Poucos consumidores se informam sobre a carga tributária embutida nos produtos vendidos para a Páscoa

Por Amanda Amaral 

Até domingo (09), quando se comemora a Páscoa, muitos capixabas irão as compras para o feriadão prolongado. Contudo, os consumidores devem se atentar para o valor do imposto embutido nas mercadorias, o que pode elevar o preço final da aquisição.

No caso do vinho importadado, muito procurado nesta época do ano, mais da metade do seu valor (59,73%) é destinado ao pagamento de tributos. Ao contrário do vinho nacional, no qual os impostos embutidos representam menos da metade do seu preço final (44,73%).

IBEVAR-FIA Business School divulgou recentemente um estudo – cobrindo o período 2016/2023, apontando que as vendas de bacalhou vêm caindo acentuadamente, sendo que, na Páscoa de 2023, devem ser quase 40% menores do que em 2017. De acordo com o levantamento, há vários motivos para a queda, porém o bombom da iguaria subiu 150% de preço, enquanto que no mesmo período, o rendimento médio real do pessoal ocupado encolheu 3%.

Por isso, é importante o consumidor avaliar a aquisição de produtos importados. No caso do peixe norueguês, por exemplo, 43,78% de seu preço final são tributos. Já com relação aos demais peixes, o percentual do imposto gira em torno de 34,39%.

Pesquisa de preço

Já no caso do chocolate, o impacto é menor, 39,61%, se for um ovo de Páscoa, menor ainda (38,53%). O advogado tributarista Samir Nemer ressalta que, para economizar, além de avaliar o percentual de tributos incluídos nos produtos e alimentos que serão comprados, é sempre válida a dica tradicional de pesquisar o preço.

“São dois pontos de igual importância. Tão importante quanto procurar promoções é saber quanto de imposto pagamos em cada item, pois esse percentual também pode deixar a Páscoa mais salgada. Poucos consumidores param para pensar sobre a carga tributária embutida nos produtos, na hora da compra. É importante conhecer esses valores para também para cobrar dos nossos governantes o uso desses impostos”, disse.

Serviços na Páscoa

Para facilitar, muitas famílias preferem almoçar fora de casa na Sexta-feira Santa, comemorada dia 07, e no domingo. E mesmo fugindo da cozinha, não é possível escapar do pagamento dos tributos. Isso porque, além da inclusão de impostos no preço final dos alimentos da refeição, há também a tributação que equivale a 32,31% do total cobrado na conta.

Quem pensa em viajar e aproveitar o feriado também esbarra na mesma situação. No caso da hospedagem, 29,56% do seu preço final corresponde a impostos e nas passagens aéreas, o percentual corresponde a 22,32%.

Tributação brasileira

Samir Nemer explicou que a tributação brasileira é, de modo geral, focada sobre o consumo e não sobre a renda que o cidadão ganha. “São vários tributos que incidem nos produtos que consumimos e, como eles estão embutidos no valor final, nem sabemos ao certo o que e quanto estamos pagando. O modelo ideal de sistema tributário seria inverter essa lógica: colocar o enfoque sobre a renda e menos sobre o consumo”, frisou o advogado. Nemer explica que o sistema tributário brasileiro também atua com o chamado  princípio da essencialidade: “isso significa que, quanto mais essencial for o produto, menor a carga tributária. Mas, quanto mais supérfluo, maior a carga”.

Tributação dos chocolates

Já no caso do chocolate, o impacto é menor, 39,61%, se for um ovo de Páscoa, menor ainda (38,53%). O Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) divulgou em seu site que, apesar das altas alíquotas sobre os produtos adquiridos na Páscoa, o Leão pretende abocanhar ainda mais imposto do bolso do brasileiro. De acordo com a entidade, haverá aumento na tributação nos chocolates a partir de primeiro de maio deste ano. O IBPT aconselha o consumidor a pesquisar atentamente os preços dos produtos se quiser economizar.

Confira a tributação incidente sobre os principais produtos adquiridos na Páscoa:

Vinho importado – 59,73%
Vinho nacional – 44,73%
Refrigerante de garrafa – 44,55%
Bacalhau importado – 43,78%
Cerveja – 42,69%
Chocolate – 39,61%
Colomba pascoal de chocolate – 38,68%
Ovo de Páscoa – 38,53%
Bombom – 37,61%
Peixes – 34,39%
Coelho de pelúcia – 29,92%
Arroz – 17,14%
Pão francês – 16,86%
Cebola – 15,83%
Batata – 11,22%
Almoço em restaurante – 32,31%
Hospedagem – 29,56%
Passagem aérea – 22,32%

Fonte: Site Impostômetro.