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sexta-feira, 19 abril, 2024

Empresas traçam perfil do novo profissional

O período de crise, somado à retomada da economia, faz com que empresas invistam em estratégias de gestão, abrindo espaço para novas áreas de atuação

*Lui Machado

Falar sobre os últimos anos do setor produtivo do país é fazer uma retrospectiva de crises sucessivas na vida política e na economia nacional. No meio das violentas turbulências causadas pelo crescimento da inflação, dos escândalos em Brasília e da elevação da taxa básica de juros às alturas, fatos que marcaram os últimos quatro anos, as empresas viram de perto a necessidade de se reorganizarem.

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Em um contexto de imposição de constantes desafios para as empresas brasileiras, com portas se fechando e enxugamento de custos, “arrumar a casa” virou palavra de ordem. Mais que isso: uma estratégia de sobrevivência. Agora, com o Brasil finalmente respirando ares de otimismo, a gestão empresarial tem demandado profissionais atualizados e portadores de habilidades específicas para encarar um mercado repleto de mudanças constantes.

Negócios inteligentes

Uma das principais mudanças em termos de gestão nas organizações é a implementação do business inteligence (BI), cada vez mais constante nos vários processos de nas empresas. O termo, em inglês, refere-se ao processo de coleta, organização, análise de dados e monitoramento de informações que oferecem suporte à gestão de negócios.

Marcelo Saintive, diretor executivo do Instituto de Desenvolvimento Industrial do Espírito Santo (Ideies), explica que o BI consiste em um conjunto de teorias, metodologias, processos, estruturas e tecnologias que transformam uma grande quantidade de dados brutos em informação de extrema relevância para tomadas de decisões estratégicas.

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“Quanto mais a tecnologia avança em velocidade e dados de processamento, mais eu preciso me apropriar dos melhores dados inerentes ao meu negócio” – Jefferson Cabral, diretor executivo da UVV-ES Business School – Foto: Sarah Dias

Com isso, profissionais capacitados para tratar do business inteligence tem sido cada vez mais procurados, uma vez que existe uma tremenda dificuldade de encontrar pessoas que saibam fazer a análise desses dados e utilizá-los da forma adequada.

“O BI representa a melhor forma de organização interna, dando a possibilidade de controle e de visão para traçar novas estratégias de acordo com as condições que o mercado oferece no momento em questão. As suas informações geram insights e apontam tendências aos gestores”, afirma.

Para Jefferson Cabral, diretor executivo da UVV-ES Business School, a busca de profissionais ligados à área nas empresas está atrelada à necessidade cada vez maior dos empreendimentos de interpretar os dados em mãos de forma adequada. “É uma maneira de encontrar soluções e com isso dar mais competitividade ao negócio. Quanto mais a tecnologia avança em velocidade e dados de processamento, mais eu preciso me apropriar dos melhores dados inerentes ao meu negócio”, pontua.

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Fonte: Social Media Trends 2017. Dezembro de 2017

“Isso faz com que a empresa ganhe em economia de tempo, melhores estratégias e planos, melhores decisões táticas, processos mais eficientes e economia de custos”, completa Saintive.
Nesse sentido, a coleta e a análise de um volume gigantesco de dados são fundamentais para que os empreendimentos se mantenham competitivos. “É realmente uma questão de sobrevivência em qualquer negócio”, afirma Jefferson Cabral.

Presença digital

Não foi apenas a forma de gestão das empresas que mudou. A maneira de se prospectar novas oportunidades de mercado, de se alcançar melhores estratégias de marketing e de se colocar no mercado também passou por profundas transformações.

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“É preciso ter avidez por notícias, saber fazer a captação de tendências, estar atento aos movimentos do mundo e das marcas”
Carla Knoplech, sócia-proprietária da Forrest – Conteúdo e Influência – Foto: Divulgação

Essas mudanças são percebidas na própria sociedade, influenciada pelo enorme avanço tecnológico das últimas duas décadas que tem impulsionado as pessoas a estar cada vez mais conectadas. Nesse contexto, o marketing feito nas plataformas digitais ganhou extrema importância para qualquer tipo de negócio, de forma que é quase impossível pensar no êxito de qualquer empreendimento sem ter o mínimo de presença on-line.

É bem verdade que o marketing digital não é exatamente uma novidade, pois vem se desenvolvendo ao longo dos últimos 15 anos. Na verdade, o crescimento de agências especializadas na área nos últimos é um dos muitos sinais da importância da atividade para os novos modelos de negócios do século XXI, algo que as empresas apenas na última década começaram a olhar com mais atenção.

