Coach futurista aponta os caminhos para empresas e profissionais sobreviverem às transformações cada vez mais dinâmicas no mundo.
Em cerca de 20 anos, 40% das empresas hoje em atividade vão desaparecer, junto com o mundo linear no qual vivemos, que também deixará de existir. Para fazer essa previsão, não foi preciso usar bola de cristal ou ler cartas de tarô. Basta entender as transformações que estão acontecendo em velocidade cada vez mais rápida no planeta. Decifrar as mudanças provocadas pela era 4.0 – a chamada “4ª Revolução Industrial” – novo tem sido a missão dos futuristas. São especialistas que ajudam empresas e profissionais a se adaptarem e sobreviverem a esse admirável mundo novo. Sem adivinhação nem esoterismo.
“O futurista não é adivinho. Ele não sabe como vai ser o futuro. Senão seria um profeta”, afirma Jaqueline Weigel, coach e educadora futurista. “O futurismo é uma disciplina nova, que estuda ciência, tecnologia, tendências, padrões, evidências e mudanças sociais e estruturais na sociedade e no mundo dos negócios. Por meio da análise de todos esses pontos, o futurista imagina cenários possíveis de acontecer e ajuda as pessoas a tomarem as melhores decisões no presente para se preparar para o futuro”.
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Com experiência corporativa, Jaqueline Weigel atua como business coach há 12 anos e hoje concentra seu trabalho nos ecossistemas de inovação e empreendedorismo do Brasil. E inovação, segundo a futurista, é a palavra que dita os novos rumos do mundo.
“A população do mundo está aumentando de 7 bilhões para 10 bilhões. O planeta não suporta essa quantidade de pessoas da forma como funciona hoje. É preciso pensar novas formas de produzir, de manufaturar, de fabricar alimentos”, alerta Jaqueline.
Inovar, explica a futurista, é criar o inesperado. Oferecer ao mercado algo que ele não espera, por um preço baixo e acessível a milhares de pessoas. Algo que empresas e profissionais, na opinião da futurista, só conseguirão de uma forma: sendo disruptivos. Ou seja, promovendo mudanças bruscas na forma padrão de funcionar e agir.
Pequenos X Grandes
Foi assim que, por exemplo, a Netflix sepultou as locadoras de vídeo, oferecendo acesso online a filmes e séries por meio de pagamento de assinatura mensal.
“Pequenas empresas estão tirando grandes players do mercado”, destaca Jaqueline Weigel. “A primeira missão para as grandes corporações é a transformação digital. Digitalizem-se. Somos a última geração off-line”.
Atualmente, há 2,5 bilhões de pessoas conectadas no mundo. A previsão é de que, até 2025, 100% da população esteja ligada na era digital. Daí vem a obrigação de as empresas deixarem de ser lineares.
“Hoje, ainda há empresas que são como grandes transatlânticos: difíceis de manobrar, lentas e burocráticas. Essas corporações, que sempre tiveram os melhores CEOs e o maior número de funcionários, ficaram obsoletas. Estão sendo ultrapassadas por pequenos barquinhos, ou seja, as startups”, afirma Jaqueline.
Para não afundarem, esses “transatlânticos”, na visão da futurista, precisam se adaptar ao mundo da tecnologia exponencial.
Crescimento e inovação
“Exponencial significa explosão, um crescimento muito acima do comum. É um termo que vem da computação, da Lei de Moore, que mostrou como os computadores passavam a ter o dobro de capacidade a cada 24 meses”, detalha a futurista. “A velocidade das transformações vem tornando o mundo exponencial”.
No caso de uma empresa, aponta Jaqueline, ser exponencial é não ter planejamento estratégico, não possuir sede nem empregados. “As empresas exponenciais são aquelas que já nascem adaptadas a essa nova era: sabem que têm um tempo de vida e, depois, elas mesmas se implodem”, descreve a futurista.
Como as grandes empresas não querem ficar para trás em meio às transformações e nem pretendem se implodir como fazem os empreendedores exponenciais após um período, Jaqueline orienta outra opção de caminho: tornarem-se híbridas.
“As grandes empresas devem manter o que existe, mas não apostar mais todas as suas fichas apenas nisso. É importante abrir uma porta para a inovação para tornarem-se híbridas. Ao mesmo tempo, devem começar a estudar a disrupção”, ensina a futurista. “Quem não fizer isso vai pagar um preço alto”.
Mudanças
Da mesma forma, a transformação na empresa não pode ocorrer pela metade, nem na base do improviso, deixa claro Jaqueline: “Não basta colocar uma startup e achar que, com isso, a empresa está se transformando digitalmente. Isso é insuficiente porque a disrupção não estará partindo das mentes que controlam a corporação. O modelo mental pode até se tornar criativo, mas jamais será exponencial nesse caso”. O alerta feito para as empresas também vale para os profissionais.
“Se tudo está mudando, não é o nosso emprego que vai continuar igual. Mas vão surgir milhares de oportunidades”, garante a futurista. “A carreira passa a ser mais importante do que o emprego. A vida será feita de experimentações. A pessoa poderá ser fotógrafo de manhã, professor à noite e DJ no fim de semana. Além de mudar de profissão e função diversas vezes ao longo dos anos”.
Profissionais do futuro
Diante dessa transformação, Jaqueline aponta os três tipos de profissionais que deverão existir no futuro: o líder da transformação na empresa nova, o empreendedor e o freeworker.
“Os freeworkers serão os grandes trabalhadores livres, aqueles que não querem mais ficar encoleirados em empresa nenhuma. Tenderão a ser profissionais muito mais felizes, capazes de produzir muito mais”, assegura a futurista.
E toda essa transformação ainda é só o começo, adverte Jaqueline, em mais um exercício de futurismo: “Toda essa mudança que está acontecendo não vai se estabilizar nos próximos anos. Há muita transformação ainda por vir”.
Tantas mudanças podem até assustar alguns. Porém, a futurista assegura que não há nada a temer: “Só os ignorantes têm medo do futuro. As oportunidades serão maiores que as ameaças”.
Esta matéria foi publicada originalmente em 22 de novembro de 2017 no portal da Revista ES Brasil. As pessoas ouvidas e/ou citadas podem não estar mais nas situações, cargos e instituições que ocupavam na época, assim como suas opiniões e os fatos narrados referem-se às circunstâncias e ao contexto de então.