Estado Islâmico assume autoria do primeiro ataque extremista ao Irã desde a Revolução Islâmica, de 1978. Pelo menos 12 pessoas morreram.
Estado Islâmico (EI) assume autoria dos dois ataques de homens armados em Teerã nesta quarta-feira (7). Um contra o Parlamento iraniano e outro ao mausoléu do aiatolá Khomeini. As ações deixaram pelo menos 12 mortos e cerca de 40 feridos.
A reivindicação de autoria do EI surpreendeu autoridades, pois nunca havia ocorrido no Irã. O grupo extremista islâmico divulgou um vídeo que mostra o que seriam imagens de dentro do prédio do Parlamento. O local ficou sob ameaça durante horas de tiroteios.
Já no ataque ao mausoléu, um homem-bomba se explodiu e outro foi morto a tiros. Além disso, autoridades iranianas afirmam ter impedido a um terceiro ataque.
A mídia iraniana disse que quatro indivíduos foram mortos por forças de segurança no interior do prédio. Ainda não está claro se a soma de 12 mortes inclui os responsáveis pelos ataques. Cerca de 40 pessoas foram feridas nos dois atentados, de acordo com o chefe do serviço de emergência Pir Hossein Kolivand.
Invasão
O prédio do Parlamento foi invadido por homens armados de fuzis Kalashnikov,
supostamente vestidos de mulher. Autoridades iranianas negaram que pessoas tinham sido feitas reféns dentro do Parlamento. Porta-voz, Ali Larijani, minimizou o ataque, classificando-o de “incidente menor”.
O ataque ao mausoléu no sul de Teerã dedicado ao fundador da República Islâmica, o aiatolá Ruhollah Khomeini, teria ocorrido por volta das 10h40 do horário local (3h10 de Brasília). Um dos autores do ataque morreu ao detonar um colete-bomba e outro foi morto
por forças de segurança, segundo a TV estatal Irib.
Estado Islâmico
Apesar do envolvimento do Irã no combate ao Estado Islâmico tanto no próprio país quanto na Síria, o grupo sunita não havia realizado ataque algum no interior Irã. Nos últimos meses, o grupo intensificou os esforços de propaganda na língua farsi – com foco na minoria sunita rebelde do Irã, e as agências de inteligência afirmam ter frustrado uma série de possíveis ataques do EI, segundo informações do UOL.
Aiatolá Khomeini
O Aiatolá Sayyid Ruhollah Musavi Khomeini foi uma autoridade religiosa xiita islâmica. Em 1964 foi para o exílio no Iraque, após o seu criticismo reiterado do governo do xá Reza Pahlavi. Segundo Khomeini, o xá governava de forma corrupta e despótica.
Permanaceu no Iraque até 1978, depois foi pra França. Líder espiritual e político da Revolução Iraniana de 1979, depôs Mohammad Reza Pahlavi. Governou o Irã desde a deposição do xá até a sua morte em 1989.
Irã X Iraque
Temendo que a revolução se expandisse, os países ocidentais passaram a apoiar o regime de Saddam Hussein. Em 21 de setembro de 1980, o exército iraquiano atacou a fronteira iraniana, sob a justificativa de uma velha disputa pela zona do Shatt Al–Arab. O verdadeiro objetivo era debilitar o regime iraniano para inviabilizar o avanço da ‘Revolução Islâmica’.
Hussein era financiado pelo Ocidente e alguns países Árabes da região. Empresas europeias disponibilizaram armas químicas, usadas principalmente contra al-deias curdas. A Guerra durou de 1980 a 1988. Nesse período foram mortas 300.000 pessoas no Irã, e centenas de milhares fica-ram com graves sequelas. O Irã chocou o mundo ao usar “soldados-crianças” no conflito, inclusive para desarmar minas terrestres iraquianas.
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