“Essa área de marketing digital tem crescido em uma velocidade exponencial. Embora ela sempre tenha existido, foi a partir dos últimos cinco, seis anos que a preocupação do marketing nas mídias digitais passou a ter uma relevância maior, principalmente por causa das redes sociais.” Quem afirma é a comunicóloga e professora de Marketing em Mídias Digitais da Estácio de Sá (RJ), Carla Knoplech.

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Fonte: Pesquisa “Graturidade do Compliance no Brasil” – KPMG e entrevistados

 

Desde 2016 à frente de uma agência de produção de conteúdo e influência digital, a Forrest – Conteúdo e Influência, Carla é testemunha do aumento da importância da área de marketing digital para as empresas. “As crises fizeram com que os gestores passassem a perceber que existe uma forma barata e muito eficaz de atingir o seu público. O marketing digital alcançou esse status de ser um investimento que não dá para não investir, de tão estratégico que pode ser”, explica.

“É uma área em franca expansão e tem um universo enorme de possibilidades, alavancado por esse avanço exponencial da tecnologia. É um caminho sem volta e que as empresas devem olhar com muito carinho”, ressalta Jefferson Cabral.

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“O BI representa melhor a forma de organização interna, dando a possibilidade de controle e de visão para traçar novas estratégias de acordo com as condições que o mercado oferece no momento em questão” – Marcelo Saintive, diretor executivo do Ideies

Prova disso é que, segundo levantamento da empresa Rock Content, especializada em produção de conteúdo e estatísticas nas redes sociais, 92,1% das empresas brasileiras estão presentes nas redes sociais. Entre os objetivos estão divulgação da marca, engajamento da audiência, aumento do tráfego do site e elevação de vendas e do número de clientes.

Outro sinal dessa expansão é o contínuo crescimento do comércio on-line. Em 2017, o faturamento do e-commerce no Brasil foi 12% maior que em 2016, movimentando R$ 59,9 bilhões. As projeções para 2018 é que o faturamento em compras on-line cresça 15%. Os dados são da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm).

De acordo com Carla Knoplech, o incremento dessa demanda também mudou o perfil de colaboradores, com novas habilidades para lidar com essa realidade de mercado. “É preciso ter avidez por notícias, saber fazer a captação de tendências, estar atento aos movimentos do mundo e das marcas. No mercado não há mais espaço para empresas com uma visão ultrapassada. Empreendimentos, gestores e colaboradores precisam estar dispostos a aprender o novo e buscar uma evolução constante”, defende.

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Olho nas normas

Outra atividade que tem crescido bastante no Brasil é a de compliance. O termo, em inglês, é derivado de comply – algo como “estar em conformidade com as regras. Em outras palavras, o foco dessa atividade é manter a empresa em conformidade às regras normativas de órgãos reguladores, de acordo com as atividades desenvolvidas pela sua empresa, bem como dos regulamentos internos, principalmente aqueles inerentes ao seu controle interno.

Para Edson Queiroz, sócio responsável do Grupo Empresarial OCEQ e professor de Ciências Contábeis da Faesa, o aumento da procura pela atividade de compliance está evidente e intimamente ligado ao contexto no qual o Brasil esteve inserido nos últimos anos. Para ele, é normal que as empresas busquem o aumento de controle em cenários de crise, o que tende a gerar mudanças em vários aspectos da gestão, inclusive no controle da empresa.

De acordo com Queiroz, quando o mercado está em expansão, com as empresas obtendo boa margem, os gestores muitas vezes não têm a percepção das falhas existentes em seus processos. Em compensação, quando há uma recessão, como a que ocorre desde 2014, é natural identificar os pontos fracos. “A revisão desses processos, que busquem angariar informações mais precisas sobre o próprio negócio, sendo este economicamente e socialmente sustentável, sem vícios, é uma garantia de sobrevivência”, afirma.

Ainda segundo Queiroz, o crescimento da demanda de alguém especializado nesses processos se torna ainda mais importante por causa da dificuldade de as empresas seguirem todas as normas. E isso não tem nada a ver com “malandragem”.

Ele aponta que no Brasil, principalmente na questão tributária, são tantas normas contraditórias, mudanças significativas em curto espaço de tempo, que muitas vezes as empresas não conseguem seguir essas regras na mesma velocidade que são criadas ou alteradas. “Ainda que a empresa faça tudo certo, ela terá um desacerto trabalhista, porque as regras brasileiras não são claras e objetivas”, apontou.


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