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sábado, 27 abril, 2024

“É um momento de transformação da entidade”

Presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Espírito Santo destaca a mudança do olhar da entidade para o turismo capixaba

Por Robson Maia

Vivendo um momento de reposicionamento e transformação do escopo de atuação, a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Espírito Santo (Fecomércio-ES) tem suas ações cada vez mais evidentes no setor do turismo capixaba. Resultado do esforço da nova gestão, encabeçada por Idalberto Luiz Moro, o sistema que representa o comércio capixaba perante a tantos setores viu no turismo um potencial a ser explorado.

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Como um verdadeiro sistema orgânico, composto por diversas engrenagens que se complementam, a Fecomércio reconfigurou suas práticas de modo a atender interesses do setor que é uma das principais apostas do Espírito Santo para os próximos anos, o turismo. Contudo, em um primeiro momento, foi necessário o entendimento do funcionamento da cadeia do setor turístico, de modo a integrá-la às demais cadeias do comércio e serviços em nível estadual e criar uma ligação em nível nacional.

Idalberto Luiz Moro entende que a entidade vive um momento de crescimento e de transformação perante a visão dos demais setores e até no sentido de atuação em políticas internas e estaduais.

“Sim, é um momento de transformação da entidade, mas não necessariamente de ruptura com o que vinha sendo feito antes. Eu digo que é um reposicionamento da entidade perante as melhores práticas que acontecem no Brasil, tanto de federações do comércio, quanto de federações de indústria ou tantas outras. Então, as federações atualmente, além das pautas tradicionais de relação com seus sindicatos que trabalham com a sustentação, constroem pontuações públicas de desenvolvimento econômico, de inovação, de qualidade.

Enfim, elas se tornam atores ativos no debate econômico, na formulação de política econômica e até na execução de projetos”, destaca Idalberto.

“É um momento de transformação da entidade”Criada em 1954 para ser a representação do comerciante capixaba e dos setores ligados à atividade no Espírito Santo, a Fecomércio responde pelo setor que movimenta aproximadamente 70% do Produto Interno Bruto (PIB) estadual. Contudo, as políticas desenvolvidas, por mais que estejam voltadas e atendam às particularidades locais, seguem direcionadas por uma convenção de nível nacional.

O Sistema Fecomércio-ES é filiado à Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) o que, segundo Idalberto, foi um fator determinante na transformação do entendimento da entidade capixaba quanto ao turismo. As ações coletivas, segundo ele, têm sido primordiais para os bons números alcançados pelo estado nessa área.

“Somos um sistema. Não existem ações individuais, não existem ações isoladas. A atenção com o turismo passa também por uma convenção nacional, que começou lá em 2017. (…) Aqui, no Espírito Santo, só iniciamos essa atenção maior no último ano, justamente quando acontece a transição para a atual gestão. No comércio e serviços, a nossa atuação sempre foi bem evidente. Você tem os sindicatos claramente organizados: sindicato de importação, sindicato atacadista, sindicato de organização de eventos etc.

O turismo é uma pauta concreta, porque o turismo se manifesta através de um ato de consumo de um bem ou de um serviço”, frisou o presidente da entidade.

Moro explica que hoje a entidade mudou a forma de enxergar o comércio junto ao turismo. “Identificamos 22 instituições que se reúnem junto à Fecomércio para debater a pauta. Em nosso primeiro encontro, por exemplo, nós elencamos 30 ações a serem desenvolvidas junto aos nossos associados com a supervisão e auxílio da Federação. Tem ações de fomento, articulação, apoio e interlocução com outros setores, por exemplo. E a pauta segue crescendo, hoje ultrapassamos 40 itens”, celebra Idalberto sobre o novo momento da Fecomércio-ES.

“Vou mencionar um exemplo”, ele prossegue: “recentemente tivemos o nosso 4° encontro, que foi uma demanda do Sebrae, integrante da Câmara do Turismo. E o assunto discutido foi o turismo das montanhas. Ali traçamos várias recomendações para o setor, diversas propostas e encaminhamentos. Esse é o nosso papel enquanto uma Câmara de aglutinação de interesses, fazendo, inclusive, articulações com os poderes públicos”.

