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sábado, 27 abril, 2024

Karla Coser: não basta ser mulher, tem que ser comprometida com a causa feminina

Única vereadora da capital, Karla tem como uma das pautas a luta por mais mulheres na política

Por Redação

Eleita para o cargo de vereadora do município de Vitória com 1.961 votos nas eleições em 2020, Karla Coser (PT) é conhecida por uma forte oposição à atual administração municipal, liderada por Lorenzo Pazolini (Republicanos). Entretanto, as lutas da única vereadora mulher da Câmara Municipal da capital capixaba se estendem em várias frentes, como a valorização do servidor público municipal e projetos voltados para os cuidados mentais da população.

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Filha do ex-prefeito de Vitória e atual deputado estadual, João Coser (PT), Karla adotou como estratégia desde o princípio de seu primeiro mandato na CMV a oposição à gestão Lorenzo Pazolini. Em suas redes sociais, a vereadora mantém o discurso crítico e, quase sempre, contrário às várias medidas anunciadas pelo gestor municipal, como no caso em que o prefeito acatou o pedido do Ministério Público do Espírito Santo (MPES) solicitando o cancelamento dos desfiles de carnaval no Centro de Vitória.

Contudo, mesmo num cenário desfavorável junto a base administrativa do município, a petista destaca os avanços conquistados no mandato, sobretudo no projeto voltado ao alerta para a saúde mental e na defesa da valorização dos servidores públicos da cidade.

“As principais ações do mandato são a defesa intransigente dos servidores e dos serviços públicos na cidade de Vitória, que estão sucateados na minha avaliação graças a essa gestão atual. A gente tem cobrado porque a cidade precisa de mais gente trabalhando para garantir o serviço de excelência que sempre tivemos. Tenho também abordado bastante as questões sobre a saúde mental das pessoas. Conseguimos uma vitória em um projeto que coloca o “188” (linha de prevenção ao suicídio e de atendimento psicológico prévio) nos elevadores de prédios comerciais e prédios públicos. Seguimos na defesa em todos os aspectos das pessoas que são mais vulneráveis”, disse Karla à ES Brasil.

O isolamento político em relação à base do governo municipal não é o único enfrentado por Karla. Ela também é a única vereadora da capital do Espírito Santo – Camila Valadão (PSOL), também eleita para o cargo em 2020, foi eleita para o cargo de deputada estadual. Coser reforçou a necessidade de uma maior participação feminina tanto no Poder Legislativo, quanto no Executivo.

“Quando eu decidi me candidatar, a gente fez uma pesquisa e apenas seis mulheres tinham sido eleitas como vereadoras em Vitória. Isso me chocou bastante porque é um número muito pequeno. De quase 860 vereadores no estado, são apenas 93 mulheres, um pouquinho mais do que 10%. Para mudar esse panorama de desigualdade entre mulheres e homens ocupando os cargos do executivo e legislativo da Grande Vitória, a gente precisa de candidaturas femininas competitivas e de mais mulheres ativas na política. Inclusive que estejam comprometidas com essa pauta, porque é o que eu sempre digo: não basta ser mulher, tem que ser mulher comprometida com a mudança e a transformação da vida de outras mulheres.” 

Para a sequência do mandato, a vereadora projeta ações voltadas para a conscientização dos direitos das mulheres, além do prosseguimento de políticas voltadas aos cuidados mentais.

“A gente tem um projeto em andamento que visa ações em eventos públicos grandiosos, como shows e partidas de futebol, para falar sobre enfrentamento da violência contra mulher. Também estamos prosseguindo com o programa de proteção e garantia da saúde mental dos profissionais da segurança. Entendemos que esse é um terreno que está sendo pouco cuidado pelos pelo poder público”, concluiu a vereadora.

Confira outros destaques de Karla em entrevista à ES Brasil.

ES Brasil – Qual é o momento que mais te marcou na política nesses anos?

Karla Coser – Foi durante uma manifestação no ano passado. Uma professora me abraçou e chorou comigo agradecendo por ser voz dela aqui [Câmara de Vitória]. Às vezes a gente não consegue entregas factíveis, por conta de sermos oposição, mas as nossas falas e denúncias tocam a vida das pessoas.

Como enxerga a participação feminina no poder legislativo capixaba, sobretudo diante da ausência de prefeitas na Grande Vitória?

Quando observamos a presença, é na posição de vice-prefeitas, e é sintomático quando a nossa legislação decide designar recursos para candidaturas femininas e de mulheres negras e elas ocupam apenas a composição da chapa para gerar recursos. Muitas vezes são apagadas no exercício do seu cargo. Isso é uma coisa que a gente não pode aceitar. Então eu acho que está na hora de um movimento para as mulheres serem as candidatas.

Qual mensagem você deixa para as mulheres que lutam na política e por uma sociedade mais igualitária?

Sejam fortes! Todas as vezes eles tentam nos tirar da política, nos rotulando como mimadas,  dizendo que não sabemos perder, falando que a gente está muito “emotiva” por conta dos nossos hormônios. Sei que é difícil, mas a gente tem que juntar forças e nos unirmos. As mulheres, quando estão em redes e trabalhando em conjunto, conseguem chegar muito mais longe. A política, definitivamente, é um espaço para nós, e quanto mais mulheres estiverem na política, a gente vai conseguir mudar a sociedade. Essa é a minha crença. Por isso que eu trabalho todos os dias e seguirei até quando todos os parlamentos do Brasil tiverem pelo menos 50% de mulheres.

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