A Polícia Civil investiga o esquema de reutilização de materiais em cirurgias, após passarem reprocessamento
Mais uma etapa da Operação Lama Cirúrgica foi realizada na manhã desta quarta-feira (28). A Polícia Civil cumpriu mandados de prisão contra dois médicos da área ortopédica que trabalhavam em hospitais da Grande Vitória.
O caso é investigado pelo Núcleo de Repressão a Crimes Organizados e à Corrupção (Nuroc). A operação descobriu o esquema de adulteração de materiais cirúrgicos destinados a hospitais capixabas. A prisão preventiva de Rodrigo Souza e Marcos Robson aconteceu após a Justiça expedir mandado de prisão.
A polícia constatou que mais de 2,5 mil materiais descartáveis foram reutilizados, depois de passarem por reprocessamento, o que é ilegal. Os produtos eram destinados a cirurgias ortopédicas em hospitais privados. O caso tomou repercussão nacional.
No último dia 21, um dos detidos pela Lama Cirúrgica no mês passado foi liberado. O enfermeiro Thiago Waiyn. A determinação para soltá-lo foi da Justiça. Junto com ele, haviam sido presos em janeiro os empresários Gustavo Deriz Chagas e Marcos Roberto Krohling Stein.
Orientações
O Conselho Regional de Medicina (CRM-ES) orientou as unidades hospitalares do Espírito Santo pela suspensão imediata do uso de qualquer material fornecido pelas empresas Golden Hospitalar e Alfa Medical. Elas são investigadas pelo Nuroc. Em nota, o CRM reafirmou que é de fundamental importância que o fluxo de entrada e de descarte desses materiais seja revisto pelas unidades hospitalares, a fim de evitar riscos aos pacientes e transtornos de toda ordem.
A Sociedade de Infectologia do Espírito Santo (Sies) também emitiu nota para esclarecer sobre a informação de haver risco da infecção até 10 anos após o procedimento com um material reutilizado. A instituição explicou que a definição de infecção adotada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) se restringe a 90 dias, quando há colocação de implantes. Assim, a Sies tranquiliza os pacientes que fizeram alguma cirurgia em período superior a este.
Aos pacientes que realizaram o procedimento mais recentemente, deve-se prestar atenção nos sinais sugestivos de infecção, que são dor, aumento da sensibilidade, edema local, hiperemia ou calor.