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sábado, 20 abril, 2024

Temer vai pedir suspensão do inquérito que o investiga

Suspensão: presidente afirmou que gravação de conversa com empresário Joesley Batista foi ‘manipulada’ com objetivos ‘subterrâneos’. 

O presidente da República Michel Temer voltou a falar com a Nação e, dessa vez, anunciou anunciou pedirá ao Supremo Tribunal Federal (STF) que suspenda o inquérito que o investiga.

A justificativa para o pedido, segundo Temer, seria uma suspeita adulteração no áudio utilizado como um dos indícios que justificaram a autorização do ministro Edson Fachin, do Supremo, para abertura do inquérito.

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“Li hoje no jornal ‘Folha de S.Paulo’ notícia de que perícia constatou que houve edição no áudio de minha conversa com o sr. Joesley Batista. Essa gravação clandestina foi manipulada e adulterada com objetivos nitidamente subterrâneos. Incluída no inquérito sem a devida e adequada averiguação, levou muitas pessoas ao engano induzido e trouxe grave crise ao Brasil.”

No pronunciamento do presidente, esse fato justifica a suspensão do inquérito. “Por isso, no dia de hoje, estamos entrando com petição no Supremo Tribunal Federal para suspender o inquérito proposto até que seja verificada em definitivo a autenticidade da gravação.”

Temer procurou desqualificar o relator. “Ele é um conhecido falastrão, exagerado. Depois, em depoimento, podem conferir, disse que havia inventado essa história, que não era verdadeira. Era fanfarronice que ele utilizava naquele momento.”

O presidente falou sobre o impacto econômico da denúncia. “O autor do grampo está livre e solto, passeando pelas ruas de Nova York. O Brasil, que já tinha saído da mais grave crise econômica de sua história, vive agora, sou obrigado a reconhecer, dias de incerteza. Ele não passou nenhum dia na cadeia, não foi preso, não foi julgado, não foi punido e, pelo jeito, não será.”

Em um pronunciamento de 12 minutos e meio no Palácio do Planalto, ele também reiterou que não deixará a Presidência da República. “Digo com toda segurança: o Brasil não sairá dos trilhos. Eu continuarei à frente do governo”.

STF

Ao final da tarde deste sábado, o ministro Edson Fachin anunciou que a determinação do prazo de até as 19 horas de domingo (21) para que a defesa de Temer apresente todos os pontos que consideram duvidosos no áudio apresentado. A gravação será periciada pelo Instituto Brasileiro de Criminalista.

A ministra Carmem Lúcia, que preside o Supremo, marcou para a próxima quarta-feira (24), a votação em Plenário para que seja decidido se suspendem ou não o inquérito de investigação contra Temer.

O procurador geral da República, Rodrigo Janot, declarou não haver necessidade alguma de suspender o processo, uma vez que o inquérito é aberto justamente para verificar a veracidade das denúncias e as respectivas provas, incluive com a realização de perícias.

OAB

O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) se reuniu neste sábado em Brasília e decidiu, por 25 votos a 1, ingressar com pedido de impeachment do presidente Michel Temer, na Câmara dos Deputados.

Cada voto representa a OAB de um estado ou do Distrito Federal (DF). A representação do Amapá foi a única a cotar contrária ao pedido e a do Acre, ausente, não votou.

Uma comissão  formada por seis conselheiros federais elaborou o relatório. “As condutas do presidente da República, constantes de inquérito do STF, atentam contra o artigo 85 da Constituição e podem dar ensejo para pedido de abertura de processo de impeachment”,descreve o documento.

Caso

Na noite de 7 de março deste ano, Temer recebeu o empresário Joesley Batista, dono do frigorífico JBS, na residência oficial do Palácio do Jaburu. O empresário gravou a conversa e, em seguida, apresentou a gravação a investigadores da Operação Lava Jato, da qual se tornou delator.

No pedido de abertura de inquérito ao STF, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou que a conversa indicava “anuência” de Michel Temer ao pagamento de propina mensal, por Joesley, para comprar o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB/RJ), preso em Curitiba pela Operação Lava Jato.

Joesley e Wesley Batista, além de Ricardo Saud, diretor da J&F, fecharam acordo de delação premiada com o Minsitério Público e entregaram aos investigadores da Lava Jato documentos, fotos e vídeos como prova das informações.

As delações já foram homologadas pelo Supremo Tribunal Federal. O sigilo das informações foi retirado e o conteúdo, divulgado.

Declarações

“O autor do grampo relata dificuldades e eu simplesmente as ouvi. Nada fiz para que ele obtivesse benesses do governo, não há crime em ouvir reclamações e me livrar do interlocutor indicando outra pessoa ouvir suas lamúrias. E confesso que o ouvi como ouço empresários, políticos, trabalhadores, intelectuais e pessoas de diversos setores da sociedade no Palácio do Planalto, no Palácio do Jaburu, no Palácio da Alvorada e em São Paulo.”

“Quero lembrar da acusação de que eu dei aval para a compra de um deputado. Não existe isso na gravação, mesmo tendo sido adulterada. E não existe porque eu não comprei o silêncio de ninguém.”

“Tenho crença nas instituições brasileiras e nos seus integrantes. Devo registrar que é interessante quando os senhores examinam os depoimentos, os senhores verificam que a conexão de uma sentença a outra diz: ‘Estou comprando o silêncio de um deputado e estou dando dinheiro a ele’. A frase é ‘Estou me dando bem’, e eu digo: ‘Mantenha isso, viu?’. Por isso, devo dizer que não acreditei na narrativa do empresário de que teria segurado juizes etc.”

“Antes de entregar a gravação, [Joesley] comprou US$ 1 milhão porque sabia que isso provocaria caos no câmbio. Sabendo que a gravação também reduziria o valor das ações de sua empresa, as vendeu antes da queda da bolsa. Não são palavras minhas apenas. Os fatos estão sendo investigados pela Comissão de Valores Mobiliários. A JBS lucrou milhões e milhões de dólares em menos de 24 horas.”

Pronunciamento anterior

Na última quinta-feira (18), Temer já havia feito um pronunciamento à imprensa, quando afirmou que não iria renunciar. Ele parecia mais irritado que hoje e afirmou que seu governo passou, em menos de uma semana, pelo pior e melhor momento.

O melhor momento com indicadores econômicos e de confiança de mercado melhores na última segunda-feira (15), apontando sinais de retomada de crescimento. Já o pior, diante da denúncia que desestabilizou novamente o país, a ponto de se falar em intervenção no Congresso.

Naquela data, o presidente não respondeu à nenhuma pergunta da imprensa. O mesmo procedimento foi adotado neste sábado.

Imagem: Reproduçao WEB

 

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