Faltando um mês para pegar o diploma, o ex-zagueiro argentino não titubeou: preferiu a instabilidade da vida de técnico à carreira de médico
Por Toni Assis (Agência Estado)
Ele trocou uma rotina de hospitais e consultas a pacientes pelo sonho de ser treinador de futebol. E quem ganhou com essa opção foi o torcedor do Fortaleza. Juan Pablo Vojvoda, 46 anos, estava quase completando o curso de medicina quando apareceu a proposta de trabalhar à beira do campo. Faltando um mês para pegar o diploma, o ex-zagueiro argentino não titubeou: preferiu a instabilidade da vida de técnico à carreira de médico.
“O convite para comandar um time de futebol surgiu quando ele estava para se formar. Era o sonho de uma vida. Depois fez bons trabalhos no Talleres, no Defensa Y Justicia e no Union La Calera”, afirmou Marcelo Paz, presidente do Fortaleza e um dos responsáveis pela contratação do treinador.
Há pouco mais de quatro meses no comando da equipe, o argentino colocou o futebol local em evidência neste Brasileiro. O Fortaleza é o terceiro colocado na classificação, a dois pontos do vice-líder Palmeiras. O reconhecimento do seu trabalho foi imediato. Assim, de ilustre desconhecido, rapidamente o treinador ganhou status de celebridade.
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“A torcida está encantada. O Vojvoda tira fotos com os torcedores quando vai às ruas e é uma pessoa interessada em aprender a cultura daqui. Não conheceu tanto a cidade porque os jogos não permitem, mas já foi à praia, frequentou restaurantes e gosta da culinária local”, disse Marcelo Paz.
De acordo com o dirigente, nesse curto período de convívio, o jeitinho brasileiro já começa a dar seus primeiros sinais no comportamento do técnico. “Pensa num cara gente boa. Não só ele, mas o seu estafe também. Têm um diálogo muito bom e está ficando um pouquinho cearense. Está aprendendo até a contar piada.”
E a integração tem sido total. Nesses quatro meses de relação, o Fortaleza segue trabalhando para ampliar a sintonia com o atual treinador.
“A gente vai disponibilizar um professor de português para acelerar esse processo. A comunicação não foi problema em nenhum momento. Mas naturalmente, algumas palavras ele não conhece do português. E tem algumas coisas que ele fala, que o jogador pode não compreender”, comentou o dirigente.
A escolha pelo nome de Vojvoda foi resultado de uma filosofia de trabalho, segundo o próprio dirigente. O clube estava atrás de um profissional que tivesse características específicas.
Dentre os requisitos pretendidos pela diretoria estavam o de um treinador com predileção pelo jogo agressivo, que gostasse da bola, atacasse os adversários e tivesse o protagonismo do jogo. Um perfil que se identificasse com o torcedor do Fortaleza. E o técnico argentino se enquadrou em todas as exigências.