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quinta-feira, 25 abril, 2024

Lives, doações e empatia (ou a falta de)

Bom seria, especialmente no Brasil, se além de doações em espécie pudéssemos doar “empatia”

E lá vamos nós para o mês de maio. O mês “5” (estamos quase na metade do ano!), o mês das mães. O governo ensaia a reabertura do comércio na Grande Vitória (o que já anima os comerciantes diante da proximidade desta importante data do varejo e os movem para reconfigurações de seus espaços), os estabelecimentos de ensino seguem fechados (alunos estudando como podem) e o “se puder, fique em casa” segue como a principal estratégia para este tempo de pandemia.

Por aqui mil reflexões sobre o COVID e seus impactos sociais, econômicos e emocionais. Outros assuntos também ocupam a mente e me fazem refletir a comunicação nestes tempos instagramáveis, as experiências editadas e musicadas pelo aplicativo chinês TikTok (que não para de crescer e já reúne 1,5 bilhão de usuários produzindo e compartilhando vídeos) e a vida fatiada e temperada a gosto do creator, tudo em 15 segundos. Tem ainda o “E daí?”, projetado para além das fronteiras nacionais como símbolo do absurdo, da falta de empatia e até de irresponsabilidade institucional.

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Aliás, nos dias de hoje é preciso ter uma dose de cuidado, pois a reflexão tem sido “tachada” de julgamento e até para refletir temos que ter um certo “filtro”… que fase! Bons tempos aqueles de 1997, nas aulas de Filosofia (com o mestre Maurício Abdalla) em que a gente se expressava e colocava os assuntos em pauta, sem edição, cara a cara, elaborando “críticas” e sendo muito feliz! Ah, que fique claro o conceito aqui posto, baseado no estabelecimento de critérios para colocar um assunto em “crise” e assim conhecê-lo de forma mais ampla (inclusive na época foi um choque descobrir este conceito… para nós “criticar” era somente uma ação de avaliação e julgamento, algumas vezes “construtiva”, outras com viés pejorativo).

Mas voltemos aos tempos atuais, diante da multiplicidade da oferta de conteúdo na arena digital, onde especialistas e pessoas comuns têm compartilhado seus conhecimentos. Ainda que a audiência seja um fator limitante (o Youtube, por exemplo, só permite a realização de transmissões ao vivo para dispositivos móveis a partir de mil inscritos no canal), o Instagram garante a todos os usuários visibilidade por meio das lives e agora com mais uma ferramenta, a “Live Donations”, que permite aos usuários arrecadar doações nas transmissões ao vivo. Lançada no último dia 28, a intenção da plataforma é direcionar os recursos para organizações sem fins lucrativos. O Facebook (que tem sob seu guarda-chuva o Instagram e também o Whatsapp) trouxe para seu próprio sistema o que o Youtube faz por meio de sites externos. A empresa garante que mais de um milhão de instituições em todo mundo poderão receber a ajuda e que 100% do que for arrecadado será destinado a elas. O TikTok lançou recurso similar, porém com destinação direcionada aos projetos escolhidos pela empresa.

Bom seria, especialmente no Brasil, se além de doações em espécie pudéssemos doar “empatia”. Quem sabe assim poderíamos nos sentir um pouco menos vulneráveis diante deste tempo de incertezas e de declarações equivocadas sem conexão com a realidade.

Danielly Medeiros é jornalista e especialista em Economia para Jornalistas e Comunicadores Institucionais pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)

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