Chuvas e calor
O início do ano foi marcado pelo aumento das chuvas nos quatro estados do Sudeste. A gravidade das enchentes deixou, mais uma vez, milhares de pessoas desabrigadas em diferentes cidades do Brasil. Nos municípios capixabas, foram quase 4.500 desalojados, além de dezenas de desabrigados.
As águas provocaram muitos estragos, mas o excesso de calor no final do ano também afetou o Estado. Uma das razões para o aquecimento é o fenômeno El Niño, que barra as frentes frias e eleva a temperatura do planeta. As temperaturas ficaram pelo menos
5ºC acima da média em boa parte dos estados das regiões Sudeste e Centro-Oeste, ultrapassando a marca de 44ºC e a sensação térmica de mais de 50ºC em muitos locais. Segundo institutos meteorológicos, 2023 é o ano mais quente em 125 mil anos.
No Espírito Santo, a Secretaria de Estado da Agricultura (Seag) informou que o El Niño impactou as condições climáticas do estado no último trimestre do ano, afetando inclusive o agronegócio.
E desde o final de novembro a Agência Estadual de Recursos Hídricos (Agerh) decretou Estado de Atenção sobre a situação hídrica no Espírito Santo e publicou uma resolução sobre o assunto considerando os efeitos do fenômeno, como a ocorrência de ondas de calor e o atraso no período de chuva.
Viagens inaugurais
Os portos do Estado foram destaque em 2023. No dia 29 de agosto, o Terminal Portuário de Vila Velha foi palco de um momento histórico, com a chegada do navio chinês Green Kemi, que trouxe 2.796 carros elétricos e híbridos das montadoras chinesas BYD e GWM. Essa foi a primeira viagem direta de um navio da China para o Espírito Santo transportando carros elétricos. A embarcação saiu do porto de Taicang no dia 18 de julho.
Dados do Sindiex apontam que chegaram ao estado, de janeiro a setembro deste ano, 32.273 veículos elétricos vindos da China – aumento de 70% em relação ao no mesmo período do ano passado (18.953 veículos). De Vila Velha, os veículos são transportados para outros estados, onde são entregues às concessionárias para comercialização.
Já no dia 22 de novembro foi a vez do Porto de Tubarão receber a viagem inaugural do navio Berge Olympus, um graneleiro adaptado e equipado com quatro velas rígidas. As velas utilizam energia eólica para reduzir o consumo de combustível e, com isso, as emissões de dióxido de carbono (CO2). O navio poupa em média seis toneladas de combustível por dia numa rota média mundial. Nesse ritmo, reduz as emissões de CO2 em cerca 19,5 toneladas por dia. A embarcação partiu da China em 1º de outubro e retornou ao país após um processo de carregamento de minério de ferro.
Expansão portuária
Em 13 de fevereiro, a empresa VLI e a Companhia Docas do Espírito Santo assinaram acordo de estudo para expansão do Porto de Vitória. O documento indicou a provável existência de oportunidade para investimentos em ferrovia, porto e terminais que atinjam até R$ 200 milhões, com o objetivo de aumentar o volume de cargas escoado pelo ativo.
Hoje, a VLI movimenta cerca de 25 milhões de toneladas anuais nos portos e ferrovias do Espírito Santo. O estudo estima um acréscimo de cerca de 5 milhões de toneladas de granéis sólidos minerais e vegetais à matriz de carga atual nos fluxos de importação e exportação do estado.
Lítio Verde
O dia 27 de julho registrou também um outro evento histórico: a primeira exportação do Brasil, pelo Porto de Vitória,
do lítio verde. O embarque compreendeu 15 mil toneladas do produto, com padrão triplo zero (zero carbono, zero rejeitos, zero químicos nocivos) e de 15 mil toneladas de subprodutos ultrafinos de alta pureza. Produzido no Vale do Jequitinhonha (MG) pela empresa Sigma Lithium, o lítio verde tem elevado nível de sustentabilidade industrial na fabricação de insumos para baterias de veículos elétricos. O destino da primeira remessa do produto exportado pelo Brasil foi a China.
15 anos de pré-sal
No dia 18 setembro, Jean Paul Prates veio a Vitória para comemorar uma data muito especial, um marco histórico que mudou os rumos da produção de petróleo e gás no Brasil: os 15 anos da extração do primeiro óleo do pré-sal, no campo de Jubarte, na porção capixaba da Bacia de Campos.
A produção do pré-sal brasileiro começou em setembro de 2008, no Espírito Santo, com a plataforma P-34. Ela já operava no pós-sal e foi adaptada para produzir o primeiro óleo do pré-sal, em mares capixabas.
Antes disso, no início de março, uma notícia bastante favorável à economia estadual: a sinalização do presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, de que o Plano de Investimentos da empresa trazia uma ampliação para os próximos anos de mais de 80% na produção diária de barris de petróleo no estado. Ele também sinalizou investimentos em energias renováveis e a possível construção de um polo de gás-químico e outro de fertilizantes. O Plano Estratégico da companhia para o período de 2023 a 2027 prevê investimentos de R$ 22 bilhões em projetos de exploração e produção no Estado, incluindo o navio-plataforma Maria Quitéria, que entra em operação em 2025.
Polo Norte Capixaba
No mês de abril, uma negociação comercial marcou o setor de petróleo no Espírito Santo. A Petrobras concluiu a venda, para a empresa norueguesa Seacrest, de quatro campos de produção terrestres reunidos no Polo Norte Capixaba, localizado nas cidades de Linhares, Jaguaré e São Mateus. A operação foi concluída com o pagamento à vista de US$ 426,65 milhões para a Petrobras, que também recebeu US$ 35,85 milhões no dia da assinatura do contrato, em 23 de fevereiro do ano passado.
Venda da ES Gás
No dia 31 de março, o Estado conclui a venda da ES Gás, empresa de economia mista responsável pela distribuição do gás natural canalizado no Espírito Santo. A Energisa S.A. venceu o leilão com a proposta de R$ 1,423 bilhão, 7,28% acima do mínimo estipulado pelo edital – R$ 1,326 bilhão. A empresa chegou ao valor após disputa de 27 lances dos participantes. O Governo do Estado definiu que parte dos recursos obtidos com a venda seria destinada a um fundo estadual de infraestrutura. O contrato de concessão para operar o serviço vai até 2045. Mas já em julho, apenas quatro meses após essa operação, o Grupo Energisa anunciou que vai expandir sua rede de distribuição de gás natural no estado a partir do mês que vem, janeiro de 2024. São projetos de R$ 160 milhões já aprovados pela Agência Reguladora Estadual de Serviços Públicos (ARSP).
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