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sexta-feira, 26 abril, 2024

Delação liga Aécio Neves à corrupção na Petrobras

Pela primeira vez o nome do senador tucano é relacionado por um delator da Lava Jato a um suposto esquema de pagamento de propinas na estatal. 

O ex-deputado Pedro Corrêa afirmou que Aécio Neves (PSDB/MG), foi um dos responsáveis pela indicação do diretor de Serviços da Petrobras, Irani Varella (antecessor de Renato Duque), quando era deputado federal, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. Segundo Corrêa, Varella era responsável por conseguir “propinas com empresários para distribuir com seus padrinhos políticos” por meio de seu genro, identificado apelas como Alexandre.

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A delação premiada de Correa ainda não foi homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). São mais de 70 anexos de colaboração e se acordo for aceito, Corrêa pagará multa e poderá passar a cumprir prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica. Em um dos anexos, Corrêa diz que tanto partidos da base aliada, quanto os da maior parte da oposição, eram “devedores aos empresários que financiavam suas eleições”. Desta forma, os diretores da Petrobras indicados pelos políticos “facilitavam os seus negócios e cobravam propina para distribuir aos partidos políticos”.

“No governo de Fernando Henrique Cardoso, por exemplo, o Diretor de Serviços era Irany Varella, indicado na época pelos deputados Aécio Neves (PSDB-MG), Alexandre Santos (PMDB-RJ), e Paulo Feijó (PMDB-RJ)”, afirmou o ex-parlamentar. O operador de Varella, de acordo com Corrêa, era um genro que consegui a propina com os empresários para distribuir entre os padrinhos políticos.

Irany Varella foi substituído no governo Lula por Renato Duque na Diretoria de Serviços, já condenado a mais de 50 anos de prisão em três processos de primeira instância na Operação Lava Jato, e réu em outras ações penais, condenado pelo juiz Sérgio Moro pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e associação criminosa.  

No anexo 08 da delação de Corrêa, no qual trata do tema “CPI Petrobras”, o ex-deputado afirma que os partidos comprometidos com a estatal, tanto da base aliada ao governo federal, quanto da maioria da oposição, “eram devedores aos empresários que financiavam as suas eleições nos Estados e tinham negócios com a Petrobras”. “Os quais os diretores da estatal, indicados pelos políticos, facilitavam os seus negócios e cobravam propina para distribuir aos partidos políticos.”

O ex-deputado afirma que no governo FHC, por exemplo, o diretor de Serviços era “Irany Varella, indicado na época pelos deputados Aécio Neves (PSDB-MG), Alexandre Santos (PMDB-RJ) e Paulo Feijó (PMDB-RJ)”. Segundo Corrêa, no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a partir de 2003, Irani Varella manteve relação com o PT, mas acabou sendo substituído no cargo por Renato Duque, condenado na Lava Jato e cumprindo prisão preventiva em Curitiba. “O operador de Irany Varella, que conseguia as propinas com os empresários, para distribuir com seus padrinhos políticos era o seu genro, de nome Alexandre”, afirma o ex-deputado na depoimento da delação premiada. Irani Varella foi nomeado diretor da área de Serviços da Petrobras em novembro de 2001. Duque o substitui no cargo no início de 2003.

Em nota, a assessoria do senador tucano desqualificou as acusações. “As afirmações são falsas e absurdas. O senador Aécio Neves não fez a indicação mencionada. O delator é desprovido de qualquer credibilidade. É preciso que se aprofundem as investigações sobre as motivações daqueles que têm mentido em suas delações premiadas. A reputação de pessoas não pode ficar refém da inescrupulosa conveniência de delatores.”, atesta o documento. 

Aécio, presidente nacional do PSDB, já foi citado em outros depoimentos de delatores da Lava Jato, mas esta é a primeira vez que é vinculado a um esquema de corrupção na Petrobras. O ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado contou a investigadores que Aécio Neves recebeu R$ 1 milhão em recursos ilícitos e em dinheiro para a campanha eleitoral que o elegeu deputado federal em 1998. Segundo o executivo, o tucano recebeu a maior parcela de cerca de R$ 7 milhões de reais arrecadados de forma ilegal à época para eleger o maior número possível de deputados federais do PSDB.

No depoimento, Sérgio Machado também disse ter ouvido do ex-ministro das Comunicações Sérgio Motta, morto em 1998, que Aécio era padrinho do ex-diretor de Furnas Dimas Toledo. “Todos do PSDB sabiam que Furnas prestava grande apoio ao deputado Aécio”, afirmou. Segundo Machado, Toledo também teria contribuído com recursos para a eleger a bancada do PSDB em 1998 e que parte do dinheiro para a eleição de Aécio à presidência da Câmara em 2000 veio de Fumas, subsidiária da Eletrobras na produção de energia elétrica.
Em delação premiada, o senador cassado Delcídio do Amaral também declarou ter ouvido que Aécio receberia propinas por intermédio de Dilmas Toledo, a partir de dinheiro desviado em contratos com empresas terceirizadas. Uma suspeita que levou à abertura de inquérito sobre o senador no STF, sob relatoria do ministro Gilmar Mendes. 

No acordo de delação premiada, Delcídio afirmou ainda que os dados fornecidos pelo extinto Banco Rural à CPI dos Correios atingiriam o senador Aécio Neves “em cheio” se não tivessem sido “maquiados” pela instituição financeira. Segundo o senador cassado, quando a CPI dos Correios autorizou a quebra de sigilo de pessoas e empresas, entre elas o Banco Rural, surgiu “certo incômodo” por parte do PSDB, incluindo o então governador de Minas Gerais Aécio Neves. Ainda segundo Delcídio, Aécio enviou emissários à CPI para que o prazo de entrega das quebras de sigilo fosse “delongado”, sob a justificativa de que não haveria tempo hábil para preparar as respostas à comissão.

 

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