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sábado, 27 abril, 2024

Retrospectiva 2022 – Segurança: O ano do atentado em Aracruz

Ataque feito a duas escolas por um garoto de 16 anos chocou o país; Debates sobre a segurança nas escolas e a urgente atenção à saúde mental foram reacesos 

Naquela sexta-feira, 25 de novembro de 2022, certamente ninguém imaginava o que estava para acontecer no município de Aracruz, a 85 km ao norte da capital capixaba. Todo o Estado estava ainda envolto na alegria com o desempenho do capixaba Richarlison na estreia do Brasil na Copa.

De repente, os dois gols do Pombo que garantiram a vitória sobre a Sérvia foram “soterrados” por uma tragédia que abalou não apenas a cidade, mas também todo o Brasil. Um garoto de 16 anos, filho de um policial militar, invadiu duas escolas (uma estadual e outra particular) e efetuou uma série de disparos. Ex-aluno de uma das unidades, o adolescente usou símbolos nazistas, o carro e as armas do pai – um revólver 38 e uma pistola ponto 40 – para cometer os crimes. Quatro vítimas morreram, e 12 ficaram feridas.

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Um misto de terror e comoção mobilizou as forças de segurança. O atirador, que fazia tratamento psiquiátrico, foi preso no mesmo dia e confessou que planejava o crime havia dois anos. Enxurradas de questionamentos vieram à tona. O que motivou o ataque? Como foi a infância desse garoto? Os pais têm responsabilidade sobre isso?

Debates foram reacesos com veemência. O primeiro deles incide sobre a redução da maioridade penal. Menor de idade, o atirador está submetido ao Estatuto da Criança e do Adolescente, e não ao Código Penal. Assim, se condenado à pena máxima, serão três anos de internação.

Também se passou a falar muito sobre a segurança nas escolas e a urgente atenção à saúde mental, que, de maneira geral, foi muito afetada na pandemia. Relatório da Comissão Nacional de Enfermagem em Saúde Mental (Conasem/Cofen) aponta que o nível de estresse e de sofrimento psíquico dos brasileiros “atingiu números alarmantes após a crise sanitária”.

Entraram ainda na lista de debates o livre acesso a armas e a ascensão do neonazismo. A Polícia Civil investiga o uso de insígnias nazistas durante o ataque. Nos últimos 20 anos, o Brasil registrou 12 ataques em escolas. Segundo o Instituto Sou da Paz, todos eles feitos por alunos ou ex-alunos da instituição de ensino invadida.

O ano termina sem muitas das respostas esperadas, mas é preciso reconhecer que as forças de segurança buscaram uma ação célere para prender o atirador.

Retrospectiva 2022 - Segurança: O ano do atentado em AracruzFurtos e roubos

A violência contra pedestres e usuários do transporte coletivo aumentou. Em 2022, de janeiro a outubro, 2.757 pessoas foram furtadas em vias públicas, 35,8% a mais do que registrado no mesmo período do ano passado (2.030 vítimas).

E os roubos nos ônibus, que em 2021 fizeram 1.347 vítimas nos três primeiros trimestres, neste ano totalizaram 1.653 pessoas (+22,7%) em igual intervalo.

Os furtos de veículos também subiram nesse período (3,3%), saindo de 3.672 unidades em 2021 para 3.794 em 2022. Mas a expectativa é que esse número diminua. Isso porque o Cerco Inteligente, que já tem se mostrado uma ferramenta eficaz no combate à violência, terá maior abrangência em 2023.

Cerco Inteligente

Após pouco mais de três meses do início da fase operacional, em agosto, o Cerco Inteligente alcançou o número de 130 veículos recuperados em todo o Estado.

 “O Cerco Inteligente tem sido responsável pela elucidação de alguns crimes que teríamos mais dificuldades caso não tivéssemos esses equipamentos. Em breve, teremos reconhecimento facial, o que ajudará na identificação de suspeitos. E com cada vez mais câmeras espalhadas pelo Estado, vamos trazendo mais segurança ao capixaba”, disse o governador Renato Casagrande.

Retrospectiva 2022 - Segurança: O ano do atentado em Aracruz

A tecnologia também tem sido fundamental nos trabalhos investigativos. No caso do sequestro relâmpago de um empresário, no estacionamento do Iate Clube, em Vitória, um conjunto de imagens envolvendo o Cerco Inteligente do Estado, o Cerco Eletrônico de Vitória e o sistema Alerta Brasil, da Polícia Rodoviária Federal (PRF), permitiu aos policiais localizarem o cativeiro, resgatar a vítima e prender dois bandidos.

