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sexta-feira, 19 abril, 2024

‘Boom’ do minério impulsiona investimentos e geração de empregos

Preços mais elevados tornam rentáveis projetos de investimento, a princípio, em mineradoras de pequeno e médio portes. Mas expectativa é que cenário favorável estimule grandes mineradoras

O “boom” das cotações internacionais do minério de ferro tem impulsionado o faturamento do setor no Brasil e levado mineradoras de pequeno e médio portes a tirar da gaveta antigos projetos e realizar investimentos. A expectativa, porém, é que, mantido o cenário favorável nos próximos anos, os preços mais elevados tornem rentáveis projetos de investimento com maior custo de produção, que exigem receita maior para ficarem de pé. Consequentemente, esses projetos vão criar oportunidades de emprego.

A estimativa do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) é que o faturamento de todas as atividades relacionadas ao setor mineral no País registre recorde histórico neste ano, com um valor entre R$ 260 bilhões e R$ 270 bilhões. Em relação aos números do ano passado, o salto será de até 29%. Só a Vale, líder do setor, já embolsou US$ 5,5 bilhões no primeiro trimestre.

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Por trás dessas cifras, está uma combinação dos sonhos para qualquer mineradora. Com o crescimento da demanda, as exportações brasileiras de minério de ferro devem chegar a inéditos US$ 41,2 bilhões em 2021, pelas contas da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). Maior demanda também tem significado preços mais altos pelo produto. A cotação média por tonelada do minério de ferro bateu em US$ 189 no fim de abril, próxima do pico histórico de 2008 (US$ 196) nesse mesmo tipo de comparação.

A leitura do mercado é de que as cotações tendem a se manter em patamar elevado, pelo menos no médio prazo, até porque não existe nenhum projeto de grande porte para aumento de produção prestes a sair. O próprio Ibram calcula que o preço médio por tonelada não ficará fora da faixa entre US$ 130 e US$ 140 neste ano – uma estimativa assumidamente conservadora.

“Com esse preço do minério, qualquer custo se viabiliza, mesmo com a logística, que é cara”, afirma Clóvis Torres, sócio do escritório Souza, Mello e Torres. O especialista foi diretor executivo e consultor geral da Vale por sete anos, até o início de 2018.

Para o período de 2021 a 2024, o Ibram mapeou 92 projetos de investimento, em 81  cidades de 14 Estados, que deverão aportar US$ 38 bilhões. Em cidades como Itabirito e Nova Lima, no chamado quadrilátero ferrífero de Minas Gerais, os reflexos positivos podem ser vistos na abertura de novos empregos, na contramão da maioria dos municípios do País.

“Temos sinais positivos de que devemos ter um período bastante interessante para a mineração. É o (pacote de investimentos do presidente dos Estados Unidos, Joe) Biden, é a China preocupada em manter o crescimento da economia e o Brasil também se recuperando”, afirmou o presidente do Ibram, Flávio Ottoni Penido. No caso do Brasil, a previsão é de maior demanda por produtos derivados do minério principalmente na construção civil, com a expectativa de avanços no controle da pandemia.

Recuperação da economia

Apesar de todos os ganhos na cadeia em torno do minério de ferro, ainda há dúvidas se esse movimento terá fôlego para puxar outros setores da economia brasileira, diante de incertezas como a condução da vacinação contra covid-19 no País e a explosão de gastos públicos, com reflexos para a política monetária e fiscal

Pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV) e sócio da consultoria BRCG, Lívio Ribeiro afirma que o desempenho do setor externo ainda pesa pouco no Brasil e a indústria extrativa – dividida meio a meio entre a mineração e a exploração de petróleo – responde por apenas 2,9% da economia. A mineração empregava cerca de 187 mil trabalhadores no início do ano, segundo o Ibram. “A alta das cotações deixa segmentos e empresas mais ricos, mas não dá para dizer que isso está passando para a sociedade como um todo”, diz Ribeiro. “Ainda não é um movimento estrutural, é mais um choque”, complementa Mauro Ferreira, professor de economia da UFMG.

*Com informações da Agência Estado

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