Cenário de aumentos em produtos como a carne e na energia elétrica tem impacto direto na receita dos bares e restaurantes, que tem absorvido parte do aumento
Por Larissa Avilez
Com os efeitos da pandemia ainda no retrovisor, os bares e restaurantes enfrentam dificuldades devido ao aumento no custo de insumos. O preço da carne e da energia elétrica, por exemplo, subiu mais de 4% em outubro, conforme apontado pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). Esse cenário tem impacto direto na receita dos estabelecimentos.
Apesar da pressão, a Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) afirma que o setor tem absorvido parte do aumento. “Essa medida busca evitar a perda de clientes, especialmente em um contexto em que o poder de compra está sendo corroído por fatores externos”, diz o presidente-executivo, Paulo Solmucci.
À frente da seccional estadual e do Sindbares (Sindicato dos Restaurantes, Bares e Similares do Espírito Santo), Rodrigo Vervloet revela que mais de 60% dos estabelecimentos capixabas operam em prejuízo. “O setor ainda está muito endividado. O alto custo dos insumos suprimiu as margens de resultado”.

Para ajudar os empreendedores locais, as duas entidades lançaram um pacote de medidas visando aliviar o fluxo de caixa e manter o capital de giro das empresas. Entre os benefícios ofertados estão tarifas diferenciadas de cartão de crédito, incentivos fiscais, assessoria jurídica e parceria com fornecedores.
Os desafios financeiros enfrentados nacionalmente são agravados pela ausência de mão de obra qualificada no Espírito Santo. Diante desse cenário, os investimentos estão represados, segundo Vervloet, e o Sindbares tem focado em qualificar os profissionais da área, por meio de programas e cursos.
Ele destaca que a inclusão do setor em políticas voltadas à reconfiguração do turismo no Espírito Santo tem trazido efeitos positivos. A expectativa é encerrar o ano de 2024 em estabilidade, representando cerca de 3% do PIB (Produto Interno Bruto) capixaba.
Atualmente, os bares e restaurantes somam 23 mil estabelecimentos no estado, que empregam 115 mil pessoas diretamente. Este número pode ser incrementado com a expectativa de vendas aquecidas no final do ano, visto que 40% dos empresários brasileiros pretendem ampliar o quadro de funcionários para o período.
Divulgado no último trimestre, um levantamento da Abrasel apontou que, para atrair esses novos trabalhadores, 40% dos proprietários pretendiam implementar premiações por desempenho, 26% investiriam em cursos e treinamentos para equipes e 23%
planejavam oferecer salários acima da média do mercado.
Apostas on-line afetam setor
Um levantamento realizado pela Abrasel mostrou que os serviços de jogos e apostas on-line – conhecidos como “bets” – têm impactado o setor de alimentação. De acordo com a pesquisa, 44% dos empresários acreditam que isso tem influenciado na gestão dos funcionários e das finanças do próprio negócio.
“Com o aumento da renda média no país, setores como comércio e serviços poderiam estar registrando resultados melhores. No entanto, quando as pessoas destinam dinheiro para jogos e apostas, elas acabam reduzindo o próprio poder de compra”, afirma Paulo Solmucci, presidente-executivo da Abrasel.
*Esta matéria foi publicada originalmente na revista ES Brasil 225, publicada em dezembro. Leia a edição completa da Retrospectiva 2024 aqui.