Adolescentes compartilham como se interessaram pelo estilo e maestros destacam a importância da educação para a renovação do público
Por Mariah Friedrich
No Dia Nacional da Música Clássica, celebrado nesta terça-feira, 5 de março, a riqueza cultural e histórica do estilo musical se destaca com o crescimento de um público jovem interessado nessa forma de arte que transcende gerações. A ES Brasil conversou com maestros e adolescentes para entender essa renovação de público e as estratégias utilizadas para tornar a música de orquestra mais acessível e atrativa para essa faixa etária.
A maestra da Filarmônica de Mulheres do Espírito Santo Alice Nascimento observa ao longo de mais de 20 anos de trabalho a receptividade dos jovens com a música de orquestra. “Existe uma curiosidade quando os jovens têm contato com a música de orquestra. Eles ficam eufóricos, querem falar o que sentiram, fazem perguntas”, relata Alice.
As estudantes Emilly de Jesus dos Santos, de 17 anos, e Beatriz Gonçalves, de 14 anos, representam essa geração que tem amor pela música clássica e o desejo de compartilhar essa paixão com outros jovens.
Elas destacam a importância de tornar a música clássica mais acessível, seja através de concertos com repertórios mais conhecidos, como trilhas sonoras de filmes, novelas e desenhos, ou através de aulas de música nas escolas.
“Nasci nesse meio. Quando pequena, eu falava que queria ser igual ao meu pai, que é maestro, e tocar violino. É triste pensar que, em pleno século XXI, existem pessoas que nunca assistiram a um concerto de perto, ou até mesmo nunca ouviram falar. Acho importante incentivar o interesse entre os jovens para ampliar o seu conhecimento musical e sair da bolha que é de ouvir sempre a mesma coisa nos rádios”, comentou Beatriz Gonçalves.
Emilly de Jesus dos Santos conta que começou a se interessar pela música de orquestra quando descobriu sua paixão pelo canto. Após se apresentar com a Maestra Alice Nascimento, ela descreveu a experiência como uma fonte de crescimento pessoal e artístico.
“Para outras pessoas jovens que não conhecem ainda, é bom mostrarmos como é, porque as músicas têm um significado importante para história e cultura do nosso país e muitos jovens não compreendem”, reflete a estudante.
O maestro da Camerata Sesi, Isaac Gonçalves, destacou a capacidade da música em quebrar barreiras e expandir os horizontes dos jovens apreciadores.
“O Espírito Santo tem sido um celeiro de formação de novos músicos e tem um público atento e aberto a novas ideias musicais”, afirma o músico, que também apontou a importância de iniciativas para tornar a música clássica mais acessível e convidativa para diferentes públicos.
“Formar público é um trabalho que não tem um resultado a curto prazo. A Orquestra Sinfônica do Estado do Espírito Santo tem 30 anos e continua trabalhando na formação de plateia. A Camerata tem 15 anos e também tem a mesma missão”, reflete o maestro Isaac Gonçalves.