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sábado, 27 abril, 2024

Câncer colorretal: oncologista alerta para os sintomas

Camila Beatrice esclarece que doença, acometida por famosos como Preta Gil e Simony, é silenciosa e ressalta a importância do diagnóstico precoce deste câncer

Por Kebim Tamanini

Pelé, Preta Gil, Simony e Roberto Dinamite são nomes conhecidos do público em diferentes áreas, mas que viveram uma mesma luta: enfrentaram o câncer colorretal. Segundo estimativas do Instituto Nacional do Câncer (Inca), estima-se que surjam cerca de 45 mil novos casos por ano até 2025. Excluindo o câncer de pele não melanoma, o de mama e de próstata, o câncer colorretal figura como o tipo mais recorrente.

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No entanto, há uma notícia positiva: quando o tratamento é iniciado precocemente, o cenário se torna mais promissor. Conversamos com a oncologista do Hospital Evangélico de Vila Velha (HEVV), Camila Beatrice, que abordou os sintomas, possíveis causas, a importância do diagnóstico precoce e, principalmente, a adoção de um estilo de vida que reduza as chances de desenvolver a doença. “Vale a pena destacar a importância da prevenção, uma vez que o câncer colorretal afeta significativamente muitas pessoas”, enfatizou.

Segundo ela, muitas vezes a doença é silenciosa, não apresentando sintomas aparentes ou os mesmos sendo confundidos com outros problemas de saúde. “Acredito que devemos focar mais na prevenção, como fazer a colonoscopia a partir dos 45 anos de idade. E se essa colonoscopia for normal, é recomendável repeti-la aproximadamente a cada 10 anos até os 75 anos”, lembrou a médica do HEVV.

Confira a entrevista completa com a oncologista do Hospital Evangélico de Vila Velha (HEVV), Camila Beatrice, que esclareceu várias dúvidas sobre o câncer colorretal.

Oncologista do HEVV, Camila Beatrice, alertou os sintomas, possíveis causas e a importância do diagnóstico precoce
Oncologista do HEVV, Camila Beatrice. Foto: Assessoria do HEVV

Entrevista na íntegra

Na sua opinião profissional, os casos de câncer colorretal estão aumentando no Brasil?

Dra. Camila Beatrice – Ele (o câncer colorretal) vem aumentando no Brasil e é o segundo mais comum. Além disso, também temos percebido que, cada vez mais, a população jovem está sendo diagnosticada. Os casos entre pessoas mais jovens representam uma parcela significativa dos casos diagnosticados de câncer colorretal. Isso nos leva a considerar com mais atenção os fatores de risco. Embora, às vezes, possamos pensar que já foi discutido o suficiente, é importante continuar conscientizando para evitar que isso aconteça.

É verdade que o câncer colorretal é um dos que mais mata no país, doutora?

Dra. Camila Beatrice – Ele é um dos que mais mata e um dos mais diagnosticados. Então, é um câncer que realmente vale a pena a gente falar sobre prevenção, por ser justamente um dos que mais afetam as pessoas.

Poderia falar um pouco sobre as principais causas do surgimento do câncer? E então, poderia abordar também os sintomas, explicando como a pessoa pode perceber as principais manifestações da doença?

Dra. Camila Beatrice – Os principais fatores relacionados ao surgimento do câncer estão diretamente ligados à nossa modernidade e atualidade. Cada vez mais, temos acesso a tipos de alimentação que podem contribuir para o desenvolvimento da doença. Alimentos como carne vermelha processada, frios, salame, linguiça e salsicha têm sido identificados como fatores de risco.

Além disso, a falta de atividade física, especialmente exercícios como corrida e natação, juntamente com o consumo excessivo de carne vermelha e alimentos gordurosos, característicos da dieta ocidental, também são preocupações. Essa alimentação ocidental, carente em frutas, vegetais e fibras, que são essenciais para a proteção do intestino, pode contribuir para a obesidade, que é outro fator de risco importante.

Em relação aos sintomas, é importante que as pessoas estejam atentas a qualquer mudança nos hábitos intestinais, como diarreia, constipação ou dor ao evacuar. Sangramento nas fezes e anemia são sintomas que merecem investigação, sendo a colonoscopia uma das ferramentas diagnósticas fundamentais para detectar possíveis problemas

Doutora, essa doença tem alguma relação com a hereditariedade?

Dra. Camila Beatrice – Então, pessoas que têm parentes, como tios e irmãos, com histórico de câncer devem iniciar o rastreamento através da colonoscopia mais cedo do que a população em geral. Se na população em geral recomendamos a partir de uma certa idade, essa população de alto risco, ou seja, aquelas com maior predisposição genética para o câncer colorretal, devem começar o rastreamento o mais cedo possível. No entanto, isso dependerá de outros fatores, como a idade em que o parente teve câncer. Por exemplo, se um parente teve câncer colorretal aos 40 anos, é ideal que seus filhos comecem a realizar colonoscopias mais cedo. Nesse caso, eles não seguiram a recomendação padrão para a população em geral.

Em relação às doenças, há uma diferença na incidência do câncer colorretal entre homens e mulheres, ou ele afeta igualmente ambos os sexos?

Dra. Camila Beatrice – No caso do câncer colorretal, ele afeta tanto homens quanto mulheres. Não é uma doença exclusiva de nenhum dos sexos. A incidência é praticamente igual, portanto, é importante que o rastreamento seja realizado de forma geral, independentemente do sexo.

Como tem se dado o desenvolvimento da Medicina em relação à colonoscopia e à sua invasividade? Você acredita que estamos avançando para tornar esse procedimento menos desconfortável ou menos invasivo?

Dra. Camila Beatrice – A gente vem avançando, mas atualmente, segue sendo o melhor, porque, a partir da colonoscopia, conseguimos detectar os pólipos. O que são esses pólipos? São aumentos das células do próprio intestino, uma proliferação ali das células do revestimento do intestino. Eles são benignos, mas através da colonoscopia, já conseguimos fazer a retirada deles. Portanto, é um exame que, apesar de ser um rastreamento, já inclui esse tratamento de retirar o pólipo, que, se não tratado, pode evoluir para câncer. Então, nós já fazemos tanto o rastreamento quanto a detecção e a retirada no momento do exame. Assim, a colonoscopia é considerada o exame padrão-ouro, justamente por realizar essas duas funções.

Quais são os principais cuidados e medidas preventivas que as pessoas podem adotar para reduzir o risco dessa doença?

Dra. Camila Beatrice – A prevenção vem através da atividade física, especialmente atividades aeróbicas como corrida, natação e bicicleta. É importante evitar o consumo excessivo de alimentos processados e embutidos, dando preferência a uma dieta rica em frutas, legumes, vegetais e fibras. Manter-se hidratado, consumindo uma quantidade adequada de água, e evitar a obesidade também são medidas essenciais para a prevenção do câncer colorretal.

Como é feito o acompanhamento após o tratamento do câncer colorretal?

Dra. Camila Beatrice – O tratamento vai depender da localização do câncer. Por exemplo, se está localizado no reto, que é a parte final do intestino, ou se é metastático, ou seja, se o câncer também se espalhou para outros órgãos, como o fígado. O oncologista vai receber a biópsia para determinar se o câncer é positivo. Em seguida, serão realizados exames, como tomografia, para avaliar a extensão da doença. Com base nesses resultados, o oncologista determinará o tratamento, que pode incluir quimioterapia, radioterapia, imunoterapia, ou uma combinação dessas abordagens. O objetivo do tratamento é eliminar ou controlar o câncer da melhor maneira possível.

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