A Findes acredita que a valorização das commodities pode favorecer alguns setores da indústria capixaba apesar do cenário
Por Amanda Amaral
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) revisou para baixo as projeções sobre crescimento do Brasil e da indústria. Se o cenário se confirmar, será a sétima vez, em dez anos, que a indústria nacional encolhe. De acordo com a Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), apesar do quadro de recessão, a valorização do preço das commodities pode favorecer alguns setores da indústria.
A previsão para o Produto Interno Bruto (PIB) do país agora é de 0,9%, uma queda em relação à anterior de 1,2%, e a indústria deve recuar 0,2% neste ano. A projeção era de crescimento de 0,5%. As informações são do Informe Conjuntural do 1º trimestre.
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Guerra e Ômicron
Os dois principais motivos para os cálculos mais pessimistas da CNI em relação à economia nacional são: a guerra na Ucrânia e a variante Ômicron, que têm causado novas interrupções de produção na China, em importantes centros industriais e problemas logísticos.
Tanto as sanções comerciais e financeiras impostas por vários países ocidentais sobre a Rússia quanto a nova variante da Covid-19 contribuíram para a persistência dos desarranjos nas cadeias produtivas. Para a CNI, a guerra tem, ainda, o agravante econômico de pressionar para cima o preço dos fretes internacionais devido à alta do petróleo e de várias outras commodities, em especial de alimentos.
Expectativas da Indústria Capixaba
Para a economista-chefe da Findes e gerente-executiva do Observatório da Indústria, Marília Sílva, a produção industrial capixaba é sensível não somente à demanda interna, mas também à demanda externa.
“Logo, os grandes setores industriais tendem a responder às dinâmicas dos mercados mundiais, tais como as atividades de petróleo e gás natural, da metalurgia e de papel e celulose. Com a recuperação das atividades econômicas mundiais em 2021, a indústria capixaba foi bastante beneficiada com as vendas externas”, explicou.
Valorização das Commodities
Para 2022, com a expectativa de um menor crescimento econômico global, devido à guerra na Ucrânia e à lentidão na normalização das cadeias produtivas, o volume de produção do setor no estado pode ser afetado, segundo a economista.
“Por outro lado, a recente valorização dos preços internacionais das commodities industriais tende a ser um fator de favorecimento às indústrias capixabas. Ou seja, o menor volume produzido e vendido – a depender do setor – pode ser compensado pelo aumento do valor das vendas”, afirmou.
É o caso, por exemplo, do minério de ferro, exportado do Espírito Santo para outros países do mundo, entre eles, a China. A previsão de especialistas, incluindo o JPMorgan, é de que os preços continuem subindo este ano. A projeção do banco até final de 2022 é de US$ 139. Entre os motivos para a alta, incertezas com relação a produção na Ucrânia e o aquecimento do mercado imobiliário na China.
Com informações da CNI.