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quinta-feira, 2 maio, 2024

Erosão desafia conservação do solo e prejudica agricultura

Projeto recupera áreas com capacidade produtiva comprometida no Sul do Estado

Por Kikina Sessa

A segurança alimentar, a biodiversidade e o clima do planeta dependem do solo. Por isso, o manejo correto é tão importante. E um dos problemas que mais prejudicam o solo é a erosão, um processo natural que ocorre em qualquer tipo de terreno, mas práticas inadequadas são capazes de aumentar esse dano, reduzindo a capacidade produtiva, diminuindo a fertilidade do solo e a retenção de água.

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Uma das práticas aconselhadas para evitar a erosão é manter uma cobertura constante sobre o solo. Estudos da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) mostram que cerca de 33% dos solos agrícolas no mundo estão num estágio de manipulação entre moderado e forte.

Além disso, solos saudáveis possuem uma maior capacidade de retenção de água, o que pode ajudar a enfrentar desafios relacionados à seca e à erosão, fenômenos diretamente ligados às mudanças climáticas.

“As tecnologias para uma efetiva conservação do solo nós já conhecemos e o refinamento desse conhecimento é contínuo. Entretanto, falta harmonia entre os pilares que tornam sustentável a conservação dos solos, que são a conscientização, as políticas públicas e a legislação. Dessa harmonia dependem nosso presente e nosso futuro, bastando para isso corrigir os erros cometidos no passado”, afirma André Guarçoni, pesquisador do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper).

Incaper desenvolve projeto para recuperar pastagens

Projeto de pesquisa desenvolvido pelo Incaper busca transformar as áreas que estão com a capacidade produtiva comprometida em áreas produtivas, utilizando nutrientes mais responsivos e com baixo custo de aquisição, por meio das ações de Pesquisa e Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater).

O projeto intitulado “Nutrição Mínima para a Recuperação de Pastagem Degradada” é desenvolvido desde 2022 nos municípios de Mimoso do Sul, Guaçuí e Afonso Cláudio, com recursos da Secretaria da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag),
via Edital Banco de Projetos Seag e Fundação de Apoio à Pesquisa do Espírito
Santo (FAPES). 

Para colocar o projeto em prática, foram implementadas três unidades de validação em áreas de pecuaristas, uma em cada município onde é utilizada a nutrição mínima para a recuperação de pastagem degradada. Nas unidades, estão sendo validadas quatro tecnologias em relação à produtividade de capim, cobertura do solo e custo. São elas: pousio, calcário, calcário junto a gesso e calcário mais fosfato natural reativo.

“Os pecuaristas já utilizavam na prática esse princípio de forma intuitiva, mas agora podem ter mais segurança, uma vez que o processo de validação confirma o que previamente deduzimos”, explicou Guarçoni.

O extensionista Wescley Marion reforçou que esse é um processo de recuperação de pastagens acessível aos pecuaristas do Estado, por ser economicamente viável, já que utiliza doses mínimas de insumos. “Essa é uma alternativa, especialmente em propriedades onde existe dificuldade em relação à mecanização agrícola, sendo dispensadas práticas de preparo do solo que comumente são realizadas de forma tratorizada”, salientou.

“Está sendo uma experiência enriquecedora, pois temos a oportunidade de apresentar aos pecuaristas os resultados na prática. A unidade de Guaçuí nos permitiu, em pouco tempo, verificarmos uma grande diferença quanto à cobertura de solo. São de extrema importância ações como essa, já que auxiliam o pecuarista na melhor tomada de decisão, ou seja, o que fazer diante de situações de degradação de pastagens, pois os recursos financeiros são escassos”, explicou a extensionista do Incaper Lorena Ribeiro.

Erosão desafia conservação do solo e prejudica agricultura
Unidade de validação do projeto em Guaçuí, onde é possível ver áreas em recuperação em pastos ainda degradados – Foto: André Guarçoni/Incaper

Confederação recomenda medidas

A Confederação Nacional de Municípios (CNM) destaca que a preservação do solo é fundamental para a agricultura, a produção rural e também impacta diretamente no meio ambiente e ecossistemas. Por conta disso, devem ser adotadas práticas adequadas de manejo, promovendo a restauração das condições de equilíbrio e sustentabilidade.

A entidade enfatiza que a preservação do solo desempenha um papel crucial na mitigação das mudanças climáticas e contribui para a redução das emissões de gases de efeito estufa, além de minimizar os impactos ambientais. A conservação pode auxiliar na captação de carbono da atmosfera, diminuindo a emissão de dióxido de carbono, um dos principais gases contribuintes para o aquecimento global.

Propostas da Confederação Nacional dos Municípios

Os municípios podem contribuir com a preservação do solo por meio de diversas ações de incentivos. Confira algumas delas:

  • Ações de reflorestamento: auxiliam na recuperação da área degradada, diminuição de CO2, na conservação da biodiversidade, proteção da fauna, flora e bacias hidrográficas, redução da poluição, diminuição das mudanças climáticas, o controle da erosão e deslizamento.
  • Conservação da vegetação nativa,evita o desmatamento e as queimadas.
  • Coleta domiciliar regular: evitar a poluição por resíduos destinados de forma inadequada contribui a manter a qualidade dos solos.
  • Educação ambiental rural: é essencial levar informações aos agricultores sobre a importância do combate à degradação do solo.

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