Dieta com alimentos do dia a dia proporciona melhor qualidade de vida a pacientes com a doença
Não estamos falando de obesidade e sim de uma doença inflamatória crônica no tecido gorduroso que atinge 11% da população brasileira, principalmente mulheres, e tem relação com fatores genéticos e hormônios. Mesmo não tendo cura, o Lipedema deve ser tratado com uma equipe multidisciplinar e a nutrição é a grande aliada nesse processo.
Um exemplo disso é a farmacêutica Priscila Almeida Alvez que durante um processo de emagrecimento foi diagnosticada com Lipedema. “Eu sempre tive dificuldade em perder a gordura localizada da perna e não sabia do problema. Hoje, depois do acompanhamento nutricional, com uma dieta específica com alimentos anti-inflamatórios minha vida mudou”, relata Priscila.
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A farmacêutica explica que quando a filha encostava na sua perna ela gritada de dor. “Eu não conseguia tocar no local e agora seguindo a dieta certinha não sinto mais dor. A nutrição foi a virada de chave na minha vida, sem precisar ingerir medicamentos.” A dieta anti-inflamatória é primordial para garantir o bem-estar de quem vive com a doença. E não são alimentos caros ou raros que devem ser ingeridos.
A nutricionista Rayanne Pimentel explica que preza pelo consumo de alimentos fáceis, do dia a dia. “Durante o tratamento de nutrição cuidamos do problema com um conjunto de ações, passando por hábitos alimentares, estilo de vida, fisiologia como na saúde intestinal, depois vem a qualidade do sono e o tratamento do stress e ansiedade. Tudo isso com a alimentação”, explicou Rayanne.
Diagnóstico
O diagnóstico é clínico, feito por meio da história clínica da paciente e do exame físico, outros exames podem ser solicitados para descartar outras doenças. O lipedema pode ser classificado em cinco tipos diferentes, conforme a localização, e em 4 estágios, considerando a gravidade da doença. O tratamento deve ser individualizado e multidisciplinar.
Importante dizer que a paciente com Lipedema sente dores e forte sensibilidade nas regiões afetadas como quadris, nádegas, pernas e tornozelos. Por isso a necessidade de uma dieta anti-inflamatória, melhorando significativamente os sintomas. Para fazer o corpo reagir ao processo inflamatório, a profissional trabalha com cinco principais alimentos usados na rotina de todo mundo, respeitando a particularidade de cada paciente: cúrcuma; frutas vermelhas; alho; alecrim e azeite extravirgem.
De acordo com a nutricionista, esses alimentos têm nutrientes como antocianinas que ajuda a manter a imunidade fortalecida e o organismo mais protegido e compostos fenólicos, presentes em azeite de oliva, capazes de exercer efeitos preventivos e curativos em distúrbios fisiológicos no ser humano, devido à sua ação antioxidante não enzimática.
Rayanne salienta que não é preciso nenhuma alimentação fora do comum para garantir o controle da doença. “Quando a paciente segue a receita com responsabilidade, no primeiro mês ela já consegue sentir uma diferença no alívio dos sintomas como as dores e sensibilidade, lembrando que é preciso conciliar a dieta com a prática de exercício físico. E ao final de 4 meses é possível dar alta nutricional à paciente, seguindo o protocolo que criei, quando ela já tem consciência de todo o processo que precisa ser feito e o que tem que seguir”, ressalta Rayanne.
O protocolo criado pela nutricionista, nomeado como “Nutressencia”, possui 4 pilares para melhora da qualidade de vida do paciente, sendo o primeiro a sabedoria, quando promovo o autoconhecimento e o início do processo de desinflamação. Na segunda consulta começo o pilar da energização que é o cuidado com o intestino para desenvolver uma melhor absorção dos nutrientes e outros aspectos. Hoje a saúde do intestino é primordial.
No terceiro momento, Rayanne trabalha o equilíbrio que lida com a modulação do sono que está ligado ao tratamento. E o último pilar é a liberdade. Se o paciente tiver evoluído muito bem é dado alta.
Sinais da doença
- Corpo desproporcional, com a parte inferior maior que a superior
- Dores locais
- Peso nas pernas
- Inchaço
- Hematomas
- Dificuldade para subir escadas e/ou andar
- Dificuldades e desconforto para usar calças
- Não obter resultados com a inserção de dietas e exercícios físicos
Outros Tratamentos
Outros recursos, além de uma reeducação alimentar, a serem apresentados às pessoas que sofrem com a condição do lipedema são os tratamentos clínico e cirúrgico.
O clínico inclui dieta balanceada e personalizada, considerando as particularidades da paciente e iniciando pela inclusão de alimentos anti-inflamatórios; exercícios físicos de baixo impacto, especialmente atividades aquáticas. Além disso, inclui-se drenagem linfática e uso de meias de compressão.
Já o cirúrgico é feito com lipoaspiração e deve ser realizado por médico habilitado, como o cirurgião plástico.
Independentemente do tratamento, é essencial a assistência de uma equipe multidisciplinar, formada por angiologista e cirurgião vascular, cirurgião plástico, dermatologista, ginecologista, endocrinologista, nutricionista, fisioterapeuta e, em alguns casos, psicólogo.