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sábado, 4 maio, 2024

Restaurante São Pedro completa 70 anos

Considerado o berço da moqueca capixaba, o restaurante celebra sete décadas de tradição

Por Next Editorial

Ao completar 70 anos, o Restaurante São Pedro, situado na Rua Desembargador Ferreira Coelho, 98, na Praia do Suá, construiu uma história de inovação, muito trabalho e delícias memoráveis. Inovação porque, nos anos 1940, moqueca e torta capixaba só se comia m na casa de famílias tradicionais, como os Grijós, que moravam no Forte de São João, entre outras.

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Com o Restaurante São Pedro e outros que vieram mais tarde, nossa culinária se tornou conhecida e passou a ser valorizada internacionalmente. Ele foi criado pelo casal Hercílio Alves da Silva e pela descendente de italianos Almerinda Corina da Silva (nascida Castiglione Avanza), a partir do armazém da família, na Praia do Suá, em 22 de novembro de 1952.

O mineiro Hercílio Alves da Silva nasceu em Conceição do Mato Dentro, no dia 24 de outubro de 1909 e morreu em 15 de junho de 1995, em Vitória. Perdeu o pai muito jovem e, por volta dos dez anos, juntou-se aos irmãos mais velhos, que eram tropeiros, responsáveis pelo comércio no interior de Minas e do Espírito Santo.

Em Vitória, trabalhou nas Casas Pernambucanas, onde conheceu João Castiglione Avanza e sua irmã, Almerinda Corina Avanza, que ajudava a mãe, a italiana Júlia Castiglione, na costura. Ele contava que se apaixonou pelas “pernas” dela. Casaram-se em março de 1935.
Inicialmente moraram no Centro, na região da Fonte Grande. Já na década de 40, montaram um armazém de Secos & Molhados na Rua Vila Velha, antiga Desembargador Ferreira Coelho, na Praia do Suá. Era o Armazém São Pedro, que tinha de tudo, de utensílios a gêneros alimentícios, e chegou mesmo a prosperar. No início dos anos 50, o armazém criou uma ‘sala de almoços’ para atender os trabalhadores da Companhia Porto de Vitória, que realizava o aterro de Bento Ferreira.

moqueca capixaba
Restaurante São Pedro é considerado o berço da moqueca. Foto: Divulgação

Dos pratos servidos, a moqueca capixaba foi o que mais se destacou. E logo os frequentadores começaram a pedir que o prato se repetisse em outros dias. Devido à demanda, em 23 de novembro de 1952, Hercílio fundou o Restaurante São Pedro, especializado em moqueca capixaba. O sucesso da comida de dona Almerinda foi imediato: em poucos meses se formavam filhas em frente ao restaurante, que teve que ser ampliado por meio de um “puxadinho” feito de lona.

Com o Restaurante, a Praia do Suá progrediu. O governador Chiquinho, frequentador habitual do São Pedro, mandou pavimentar as ruas principais do bairro. Todas as autoridades que chegavam a Vitória iam comer no São Pedro, políticos, artistas, empresários e também muitos turistas. Todos se encantavam com a moqueca capixaba, servida na capixabíssima panela de barro. Para que o prato chegasse ainda fumegante à mesa, Hercílio criou, junto com um serralheiro do bairro, um tripé de ferro capaz de funcionar como um suporte para o pesado prato.

Em julho de 1962, igualmente devido à demanda, o Restaurante São Pedro precisou ser ampliado. Foi quando ele adquiriu a configuração atual, ocupando os 700 metros quadrados do terreno, com um salão de 70 metros quadrados ao lado de um jardim de igual tamanho e um quintal com árvores e lavanderia.

Os pescadores da Praia do Suá gostavam de trabalhar com seu Hercílio, que comprava antecipadamente os melhores peixes para garantir a matéria-prima do Restaurante São Pedro. Ele teve um papel importante junto à colônia de pescadores. Ajudou muitos a adquirirem motor para o barco, por meio de empréstimos e compra antecipada dos produtos pescados. Ficou amigo dos pescadores em geral e ajudou a criar o Recreio Futebol Clube, onde a garotada se divertia. Também participou, com Almerinda, da construção da Igreja dedicada ao Santo dos Pescadores e das festas de São Pedro, no final de junho.

Seu Hercílio trabalhou até mais de 80 anos no Restaurante e manteve amizade e afeto por muitos de seus clientes, vizinhos, funcionários e ex-funcionários. Ele morreu em junho de 1995, aos 85 anos, dezoito anos depois de Almerinda ser levada por seu segundo enfarte.

A filha mais velha, Ruth Alves da Silva, assumiu a direção do São Pedro e ficou no comando do restaurante desde então. Comércio era especialidade de Ruth. Desde muito nova ajudava a família tanto no armazém, como no Restaurante, apesar de ter se formado professora de Educação Física. Foram mais de 25 anos à frente do restaurante, com reforma da recepção, do bar, da antiga geladeira redesenhou o balcão da recepção e o lay out do piso e modernizou os banheiros. Ruth comemorou o aniversário de 50 anos do Restaurante com uma festa em que reuniu muitos amigos antigos e boa parte dos antigos moradores da Praia do Suá, amigos do restaurante e da família.

Em 2010, o sobrinho Victor, Victor José Curry Carneiro, começou a ajudar Ruth na lida com o restaurante. Uma das primeiras iniciativas foi instalar um computador. Aos poucos ele foi assumindo a direção do restaurante, Quando Ruth quebrou o braço, em 2020, e também devido ao início da pandemia de Covid, que a manteve mais isolada, Victor assumiu de vez a liderança do São Pedro.

Pegou uma barra. Com a pandemia, os restaurantes simplesmente não podiam abrir. O restaurante ficou três semanas fechado para os clientes e teve que desenvolver um sistema de entrega de moquecas e outros pratos.

A primeira grande inovação de Victor foi inserir o São Pedro nas mídias sociais na busca de renovar a clientela do Restaurante. Facebook, Instagram. Busca de interação com os clientes por meio de sorteios. Também investiu no desenvolvimento dos fornecedores para aperfeiçoar o processo de produção da tradicional moqueca capixaba. Segundo ele, quando são utilizados bons produtos, o resultado sempre tende a ser bom.

Investiu também na qualidade da cachaça e da sobremesa. Acrescentou, com sucesso, risoto de camarão no cardápio e tem como próximo objetivo, automatizar todo o processo de atendimento.

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