Em novembro, o sistema já contava com mais de 600 câmeras em mais de 130 pontos. A previsão era encerrar o ano com mais 700 câmeras, totalizando 290 pontos de monitoramento.

“É um investimento muito forte, que começa a nos dar um grande retorno na segurança pública. Está sendo crucial para nosso trabalho, e cada dia mais vamos evoluindo no uso dessa tecnologia”, sublinhou o secretário estadual de Segurança Pública, coronel Marcio Celante.

Segurança rural

Em março deste ano, foi lançado o Plano Estadual de Segurança Rural, elaborado em conjunto com representantes da agricultura capixaba, integrando uma série de ações para aumentar a proteção à população do campo. O destaque está na criação de uma Delegacia Especializada em Crimes Rurais na Polícia Civil, que conta com núcleos de investigação em todas as regiões.

“A nova Delegacia Especializada vai atuar de forma integrada com outras agências de segurança não apenas no enfrentamento aos crimes rurais, mas também fará a articulação na área de inteligência e investigação dentro da Polícia Civil. Tudo para levar tranquilidade e paz social à população que vive no interior”, ressaltou o delegado-geral da Polícia Civil do Espírito Santo, José Darcy Santos Arruda.

O governador Casagrande destacou a “Operação Colheita”. “Somente no ano passado, foram mais de 20 mil visitas, durante seis meses, em 43 municípios. Esse é um trabalho importante que acrescenta muito ao Programa Estado Presente. E vamos seguir fazendo investimentos na segurança pública. De 2019 até agora, o Estado investiu R$ 1,5 bilhão em novas viaturas e armamentos, além de tecnologia e infraestrutura. Isso amplia a nossa
capacidade de resposta à criminalidade”, enumerou o governador do Estado.

Retrospectiva 2022 - Segurança: O ano do atentado em Aracruz
O Cerco Inteligente, que já tem se mostrado uma ferramenta eficaz no combate à violência, terá maior abrangência em 2023 – Foto: SESP

Segurança privada

Câmeras de videomonitoramento, alarmes, cercas elétricas e interfones com senha são alguns dos muitos equipamentos de segurança disponíveis no mercado e cada vez mais procurados pelas pessoas.

De acordo com um levantamento realizado pela Associação Brasileira das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança (Abese), o monitoramento residencial vem crescendo no país, considerado o 11º mais inseguro do mundo. Os dados da Came do Brasil, líder mundial em automação de controles de acesso, confirmam esse aumento de demanda. A partir do primeiro trimestre do ano passado, a elevação variou de 400% a 500% na procura pelos equipamentos de alta segurança vendidos pela multinacional.

Apesar da disparada na busca por sistemas eletrônicos, a Abese indica que o setor deve crescer 18% este ano. Isso porque pouco mais de 12 milhões de imóveis em todo o Brasil possuem alguma tecnologia de controle de acesso. Esse número representa somente 17% das habitações que podem receber essas soluções.

Os mais procurados

No Espírito Santo, da mesma forma que no restante do país, a atividade mais demandada em segurança privada é a de vigilância patrimonial. “É o carro-chefe. No Brasil, temos 495 mil vigilantes atuando com vínculo empregatício em 2.470 empresas regulares. Aqui no Estado, são 50 empresas autorizadas e três escolas de formação de vigilantes, que empregam 10.459 profissionais, sendo 9.457 homens e 1.002 mulheres”, destaca o presidente do Sindicato das Empresas de Segurança Privada do Estado do Espírito (Sindesp-ES), Edimar Barbosa.

No entanto, em todo o país, houve redução de 30 mil postos de trabalho, entre março/2021 e março/2022, num cenário que se repete desde 2019. E no Espírito Santo, entre janeiro e setembro de 2022, foram extintos 943 postos de trabalho de vigilantes.

Faturamento

O faturamento em 2021 foi de R$ 36 bilhões, sendo a margem de lucro desejada, da ordem de 5%. “Somos um dos principais pagadores de impostos do Brasil, garantimos sustento para quase meio milhão de famílias”, assinala Barbosa.

Ele defende que a expectativa de retomada do crescimento da atividade está diretamente ligada à aprovação do Estatuto da Segurança Privada no Congresso Nacional. “Além de trazer outras atividades para a segurança privada, vai possibilitar à Policia Federal combater a clandestinidade com mais rigor”, finaliza.

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