Também ex-presidente do Banco Central, o economista capixaba se destacou no setor público tendo ocupado diversos cargos
Por Amanda Amaral
O economista Ernance Galvêas morreu, na noite de terça-feira (23), aos 99 anos, no Hospital Samaritano, em Botafogo, Rio de Janeiro. Nascido em Cachoeiro de Itapemirim, no Espírito Santo, o ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do Banco Central (BC) se destacou no setor público. A causa da morte não foi informada.
Funcionário de carreira do Banco do Brasil, Galvêas assumiu vários cargos no governo federal, entre eles, a presidência do BC, nos governos Costa e Silva e Médici, período de 1967 a 1979. Depois de atuar na iniciativa privada, no governo João Figueiredo (1979-1985) retornou à presidência do Banco Central por um breve período (agosto de 1979 a janeiro de 1980), assumindo em seguida o Ministério da Fazenda.
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Visibilidade para economistas
O Conselho de Economia do Espírito Santo (Corecon-ES) lamenta a morte do economista. O presidente da entidade, Claudeci Pereira Neto, destacou que no início do século passado, a opção por seguir carreira no setor público não era comum entre os colegas de profissão.
“Os economistas na época não gostavam de se envolver, em atuar com política. A partir da crise de 1929, com base nas ideias de John Maynard Keynes – economista britânico pai do Keynesianismo, esse pensamento mudou”, comentou Neto.
Para o presidente do Corecon-ES, Galvêas foi incentivador para as gerações que o seguiram. “Ele estudou muito sobre esse processo de os economistas ganharem visibilidade por meio do setor público, o que ajudou muita nossa profissão, principalmente, os jovens economistas, que passaram a sonhar em atuar na administração pública”, lamentou.
Ao lado de Delfim Netto, então ministro-chefe da Secretaria de Planejamento (Seplan), Galvêas passou a comandar a equipe econômica do governo. Sua chegada ao ministério ocorreu durante a segunda crise do petróleo (1979-1980), momento em que o governo buscava combater a inflação, equilibrar o balanço de pagamentos, reduzir a dependência de energia importada e, sobretudo, conceber uma estratégia que possibilitasse o ajustamento da economia brasileira a uma nova realidade econômica internacional.
Referência no setor público
“Galvêas era uma referência, tanto que a partir de 1991 continuou atuando como consultor econômico da Confederação Nacional do Comércio. Era uma pessoa muito indicada, muito requerida pelos governos, inclusive por representantes do PT – Partido dos Trabalhadores. Ele tinha muita experiência com finanças públicas e em como lidar com políticas públicas”, lembrou Claudeci Neto.
Nos anos 90, Ernane Galvêas integrou um órgão consultivo do governo do Espírito Santo, criado pelo governador Vítor Buaiz (PT) para apresentar projetos estratégicos para o Estado.
Saiba mais
Galvêas ingressou no Banco do Brasil em 1942. Fez curso de extensão em política monetária no Centro de Estudos Monetários Latino-Americanos, México. Era formado também em direito Direito. Além disso, estudou no Economic Institute, em Wisconsin, e na Yale University, em Connecticut, instituição na qual obteve o grau de mestre.
Em 1961, integrou a delegação brasileira que esteve presente à reunião do Conselho Interamericano Econômico Social da Organização dos Estados Americanos (OEA), em que foi criada a Aliança para o Progresso. Em 1962, o economista capixaba foi contratado pelo Banco Intramericano de Desenvolvimento (BID), participou de uma equipe de técnicos latino-americanos incumbida de elaborar um estudo sobre o financiamento das exportações de bens de capital.
O economista também integrou os conselhos deliberativos da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e da Superintendência Nacional de Abastecimento (Sunab).
Com informações da Agência Brasil.