Dia 22 de setembro é a data escolhida para conscientização sobre os impactos da poluição do transporte individual no meio ambiente e na qualidade de vida. É o Dia Mundial sem Carro.
A data, celebrada mundialmente, visa conscientizar a população sobre o uso de outros modos de deslocamento para além do carro próprio, estimulando inclusive o compartilhamento, quando possível.
Essa reflexão vem ganhando cada vez mais espaço e já impacta políticas públicas de gestores de cidades. Especialmente este ano, com o crescimento do número de ciclista mundo afora, a data se torna ainda mais representativa. Ao redor do planeta, diversos países promovem gestos e ações para tornar o trânsito um local mais inclusivo, eficiente e eficaz a todos.
De acordo com Alessandro Azzoni, advogado e economista, especialista em direito ambiental. “Na pandemia tivemos aumento do transporte individual porque as pessoas ficam mais preocupadas com contaminação, assim como houve mais demanda por carros de aplicativos e táxis, mas um transporte sustentável introduz modelos com novas tecnologias menos poluentes, uso de ciclovias, melhorias nas calçadas para incentivar o transporte a pé”, explica ele.
A prioridade ao transporte coletivo se explica pela alta taxa de poluição. “A emissão se mede por quilo de CO2/litro: no ônibus é de 0,08 por passageiro e num carro é de 1,46 por pessoa. Considerando que um ônibus transporta em média 36 passageiros e de carro a média é de 1,5 ocupantes, para levar a mesma quantidade de indivíduos do coletivo seriam necessários quase 20 automóveis a mais na rua. O modal da cidade não suporta mais o aumento do transporte individual, por isso essa data é importante para entender os efeitos desse modelo para a vida das pessoas”, reflete.
De acordo com Azzoni, em muitas metrópoles, essa mudança é necessária porque, de acordo com o mais recente inventário de emissões, os ônibus ficaram em terceiro lugar como mais poluidores. Carros e motos passaram para primeiro e segundo lugar. “Com a mudança para biocombustível, os ônibus deixaram as primeiras posições na questão das emissões, daí o foco no transporte individual.
Ficar um dia sem carro e adotar outras alternativas de transporte, de acordo com o especialista, é importante para reduzir na prática o volume de veículos e baixar os congestionamentos que intensificam os poluentes causadores de inúmeros problemas de saúde. “A qualidade do ar envolve a saúde pública porque as pessoas acabam adoecendo com a absorção de poluentes e material particulado somado aos períodos de seca e redução de umidade que leva a doenças relacionadas ao sistema respiratório e até aumento de infarto”, enumera.