Brasil registrou 651 amputações de pênis, das quais 454 resultaram em óbito devido ao câncer
Por Kebim Tamanini
O câncer de pênis é uma condição que, embora rara em países desenvolvidos, como os europeus e os Estados Unidos, é mais prevalente em nações em desenvolvimento, como o Brasil, países da América do Sul e algumas regiões da África. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), a incidência pode atingir até 8,5 casos por 100.000 homens nessas áreas. Em 2023, o Brasil registrou 651 amputações de pênis – totais e parciais –, e 454 óbitos em decorrência desse tipo de câncer, de acordo com o Ministério da Saúde.
Em entrevista ao portal ES BRASIL, o urologista do Hospital Evangélico de Vila Velha (HEVV), Gustavo Ruschi, destacou os principais fatores de risco associados ao câncer de pênis. Estes incluem más condições nutricionais, higiene local inadequada do órgão genital, infecção pelo HPV (papilomavírus humano), inflamação crônica e fimose.
“A promiscuidade sexual também é considerada um fator de risco significativo, pois está diretamente ligada à transmissão do HPV, um dos principais agentes causadores do câncer de pênis. O Dr. Ruschi enfatizou a complexidade dos subtipos de HPV e sua relação com a doença, destacando que nem todas as infecções resultam em câncer, mas a vigilância é crucial”, explicou o urologista.
Considerando esses fatores de risco, a prevenção se torna necessária. Medidas como cessação do tabagismo, uso consistente de preservativos e vigilância ativa para identificar quaisquer lesões ou anormalidades no órgão genital são recomendadas pelo SBU.
Ruschi alerta que o diagnóstico precoce tem o papel fundamental na gestão eficaz do câncer de pênis. “A manifestação clínica se apresenta como uma lesão ulcerada ou vegetante, perceptível ao paciente. A orientação é clara: qualquer alteração suspeita deve ser prontamente avaliada por um urologista, pois um diagnóstico precoce aumenta significativamente as chances de tratamento bem-sucedido, com taxas de cura de cerca de 90%”, relata.
A importância do diagnóstico precoce não pode ser subestimada. Enquanto nas fases iniciais as opções de tratamento são menos invasivas e mais eficazes, nos estágios avançados, o prognóstico pode ser drasticamente reduzido.
Recentemente, campanhas de conscientização, como o Novembro Azul, têm contribuído para mudar a percepção e incentivar a busca por cuidados médicos entre os homens. O urologista Gustavo Ruschi atribui também a participação ativa de esposas e parceiras que desempenham um papel importante na identificação precoce das lesões. “Em suma, o câncer de pênis é uma realidade que deve ser enfrentada com vigilância, prevenção e conscientização”, finaliza.
