Ao adotar o modelo das Cidades CHICS, os eleitos terão a chance de transformar suas gestões, utilizando a tecnologia e a inovação para criar cidades mais eficientes
Por André Gomyde
As Eleições Municipais de 2024 serão um marco importante para o futuro das cidades brasileiras. Com muitos prefeitos eleitos já no primeiro turno e outros tantos candidatos disputando o segundo turno, este pleito promete ir além das tradicionais disputas políticas e ideológicas que frequentemente dominam o cenário eleitoral. Mais do que o simples desejo de conquistar o poder, há uma necessidade premente de se discutir e implementar soluções concretas e sustentáveis para enfrentar os desafios das mais diversas políticas públicas que impactam diretamente a vida dos cidadãos.
A administração de uma cidade vai muito além da gestão rotineira. Ela envolve um planejamento complexo, que deve abranger diferentes áreas como mobilidade urbana, habitação, saneamento, educação, saúde e segurança pública. No entanto, o que está em jogo neste momento é algo ainda mais urgente: a necessidade de um novo modelo de governança para as cidades, que seja capaz de lidar com os desafios impostos pela agenda do século XXI. Uma proposta viável e necessária para esse novo contexto é a implementação de Cidades Humanas, Inteligentes, Criativas e Sustentáveis (CHICS), um conceito que propõe uma reorganização completa da gestão urbana.
A ideia das Cidades CHICS é que os prefeitos eleitos possam romper com a administração feita por silos, onde cada secretaria ou departamento age de forma isolada, sem diálogo e integração entre as áreas. Esse modelo fragmentado não atende mais às demandas complexas da sociedade contemporânea. A governança moderna precisa ser transversal e integrada, utilizando a tecnologia como ferramenta fundamental para reunir dados e informações precisas, que permitam decisões mais acertadas e a formulação de políticas públicas mais eficazes.
Uma Cidade Inteligente, por exemplo, utiliza sensores, aplicativos e bancos de dados conectados para monitorar e melhorar a eficiência dos serviços urbanos, desde o controle do trânsito até a distribuição de energia. No entanto, ser inteligente não é suficiente. Uma cidade também precisa ser humana, colocando as necessidades e o bem-estar dos seus habitantes no centro das políticas públicas. Além disso, a criatividade deve ser incentivada, não apenas como uma forma de promover a cultura e o entretenimento, mas como um motor de inovação para solucionar problemas sociais e econômicos.
Por fim, a sustentabilidade deve ser o fio condutor desse processo. Cidades que priorizam soluções sustentáveis são aquelas que buscam reduzir a emissão de poluentes, incentivar o transporte coletivo e não poluente, promover a reciclagem de resíduos e cuidar dos recursos naturais. O desenvolvimento sustentável é essencial para garantir que as cidades do futuro sejam espaços mais justos, inclusivos e habitáveis.
As Eleições Municipais de 2024 trazem uma oportunidade ímpar para que prefeitos e gestores urbanos olhem para o futuro com uma perspectiva mais ampla e integradora. Ao adotar o modelo das Cidades CHICS, os eleitos terão a chance de transformar suas gestões, utilizando a tecnologia e a inovação para criar cidades mais eficientes, humanas e preparadas para os desafios que virão.
O eleitor, por sua vez, tem o papel fundamental de cobrar essa postura dos seus representantes. É preciso que o debate eleitoral vá além das promessas superficiais e se concentre em questões práticas e soluções reais que possam transformar a vida nas cidades. Afinal, o futuro das nossas cidades está diretamente ligado à qualidade da gestão pública que for implementada nos próximos anos. Assim, a implementação das Cidades Humanas, Inteligentes, Criativas e Sustentáveis se apresenta como um caminho viável e essencial para que as nossas cidades possam se desenvolver de maneira sustentável e com qualidade de vida para todos os seus habitantes.
André Gomyde é presidente do Instituto Brasileiro de Cidades Humanas, Inteligentes, Criativas e Sustentáveis e mestre em administração pela FCU-EUA.