Lives realizadas por Do Val e blogueiros entraram na mira da PF após identificação de manobra no X
Por Robson Maia
Em documento encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF) na última sexta-feira (26), o X (ex-Twitter) tenta se eximir de responsabilidades das transmissões ao vivo realizadas na plataforma por contas bloqueadas pela Justiça brasileira. Uma das contas pertence ao senador capixaba Marcos Do Val (Podemos-ES), investigado pela Corte brasileira por suposta participação em um plano de golpe de Estado, além de ataques aos membros do STF.
O ofício ao ministro Alexandre de Moraes, responsável pelo caso, alega que os perfis recorreram a uma “manobra” para se comunicar por meio da plataforma. A manifestação da empresa foi enviada após Moraes solicitar explicações sobre um relatório da Polícia Federal (PF) que identificou que o X autorizou transmissão ao vivo de perfis de pessoas investigadas, como Do Val e do blogueiro Allan dos Santos.
De acordo com a PF, as transmissões aconteceram por meio de links presentes na descrição dos perfis bloqueados.
“Por fim, identificou-se também que o recurso ‘Espaços’ (Spaces) está sendo utilizado para permitir que usuários brasileiros da plataforma X possam interagir com pessoas que tiveram seus perfis bloqueados por decisão judicial”, diz parte do relatório.
Na resposta do X, é mencionado que os investigados “não utilizaram a funcionalidade ‘Spaces” (espaço de lives do X) por meio de suas próprias contas”, mas através de outros usuários da plataforma.
“Esses outros usuários –que não são objeto desta investigação e que não possuem medidas restritivas aplicadas em suas contas– convidaram os usuários bloqueados para participar, mascarando as suas atividades e permitindo que continuassem operando apesar das restrições impostas”, alega a empresa.
A plataforma ainda alega que essa “manobra” usada pelos usuários bloqueados não prova que “houve autorização ou permissão das Operadoras do X para o uso da funcionalidade”.
Do Val tem redes bloqueadas há quase 1 ano
As redes sociais do senador Marcos do Val estão bloqueadas desde junho de 2023 em razão da investigação sobre atos de 8 de janeiro, quando criminosos depredaram as sedes dos Três Poderes. O parlamentar é investigado também por participação na elaboração de um suposto golpe de Estado com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O senador capixaba já utilizou, em diversas ocasiões, a tribuna do Senado para contestar a decisão do ministro Alexandre de Moraes, classificando-a como autoritária e alegando ferir a liberdade de expressão e imunidade parlamentar.