Segundo a peemedebista capixaba, o principal desafio na função será “trocar o pneu do carro com ele andando a 200 km por hora”
A senadora Rose de Freitas, que estava licenciada por causa de uma ameaça de AVC desde maio, assumiu nesta teça-feira (21), com o apoio do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB/AL), a função de líder do governo no Congresso. Uma decisão anunciada na noite de ontem (20), após uma reunião de aproximadamente três horas, com o presidente em exercício Michel Temer (PMDB).
Rose, que tem o apoio da bancada peemedebista, avisou que quer despachar, em caráter extraordinário, um pacote de medidas provisórias (MPs) com prazos vencidos, por isso já convocou, na manha desta terça mesmo, os líderes do Congresso para iniciar os trabalhos e instalar comissões. “Temer me pediu para que a gente possa agilizar as matérias. Me disse: ‘precisamos de mais agilidade nas votações’”, afirmou a senadora.
Segundo a nova líder do governo no Congresso, o principal desafio na função será “trocar o pneu do carro com ele andando a 200 km por hora”: “Não se pode mais fazer como se fez até hoje, na improvisação. As coisas precisam caminhar”, repetiu. Na pasta de projetos prioritários estão: criação do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), revisão de títulos negociáveis do agronegócio e revisão do programa “Brasil Carinhoso”.
Ela destacou que, embora o governo seja “provisório, não quer ter tal aparência”, daí a urgência em efetivar agendas anunciadas anteriormente. “É um governo provisório, mas, enquanto cumprir esse período, todas as medidas têm que ter grande alcance social e econômico. Não pode ser um governo precário. Precisamos oferecer instrumentos para o país sair da crise”, enfatizou Rose.
Segundo assessores políticos de Brasília, Temer anda reclamando bastante que os lideres da base aliada não estão fazendo uma boa defesa do Palácio do Planalto e das medidas
econômicas apresentadas pelo governo federal. Na semana passada, durante um jantar no Palácio do Jaburu, o presidente cobrou da base aliada um “discurso mais sólido” e de “maior combatividade”, e concordou em dar orientações à equipe ministerial para que forneça aos líderes informações e dados governamentais.
Por isso, o perfil de Rose teria pesado na escolha de Temer pela senadora, apelidada no Palácio do Planalto de o “Geddel de saias”, uma referência ao posicionamento direto e incisivo do ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo). Além de Rose, o nome da senadora Simone Tebet (PMDB/MS) chegou a ser cogitado, mas o Palácio desistiu por haver resistência interna de integrantes da própria legenda.
Rose de Freitas
Eleita senadora pela primeira vez em 2014, Rose foi a primeira mulher a presidir a Comissão Mista de Orçamento (CMO) do Congresso. Filiada ao antigo MDB desde os anos 1970, elegeu-se deputada estadual pelo Espírito Santo em 1982, pelo PMDB. Em 1986 foi eleita para a Câmara dos Deputados e foi deputada federal constituinte em 1988.
Em 2011, tornou-se a primeira mulher a ocupar um cargo titular na Mesa Diretora da Câmara dos Deputados.
Aliada do presidente do Senado Federal, Renam Calheiros, na presidência da CMO, em 2015, conduziu a aprovação, antes do final do ano, do Orçamento de 2016, o que foi visto como uma vitória do governo da presidente afastada Dilma Rousseff. Ela também encaminhou a análise que a comissão fez sobre as contas presidenciais de 2014, reprovadas com ressalvas pelo TCU (Tribunal da Contas da União).
A senadora sofreu um AVC no início de maio e, mesmo debilitada, fez questão de participar da sessão plenária que analisou a admissibilidade do impeachment de Dilma, e votou pelo afastamento temporário da presidente.
