Protocolos e procedimentos, vigilância rigorosa, melhoria da infraestrutura e iniciativas educativas estão entre as sugestões propostas
Por Kebim Tamanini
Uma comissão instituída na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) no ano passado, com o propósito de examinar casos de violência na instituição de ensino, apresentou à reitoria recomendações voltadas para a prevenção desses incidentes. Protocolos e procedimentos, vigilância rigorosa, melhoria da infraestrutura e iniciativas educativas estão entre as sugestões propostas pelo grupo liderado pela pró-reitora de Graduação, Claudia Gontijo, e entregues na semana passada aos gestores.
A Comissão de Prevenção à Violência na UFES declara que, após dez meses de atuação, situações consideradas violentas ainda persistem nas interações cotidianas, especialmente envolvendo aspectos sociais, culturais, étnico-raciais e de gênero. Inicialmente, o grupo de analistas conduziu uma pesquisa com cerca de 400 membros de diversos departamentos da instituição. Posteriormente, realizou audiências presenciais, por meio de seminários.
“As valiosas discussões travadas nesses encontros foram fundamentais para a elaboração das recomendações presentes no relatório”, revelou Gontijo.
A UFES foi consultada para esclarecer quais recomendações serão adotadas no âmbito da instituição de ensino. Em nota, a universidade afirmou que “o relatório contendo as recomendações foi recebido e será encaminhado às unidades administrativas da UFES, bem como à equipe de transição para a nova gestão, para que sejam providenciados os devidos encaminhamentos”.
Recomendações da Comissão de Prevenção à Violência na Ufes | |
I - Ações formativas | - promover a formação continuada com vistas a eliminar o uso de vocabulário preconceituoso e atitudes racistas, machistas, sexistas, entre outras; - investir em formação em Educação em Direitos Humanos (EDH); - realizar eventos de sensibilização para a promoção de ambiente pacífico, como palestras, encontros e outros. |
II - Comunicação | - produzir cartilhas e manuais orientando sobre cada uma das formas de violência que, de acordo com a pesquisa realizada, ocorre com mais frequência, com destaque ao racismo e as suas interseccionalidades; - produzir campanhas, a serem divulgadas nas mídias da Ufes, de orientação para a promoção de um ambiente mais seguro; - promover a comunicação não violenta. |
III - Monitoramento da violência | - criar meios para um acompanhamento rigoroso de situações de violência por intermédio de um observatório de violência com vistas a registrar situações relatadas em denúncias anônimas (com e-mail e WhatsApp específicos). |
IV - Estímulo à cooperação e à boa convivência | - melhorar a convivência e o ambiente de acolhimento por meio da criação de programas, projetos e de grupos de apoio e incentivo à solidariedade entre estudantes; - promover atividades culturais e esportivas com envolvimento da comunidade universitária. |
V - Administração de conflitos | - criação de Comitês ou Câmaras de Mediação de Conflitos em todos os campi da Ufes. |
VI - Infraestrutura | - criação de espaços de encontros e convivência em todos os campi da Ufes, que propiciem o desenvolvimento de laços comunitários destinados ao lazer, à socialização, aos esportes e à cultura. |
VII - Aspectos didático-pedagógicos | - promover a revisão de procedimentos didático-pedagógicos, por meio de acolhimentos, formações, encontros e diálogos visando à criação de um ambiente mais inclusivo e solidário em sala de aula; - aperfeiçoar processos avaliativos de modo a levar em conta as especificidades nos modos de aprender e para que se torne um instrumento de aprendizagem. |
VIII - Protocolos e procedimentos | - Requerer que os setores da área de segurança e da saúde definam protocolos e procedimentos destinados a orientarem a comunidade universitária sobre modos de agir em situações de violência extrema e de violência cotidiana, com adequado conhecimento e formação de todos os integrantes da comunidade universitária. |