Motoristas e moradores apontam semáforos fora de sincronia, acessos lentos e falta de educação dos condutores como problemas na via
Por Kebim Tamanini
Quem precisa utilizar a Avenida Maruípe para transitar por Vitória tem exercitado bastante a paciência. O fluxo viário é frequentemente interrompido por gargalos que afetam toda a região. Nos horários de pico, pela manhã das 7h às 9h e no fim da tarde para o início da noite, das 17h às 20h, o problema se agrava ainda mais.
Motoristas relatam que chegam a perder até 1 hora para percorrer pouco mais de quatro quilômetros. O problema também afeta os pedestres, que preferem caminhar até a Reta da Penha para pegar um ônibus, evitando o transporte público na via.
“Eu caminho até a Avenida Reta da Penha para evitar o engarrafamento. Se eu pegar o ônibus no ponto próximo ao meu trabalho, levaria cerca de uma hora para chegar à Reta da Penha”, explica Messias Lima Ribeiro, que trabalha numa empresa próxima ao Hospital Santa Rita.
A mesma situação é enfrentada por Lucélia Moreira de Melo, uma vendedora da região que, pela manhã, utiliza o ônibus como meio de transporte, mas à tarde prefere retornar caminhando. “Isso se deve ao longo tempo que passamos no ponto de ônibus aguardando a chegada do veículo. Além disso, enfrentamos congestionamentos e períodos de espera prolongados. Às vezes, ficamos parados por até meia hora ou 40 minutos, enquanto poderíamos percorrer o trajeto a pé em apenas 20 minutos”, relata a moradora do bairro Santa Marta.

Fatores
Messias aponta os semáforos dessincronizados como fonte do congestionamento. “O problema são os dois semáforos, um logo atrás do outro, na altura do Quartel da Polícia. Geralmente, quando um está vermelho, o outro está prestes a ficar verde, mas permanece vermelho mesmo assim. Isso resulta em uma paralisação total, onde ninguém avança, ninguém se move e nada acontece”.
O fato é que a Avenida Maruípe recebe veículos de vários pontos da cidade que desembocam em sua extensão, principalmente no fim do percurso, já chegando na Reta da Penha. São carros que chegam da Av. Marechal Campos, da Rodovia Serafim Derenzi, da Av. Leitão da Silva e das ruas dos bairros que fazem limite na região.
Além disso, existem pontos de grande movimentação, tais como diversos hospitais de alta complexidade, o Quartel da Polícia Militar do Espírito Santo, escolas e outros. Tudo isso é somado a um semáforo próximo ao quartel, que trava a circulação na via para os carros entrarem na Av. Serafim Derenzi, deixando o tráfego em uma pista.
Especialista em mobilidade urbana, Tarcísio Bahia destaca o rápido crescimento da cidade no período em que não havia um plano diretor urbano. “Há essa situação específica naquela via da Maruípe, que é estreita devido à quantidade de veículos que transitam pela cidade hoje. Essa via é uma rota de passagem entre uma parte da cidade, que é a parte continental, até o centro e até mesmo em direção a outros municípios”, esclarece Tarcísio, lembrando que esta parte da cidade já estava ocupada quando o primeiro PDU ficou pronto, em 1984.

Existem soluções?
“Uma alternativa viável seria modificar a conversão no semáforo do cruzamento com a Serafim Derenzi, obrigando os veículos a seguir um trajeto mais amplo, como já ocorre em outras partes da cidade. Por exemplo, eliminando a conversão para quem vem de Jucutuquara em direção à Reta da Penha. Isso deixaria as pistas livres até o cruzamento com a Leitão da Silva, proporcionando uma melhoria significativa no fluxo de veículos”, explica o especialista em mobilidade urbana, Tarcísio Bahia.
Ele ressalta que essa medida penaliza aqueles que precisam virar à esquerda para ir para a Serafim Derenzi, mas eles poderiam contornar a Leitão da Silva, uma alternativa já adotada em muitos lugares para facilitar o tráfego. “Essas mudanças eliminam a necessidade do sinal de três tempos, contribuindo para uma maior fluidez do trânsito e beneficiando a maioria dos veículos que transitam na região”, acrescenta Bahia.
Além disso, é importante abordar a questão da mobilidade urbana de maneira mais ampla. Tarcísio relata que investir em um transporte público de qualidade é fundamental para incentivar as pessoas a usarem menos o carro, pois com menos veículos particulares nas ruas, o trânsito tende a melhorar significativamente.
Essas são apenas algumas das medidas que podem ser tomadas para enfrentar os desafios da mobilidade urbana na Avenida Maruípe, que atualmente está fazendo as pessoas que trafegam por lá gastarem até uma hora para se deslocar no trecho de 1,6 quilômetros.
Haverá mudanças?
A equipe de reportagem da ES BRASIL procurou a gestão municipal responsável pela Avenida Maruípe. Segundo a Secretaria de Transportes, Trânsito e Infraestrutura Urbana de Vitória (Setran), nos pontos onde há gargalos e nos horários de pico, técnicos do órgão avaliam mudanças para que o trânsito flua melhor. Foi informado, ainda, que já estão sendo feitos ajustes nos tempos dos semáforos nos locais indicados e que esse trabalho terá sequência nos próximos dias.
A prefeitura também destacou que a Guarda Civil Municipal de Vitória (GCMV), por meio da Gerência de Operação e Fiscalização de Trânsito (GOFT), realiza ações de fiscalização na via e monitora o fluxo de veículos na região, visando evitar grandes retenções nos horários de pico.
Contudo, nossa equipe de reportagem esteve no local para verificar se já houve mudanças e se havia guardas municipais realizando ações de organização do trânsito, mas a situação não era diferente da nossa primeira visita. Veja no vídeo abaixo algumas cenas que motoristas e passageiros enfrentam devido ao gargalo na Avenida Maruípe.