Magno Malta reforçou que a fala sobre o caso envolvendo o atacante Vini Jr. foi retirada de contexto e mal interpretada.
Por Redação
Em entrevista a um programa de televisão na manhã desta quarta-feira (24), o senador capixaba Magno Malta (PL-ES) se retratou sobre a polêmica declaração dada na última terça (24) sobre o caso de racismo envolvendo o atacante brasileiro do Real Madrid Vinicius Júnior. O parlamentar reforçou que o trecho foi retirado de contexto e foi mal interpretado por opositores.
Durante audiência da Comissão de Assuntos Economicos (CAE), o senador afirmou que se fosse um jogador negro, entraria em campo com uma leitoa branca: “Dava um beijo nela e falava ‘olha como não tenho nada contra branco. Eu ainda como”.
No recorte feito da fala que durou oito minutos, Malta também aparece criticando a repercussão dada pela imprensa brasileira ao relatar o caso e acusou jornalistas de “revitimizar” o jogador, além de questionar os “defensores da causa animal” por não defenderem o “macaco”.
“As emissoras ficam com esse assunto desde ontem, reverberando e revitimizando ele, porque o assunto dá ibope para eles ganharem mais patrocinadores. É uma descaração isso. […] Cadê os defensores da causa animal que não defendem o macaco? Veja quanta hipocrisia, certo? O macaco é inteligente, é bem pertinho do homem. A única diferença é o rabo”, disse Malta.
O assunto prontamente viralizou nas redes sociais, com diversos opositores criticando fortemente as declarações do senador capixaba. O também senador pelo Espírito Santo e líder do PT no Senado, Fabiano Contarato (PT-ES), afirmou na noite de ontem que pedirá a abertura de inquérito de injúria racial contra Malta, no Supremo Tribunal Federal. Hoje, foi a vez do Psol anunciar que também representará contra o parlamentar.
Malta se defendeu das críticas e afirmou não se arrepender das falas ditas na audiência da CAE. O senador criticou o recorte da fala realizado pelos veículos de comunicação e afirmou que, na verdade, estava defendendo o atacante Vini Jr. do episódio de racismo.
“ Na verdade eu fiz uma defesa do Vini Jr. e condenei o racismo. […] O que eu pontuei é que, daqui a pouco, vamos ter outra confusão. Aí eu digo: onde estão os defensores da causa animal, que defendem os macacos? O macaco é inteligente, é rápido, é um animal engraçado. Fazendo uma analogia”, afirmou o senador que ainda classificou a repercussão como uma tentativa da esquerda de descredibilizar o seu mandato.
Malta foi fortemente criticado pelos apresentadores do programa. A jornalista Antonia Fontenelle, que relatou ter uma amizade com o senador, afirmou que as declarações do capixaba foram infelizes e que ele poderia usar o espaço para se retratar. O parlamentar então reafirmou que não foi racista, porém, direcionou um pedido de desculpas para a população negra.
“Não estou falando com a mídia, não estou falando mimizento que faz narrativa, não: se você é negro e se ofendeu com a minha fala, com a minha analogia, eu me desculpo. Não ofendi e não quis ofender, muito pelo contrário, quis defender e o fiz. Usando exatamente uma coisa que eu acredito […].” pontuou o senador.
Entenda o caso
O lance que deu origem ao episódio aconteceu aos 29 minutos da segunda etapa. Vinicius Junior tentou jogada pela esquerda quando uma segunda bola que havia sido arremessada no campo instantes antes foi chutada por Eray Cömert, atleta do Valencia, de maneira proposital para interromper o lance.
Naquele momento, Vini se dirigiu à parte da torcida valencianista que estava localizada atrás do gol do time local e apontou para torcedores que o insultavam chamando-o de macaco. O árbitro De Burgos Bengoetxea paralisou a partida e o sistema de som avisou que o jogo só seria retomado se as ofensas parassem.
A partida foi retomada depois de aproximadamente oito minutos de paralisação, com a polícia local sendo acionada
Já nos acréscimos da partida, Vini se envolveu em uma confusão com o goleiro Giorgi Mamardashvili e, após ser contido pelo adversário Hugo Duro com uma gravata, acertou o rosto do atleta do Valencia ao tentar se desvencilhar.
No fim, apenas o brasileiro foi punido, sendo expulso. Vinicius Junior saiu fazendo gestos mostrando o número dois com a mão, em provocação à torcida do Valencia. O clube briga para não cair para a segunda divisão espanhola.
