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sexta-feira, 3 maio, 2024

No Dia Nacional do Cabeleireiro Walace Menezes conta sua história

O mago das loiras capixabas conta como se apaixonou pela profissão e como se tornou um dos 10 melhores hair stylists do país

Por Patrícia Battestin

Nesta quinta-feira, 3 de novembro, é o Dia Nacional do Cabeleireiro. E eles realmente merecem um dia só pra eles mesmo. Há quem diga que não são simples profissionais e sim agentes realizadores de sonhos. Muitas vezes resgatam a autoestima perdida.

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A data é uma alusão ao Dia de São Martinho de Porres, padroeiro dos cabeleireiros e barbeiros, pois desde que era bem jovem trabalhava como barbeiro-cirurgião. Ela se tornou um marco comemorativo após a morte do santo em 3 de novembro de 1639.

Para celebrar a data conversamos com o mago das loiras capixabas, Walace Menezes. O resultado do trabalho desenvolvido pelo profissional fez com que a fama dele ultrapassasse as divisas do Espírito Santo. O cabeleireiro já foi incluído na lista dos 10 melhores hair stylists do Brasil.

Agora, ele se prepara para abrir um novo espaço, que terá sede em Jardim da Penha, Vitória. A inauguração será nesta sexta-feira (4). Confira nossa conversa com Walace Menezes. 

De onde veio a vontade de se tornar cabeleireiro? Você se inspirou em alguém?
Na verdade, eu nunca pensei em ser, foi uma coisa que aconteceu sem muito planejamento. Eu tinha 18 anos, fiquei desempregado e fui procurar uma oportunidade. Em Santa Lúcia onde atualmente é um supermercado, tinha um salão. O anúncio era muito engraçado, porque dizia que precisava de um “cabeleireiro com ou sem experiência, com ou sem clientela”. Achei engraçado porque precisavam de um profissional, não importava o perfil. Além de não ter experiência e nem clientela até então, me pareceu bem meu perfil. Fui fazer a entrevista na quarta. A proprietária me pediu pra começar na outra terça, mas eu pedi pra começar no dia seguinte e ela aceitou. Eu tinha uma avó de criação que acreditava mais em mim do que eu mesmo. Cheguei em casa, contei pra ela e imediatamente ela foi para rua comigo e comprou todo o meu material de trabalho. Tudo muito simples, mas fundamental para eu começar. E o rolê deu certo! Está aí! Em outubro fizemos 24 anos de mercado.

walace menezes
Walace Menezes completou 24 anos de mercado em outubro. Foto: divulgação.

E depois, como você seguiu na profissão?
Depois de um tempo fui para outro salão a convite de um amigo. Fiquei lá por cerca de 1 ano. Após, fui trabalhar com Ricardo Magalhães, com quem fiquei por 6 anos. Em janeiro de 2006 saí de lá e em março do mesmo ano abri o meu espaço.

Quais foram as maiores dificuldades que você enfrentou? Quais os aprendizados que tira com elas?
Acho que dificuldades para qualquer cabeleireiro é que a grande maioria não busca conhecimento, aperfeiçoamento. Eles acabam se estagnando e, com isso, acabam não valorizando o próprio trabalho. Existe uma carência muito grande de capacitação técnica no país, há déficit de formação. A formação de um cabeleireiro iniciante, por exemplo, no país, é muito rasa. E com isso, por falta de conhecimento, ele percorre um caminho muito mais longo para conseguir se tornar um profissional de destaque. Acaba que ele tem de aprender no dia a dia, com erros e acertos da prática e não com um curso mais profundo. Digo isso tudo porque em outras profissões as pessoas saem da faculdade com o diploma sabendo atuar, com seus conselhos regionais dando a chancela. E os cabeleireiros não têm isso esse órgão fiscalizador. As pessoas têm que se identificar e se especializar numa área. Claro que tem de saber fazer tudo, mas ficar expert em um segmento é fundamental, seria um divisor de águas na profissão.

Você já fez cursos fora do país? Onde?
Meu primeiro curso de corte eu fiz na Pivot Point, Argentina. Também fui o primeiro brasileiro a fazer curso com Georgy Kot, na Rússia. Ele é o cabeleireiro com mais títulos mundiais e considerado o melhor em penteados no mundo. Fui para Rússia, fiquei 19 dias, participei dos três módulos do curso. Não replico o que ele faz porque acho algo muito suntuoso, acho que não combina com as brasileiras, mas eu fui atrás da técnica e do segredo dele. Isso que vejo que falta nos cabeleireiros aqui no Brasil, sabe? Ele olha e fala “não vou conseguir fazer”. Mas a gente sempre aprende alguma coisa em qualquer situação. Eu aprendo muitas vezes dando aula, por exemplo, com aluno que tem um ano de mercado. Eu sempre digo o seguinte: Nunca coloque a carapuça de que você é o bam-bam-bam, porque você sempre vai aprender alguma coisa, assim como em qualquer profissão.

Qual o segredo para ser um bom cabeleireiro?
Primeiro identificar sua identidade. Houve um período em que sofri muito porque eu achava que não conseguia agradar um tipo de cliente. Com o tempo eu fui entendendo que tenho de ter uma identidade e eu vou ter clientes que gostam daquela identidade. Eu não tenho de fazer o que o outro está fazendo. Eu tenho que, sim, analisar o mercado, a moda, mas levando em consideração o meu próprio traço. A profissão tem um lado artístico. E todo artista tem um traço. A pessoa tem de bater o olho e falar: “Aquele cabelo foi feito pelo Walace”. Para descobrir sua identidade é por meio de autoanálise. Desde que você faça qualquer técnica que faça parte da sua identidade você vai ter clientes que vão valorizar.

Quais os sonhos que deseja realizar?
Construir uma escola para formar cabeleireiros. Eu gosto muito de ensinar e eu quero me aperfeiçoar nisso. Assim que eu estiver com o salão e minha equipe totalmente encaminhados e afinados eu pretendo investir em educação. A ideia é que minha equipe também seja parte deste corpo docente. Já dou aulas pela Keune e particulares também.

Quais as dicas que você dá para os cabeleireiros?
Não abrir mão de matéria-prima de qualidade. E é preciso conhecer os insumos para buscar o melhor. É fundamental trabalhar com o melhor para obter o melhor resultado. Então, não pode misturar e alterar o produto de uma linha com outra.
Nunca olhe só para preço. Às vezes o que você acha que é uma perda hoje é um ganho lá na frente. Outra dica é: Nunca olhe o cabelo como cabelo. Olho o cabelo como uma pessoa! Quando a gente está fazendo um cabelo a gente está mexendo com a pessoa. A gente nunca pode esquecer disso! Mas também nunca faça aquilo que você não acredita ou aquilo que você acha que vai te causar algum tipo de problema. Seja sempre cauteloso. Nunca arrisque e faça sempre teste de mecha no cabelo que você não conhece. Procure conhecer, principalmente na parte química, como os produtos reagem. Ame sua profissão. Esteja sempre disposto e procure sempre dar o seu melhor. Não vire cabeleireiro porque você acha que a profissão vai te deixar rico. Toda profissão vai te dar retorno financeiro se você fizer com amor, pois quando se faz com amor, se faz com excelência, você vai se doar.

 

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