O diálogo é uma estratégia eficaz, segundo Idalberto, sobretudo pelos resultados obtidos no Estado. Dados apresentados pela Secretaria de Turismo (Setur) e pelo Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN) ainda no início de outubro demonstraram como o setor turístico cresceu no ES e gerou, necessariamente, um desenvolvimento econômico para outras atividades ligadas ao comércio. Entre o principal número exposto está o aumento do tíquete médio de gasto diário. Enquanto em 2022 o gasto diário foi de R$ 166,70, em 2023 este valor passou para R$ 206,63, um aumento de 23,95%.

O montante é calculado por meio dos gastos realizados com diversos setores ligados ao comércio, como hotelaria, bares e serviços de transporte. Não só impactos com arrecadação foram observados. A distribuição de renda também é um fator importante analisado no demonstrativo. O número de atividades/ocupações incrementadas pelo turismo variou positivamente em 7,9%. Idalberto classifica as ações do poder público, vinculadas à iniciativa privada, como primordiais para a estruturação do setor.

“A pauta do turismo é uma pauta pública e compartilhada, não é uma pauta estritamente corporativa. É por isso que a opinião do comércio é uma opinião ponderada por todos os segmentos empresariais que atuam nesse trade, como é chamado.

A nossa atuação, enquanto Federação, nesse aspecto, não era uma atuação ostensiva, ela apenas apoiava um ou outro evento. Na atual gestão, nós resgatamos a pauta e temos realizado ações efetivas junto a todas as frentes, inclusive com o poder público”, mencionou o gestor da Federação do Comércio capixaba.

O equilíbrio do turismo junto às demais frentes comerciais, para Idalberto, acontece de maneira natural, pois, segundo o presidente, a organização e disposição dos setores de atuação da entidade criam um ambiente favorável para os associados e gestores.

Entre as ações da Fecomércio para o curto e médio prazo, ele vislumbra alguns projetos que são discutidos pela Câmara de Turismo da entidade. Uma delas é a possibilidade de Vitória voltar a receber navios de cruzeiro. Segundo Idalberto, a Fecomércio, em parceria com a Setur e o Sebrae, já contratou um estudo de viabilidade junto à Universidade de São Paulo (USP) para retomar as atividades já no próximo ano.

“É um momento de transformação da entidade”“Nós identificamos que havia uma oportunidade de contar com o turismo de cruzeiro. A Fecomércio contratou um estudo de viabilidade para aportar as balsas com os passageiros próximo ao Senac.

Se o estudo da USP mostrar que é viável a ancoragem do navio, nós vamos aprofundar os estudos de desembarque.

E, possivelmente, no começo do ano que vem já possamos ter um navio de cruzeiro por aqui. O Espírito Santo reúne hoje as melhores condições de desembarque do país, porque nenhum outro local engloba tantos atrativos próximo a um porto como nós temos aqui”, salientou Idalberto.

A participação da Fecomércio na elaboração do Projeto de Lei encaminhado à Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales) sobre a Lei Geral do Turismo também é mencionada por Idalberto. O PL traz princípios, objetivos, eixos e instrumentos para a efetivação da possível norma que norteará o desenvolvimento do turismo sustentável no Estado.

Os princípios da política protocolada são a livre iniciativa, a competitividade, a inovação, a descentralização e regionalização, o conhecimento, a difusão e publicidade, a inclusão produtiva e o desenvolvimento socioeconômico justo e sustentável, além da preservação da identidade cultural, conservação ambiental e qualidade de vida.

Já dentre os 24 objetivos estão a democratização do turismo, a redução das disparidades socioeconômicas regionais, o estímulo ao empreendedorismo, o associativismo e a cooperação, a criação e a difusão de produtos e destinos turísticos, fomentando o surgimento de experiências turísticas, como também o incremento da receita pública oriunda direta ou indiretamente do consumo dos turistas.

“Acho que é uma boa representação de todos os nossos esforços. Trabalhamos em conjunto, auxiliando e promovendo, junto à Setur, por exemplo, a atualização de normas que influenciam positivamente o comércio capixaba. O Espírito Santo reúne uma diversidade muito grande de opções turísticas, seja o turismo de montanhas, praias, rural e tantos outros. Trabalhamos sempre para que todas essas vertentes sejam contempladas”, finaliza o presidente da Fecomércio-ES.

Se o turismo é uma aposta do Governo do Espírito Santo para incrementar as receitas de arrecadação nos próximos anos, a Fecomércio tem, de maneira muito objetiva, olhado com a mesma atenção para o segmento. O desafio consiste no entendimento das potencialidades e das variadas formas de exploração.

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