Simples vendedor da Companhia Souza Cruz, tinha o sonhador, no entanto, uma predestinação muito maior. O Rio de Janeiro era apenas o primeiro passo para o jovem, filho de modesta família de Barra do Pirai, na caminhada que por sua determinada vocação lhe estava reservada.
Expedito Garcia deixava sua pequena cidade porque vislumbrava, além daquele momento, um futuro promissor que lhe seria aberto porque acreditava que seus sonhos eram possíveis e que as oportunidades até por isso não lhe seriam negadas.
A segunda guerra mundial levara a Europa a um caos, mergulhando os países daquele Continente numa gravíssima crise social e econômica. O Brasil, até certo ponto alheio ao conflito, via abrirem-se amplas perspectivas para um novo momento. O filho do casal José da Rosa Garcia e Adalgisa Cordeiro Garcia pressentiu a conjuntura e se preparou para voos mais altos. O destino levou-o a conhecer, num baile no clube do Flamengo , Lilia Nuro Garcia, a mulher com quem formaria família e iria servir de inspiração e estímulo para um novo e decisivo passo.
O Espírito Santo atravessava no período distante da guerra uma fase de demarrage econômico e industrial, um chamamento para quem tivesse força e inspiração para participar daquele momento histórico. Foi assim que Expedito Cordeiro Garcia pressentiu com sua visão premonitória o mesmo futuro que naquele ano de 1941 Stefan Zweig escrevera em seu livro sobre o Brasil. Começou logo, que o tempo não podia esperar . Implantou na cidade ainda uma província três empresas – a Companhia Comercial de Couros Ltda., Industriais Bovinos Capixaba Ltda. e a Imobiliária Itacibá S.A.
A Imobiliária, revolucionando o sistema de urbanização da época, abriu ruas e praças fazendo nascer ali o hoje populoso Bairro Campo Grande. O surto de progresso da região de Campo Grande, Itacibá e Cariacica iria num futuro próximo ganhar maiores dimensões com o grande frigorífico projetado por Expedito Garcia. Quem trafega hoje pela estrada que liga Itacibá à BR 101/262 certamente não conheceu a perigosa e sinuosa estradinha de terra que atravessava o bairro de Itaquari quando Expedito Garcia se bateu e conseguiu sua modernização.
Um dos muitos motivos para justificar a reverência que se presta à memória do grande empreendedor é a doação por ele feita ao antigo DNER – Departamento Nacional de Estradas e Rodagem , sem nenhum custo, das terras de sua imobiliária para dar curso à rodovia 101/262, decisiva iniciativa para o desenvolvimento de Campo Grande. Paralelamente ao seu trabalho como empresário, Expedito Garcia participou de numerosas atividades sociais. Foi sócio fundador do Siribeira Clube (Guarapari), do Santo Antônio FC e sócio fundador do Lions e do Rotary – dois importantes clubes internacionais de serviço . Como membro da maçonaria, teve papel de relevo nas iniciativas do movimento.
Como outro destacado nome da vida do Espírito Santo, o deputado Gil Velozo, vitimado num acidente na rodovia Brasília-Vitória, a vitoriosa carreira de empreendedor de Expedito Garcia foi interrompida brutalmente em maio de 1959 num desastre de avião no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo. O grande benfeitor de Campo Grande morreu aos 45 anos e com ele sua filha Maria Lúcia, a quem acompanhava na trágica viagem.
A marca de sua passagem entre nós, no entanto, não ficou apenas na memória dos seus feitos. A Avenida Expedito Garcia, antes uma estradinha de terra, hoje um dos logradouros mais movimentados entre todas as cidades do Espírito Santo , teve o seu nome nela gravado visando a imortalidade do seu grande inspirador. (Copidesque: Rubens Pontes).