode aguardar. A elevação da Selic não afeta tanto o financiamento imobiliário para esse segmento, que, em geral, utiliza recursos subsidiados pelo programa, além da poupança e FGTS”.
Os subsídios do governo federal e tetos do programa sofreram uma série de ajustes a partir de julho de 2023, com redução de juros, aumento dos subsídios, ampliação do prazo de financiamento, aumento do valor dos imóveis enquadrados, corte de impostos, entre outras medidas que ampliaram o poder de compra da população e a margem de lucro das incorporadoras.
Financiamento
O financiamento imobiliário tem sido peça-chave para sustentar esse dinamismo. Gava enfatiza que, mesmo com o impacto da Selic, há condições vantajosas para os compradores, como financiamentos de até 90% do valor do imóvel, prazos longos e juros pré-fixados. “Os juros pré-fixados são especialmente importantes porque oferecem previsibilidade ao orçamento mensal, permitindo que o comprador planeje suas finanças com mais segurança”, explica Gava.
Além disso, ele destaca um ponto fundamental: o financiamento imobiliário não prende o cliente à taxa contratada até o final do contrato. “A portabilidade de crédito imobiliário é uma ferramenta importante, especialmente em momentos como este. Ela permite ao cliente transferir o financiamento para outro banco que ofereça condições mais atrativas no futuro, garantindo economia com a redução dos valores das parcelas”, complementa.