Interoperabilidade é desafio fundamental extremamente necessário para a segurança integrada e integral das cidades inteligentes
Por André Gomyde
No campo das cidades inteligentes, o ano de 2022 foi de excelentes notícias para o Espírito Santo, de mesmice para o Brasil e de avanços importantes para o mundo. Foi o ano da consolidação das cidades inteligentes. Tive a oportunidade de ir três vezes à Europa em 10 meses.
Fui à Lituânia, depois, à Dinamarca; e finalmente fiz um giro por Itália, Suíça, Bélgica e Holanda, para estudar mais sobre o tema, conhecer as soluções mais avançadas e estabelecer parcerias de cooperação científica e de captação de recursos.
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Em Vilnius, capital da Lituânia, encontrei uma cidade que funciona muito bem com as tecnologias de uso diário aos cidadãos e com informações adequadas e importantes para o turista. O desejo de aprender, o esforço em planejar e a assertividade na execução das políticas públicas me encantaram naquele país, um dos mais pobres da União Europeia.
Na Dinamarca, estive em Billund e Aarhus. Cidades lindas, com arquitetura moderna e impressionantes quanto à inteligência de funcionamento das cidades. Tudo funciona. Com precisão. Testei: saí de Aarhus às 7 horas de um domingo, a pé, com destino a Billund. Eles mal falam o inglês e, aos domingos, não tem nada aberto, nem gente nas ruas. O aplicativo da cidade me levou de maneira rápida e precisa a todos os pontos em que tinha eu de passar, a todos os ônibus e trens que necessitava pegar, e ainda fui carregando meu celular e acessando internet de alta velocidade nos ônibus e trens. Ah, e nos trajetos a pé, a internet de alta velocidade também funcionava, sem falhar.
Na terceira vez, fui a Milão, Firenze, Lugano, Bruxelas, Amsterdã, Haia e Haarlem. As cidades italianas são amigas dos turistas, em termos tecnológicos, e tudo funciona muito bem. Lugano é uma linda cidade suíça e tecnologicamente bem estruturada. As cidades holandesas têm as estruturas tecnológicas adequadas, mas não são muito amigáveis com os turistas, com uma ligeira melhora em Amsterdã.
Bruxelas é uma cidade encantadora e abriga a sede da União Europeia (UE). Tudo funciona muito bem. A gente somente se incomoda com as sirenes de ambulâncias e dos carros dos bombeiros e da polícia, que passam a toda hora. Foi em Bruxelas que entendi como a UE está avançando nas cidades inteligentes.
Como já vimos discutindo desde o ano de 2012, a interoperabilidade é um desafio fundamental e algo extremamente necessário para a segurança integrada e integral da sociedade, e agora a Europa vai trabalhar com toda força nisso, por meio de sua instituição DG Connect. Outros assuntos também fundamentais, mesmo na Europa, são a questão do letramento digital e a cocriação entre sociedade e poder público, quesito do qual temos muito a ensinar para eles. Aí está o foco de nossa parceria estabelecida nesta última viagem.
Enquanto isso, no Brasil, o Governo Federal tirou grande parte dos recursos da ciência e tecnologia e nem sequer reuniu o Conselho Nacional para discutir as políticas do setor. Ficou na mesmice.
A boa surpresa ficou por conta do Espírito Santo. As startups e suas associações estão dando um show de excelência em como se organizar e trabalhar; Cachoeiro de Itapemirim está no caminho acelerado para se tornar a primeira Cidade Humana, Inteligente, Criativa e Sustentável do Brasil; e em breve Aracruz, Linhares, São Mateus e Conceição da Barra iniciarão uma jornada que será exemplo para o mundo. Enfim, 2023 promete!
André Gomyde é presidente do Instituto Brasileiro de Cidades Humanas, Inteligentes, Criativas e Sustentáveis, mestre em Administração pela FCU, nos Estados Unidos, e mestrando em Arquitetura e Urbanismo pela UnB.