A Unimed Vitória perdeu R$ 165 milhões com o Infinity Asset, no qual investiu recursos de suas reservas técnicas
Redação
A Unimed Vitória perdeu R$ 165 milhões com aplicações no fundo Infinity Asset, que enfrenta sérios problemas de liquidez e está fechado para resgates, segundo informações apuradas pelo Valor Econômico. A cooperativa assegura que não há razão para preocupações, incertezas e insegurança.
Entre os 6.032 cotistas dos fundos da Infinity Asset, há cerca de 30 Unimeds que investiram recursos de suas reservas técnicas, entre elas a Unimed Piraqueaçu – também do Espírito Santo. As operadoras de planos de saúde são obrigadas a ter reservas para cobrir as despesas em caso de falência. O setor como todo tem provisões de 57 bilhões. Esses recursos podem ser imóveis ou dinheiro aplicado, em sua maior parte, em títulos do Tesouro.
“Os produtos da Infinity eram comercializados como produtos conservadores, no entanto, hoje sabe-se que eram operações de derivativos sem garantia e boa parte do lastro era a própria gestora, o que é infração grave”, diz a apuração do Valor.
O produto da Infinity, no qual estavam aplicados recursos da Unimed, era o Select, que era comercializado como fundo conservador, segundo apurou o Valor. Ele oferecia rendimentos acima do CDI e de aplicações concorrentes.
Desconfianças sobre a Infinity vieram em dezembro de 2022, quando a Anbima descredenciou a Asset justificando que seus fundos tinham partes relacionadas com o administrador da carteira. Entre 16 e 25 de maio, a Asset teve R4 455 milhões de prejuízo.
A perda no fundo pode levar a Unimed Vitória a ficar desenquadrada nas regras de provisões e ser colocada em direção fiscal, uma previsão in loco da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Ainda não se sabe com certeza o destino dos cotistas, se há alguma chance de recuperação dos recursos aplicados.
A cooperativa médica finalizou o ano de 2022 com um lucro líquido de R$ 1,5 milhão. Entretanto, considerando o desempenho nas operações, ocorreu um prejuízo de R$ 4,9 milhões. A receita somou o valor de R$ 1,76 bilhão e as despesas de R$ 1,73 bilhão.
Realocando valores
A Unimed Vitória informou por meio de nota que tomará todas as providências cabíveis para resguardar seus cooperados, beneficiários, colaboradores e prestadores., e assegura que não há razão para preocupações, incertezas e insegurança.
A atual diretoria, ao assumir a administração da cooperativa este ano, contratou uma empresa de auditoria financeira e contábil e está analisando todos os dados envolvendo a Infinity, informa a nota: “tudo está sendo acompanhado pessoalmente por todos os integrantes da Diretoria Executiva e pelos Conselhos de Administração e Fiscal da Unimed Vitória. Também estão sendo adotadas as medidas judiciais cabíveis, bem como ações internas para proteger a cooperativa”.
“O ativo garantidor junto à ANS é variável mês a mês em razão da alteração das provisões técnicas da operadora de saúde. Então, ela pode aumentar ou reduzir de acordo com as operações a serem realizadas. Sendo assim, o valor investido na Infinity representa 10% do total a ser lastreado por ativos garantidores junto à ANS pela posição em 31/05/2023.
“Estamos realocando valores de outros investimentos para repor esse percentual, caso haja necessidade de cobertura do lastro. Estamos preparados para lidar com esse desafio, lembrando que ainda iremos receber a proposta de recuperação da Infinity nas assembleias a serem realizadas no início de junho, quando apresentarão o planejamento de ressarcimento dos cotistas”, afirma o diretor-presidente da Unimed Vitória, Fabiano Pimentel.
